A emissão de gases causadores de efeito estufa no país aumentou 7,8% no ano passado, na comparação com o ano de 2012. O levantamento mostra que houve uma mudança de trajetória negativa para o país, uma vez que, de 2011 para 2012, havia sido registrada queda de 4,7%.
Os dados fazem parte do inventário divulgado na quarta-feira (19), na capital paulista, pelo Observatório do Clima, uma rede formada por várias organizações da sociedade civil que atuam em mudanças climáticas, entre elas Greenpeace, SOS Mata Atlântica , WWF Brasil e Instituto Socioambiental.
Segundo o estudo, as emissões passaram de 1,46 gigatonelada (Gt) em 2012 para 1,57 Gt em 2013, considerando todo o Brasil. Todos os setores responsáveis pelas emissões apresentaram crescimento, com destaque para o setor da energia (7,3%) e do desmatamento (16,4%).
De acordo com Tasso Azevedo, coordenador técnico do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, a perspectiva para os setores, que incluem agropecuária, energia, desmatamento, indústria e resíduos (lixo e esgoto), é crescimento na emissão de gases nos próximos anos.
“As projeções baseadas em dados do ano passado apontavam 1,7 Gt em 2020, sendo que a meta era não passar de 2 Gt. A gente refez essa trajetória, conforme o comportamento atual, e ficou em 2,2 gigatoneladas toneladas em 2020”, disse ele.
O estado que mais contribui para a emissão de gases no ano passado foi o Pará, seguido por Mato Grosso, devido ao desmatamento e à atividade agropecuária. Descontados esses dois setores relacionados ao uso da terra, despontam como maiores emissores os estados de São Paulo, Minas Gerais e do Rio Grande do Sul.
A emissão per capita no país foi 7,8 toneladas, uma redução drástica ao longo dos anos, já que, em 1995 a emissão era 18 toneladas per capita. A redução está relacionada com a queda do desmatamento na Amazônia, mas está, ainda, distante do ideal, um patamar entre 1 e 3 toneladas per capita.
De acordo com André Ferretti, coordenador do Observatório do Clima, as emissões brasileiras representam 3% do total das emissões globais. O país tem 2,8% da população do planeta e responde por 5% do território. Os números, para ele, são satisfatórios, já que, em 2004, o país respondia por 6% das emissões mundiais.
“A gente vem mostrando que o Brasil fez um grande esforço e diminuiu as emissões, mas o objetivo do Observatório com essas estimativas é que possamos detectar tendências, e tentar corrigir ou pensar em novas políticas públicas”, declarou.
Por Fernanda Cruz, da Agência Brasil.
Publicado no Portal EcoDebate, 21/11/2014
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