0 de novembro de 2014
(da Redação da ANDA)
Cerca de 200 periquitos foram encontrados mortos no meio-fio da avenida Efigênio Sales, situada na cidade de Manaus (AM), na quinta-feira (27). Quarenta aves foram recolhidas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) para serem submetidas a exame toxicológico, que apontaria se foram vítimas de envenenamento No entanto até o momento o órgão nao divulgou laudo e afirma não haver previsão para os resultados ficarem prontos. Uma das aves foi recolhida ainda com vida do local, mas morreu horas depois.
Uma testemunha, que não quis ser identificada, relatou ao G1 ter visto na noite da quarta-feira (26) um homem mexendo na árvore e no chão próximo ao local onde os animais foram posteriormente encontrados. Ela afirmou acreditar que se tratasse de veneno.
A técnica de enfermagem Janete Fernandes, 60, que mora na área há três anos, também acredita ser um caso de envenenamento. Para ela, o canto dos pássaros, pela manhã, chega a incomodar alguns vizinhos.
Para o aposentado Omar Encarnação, 61, que também acredita na possibilidade de envenenamento, uma multa deveria ser aplicada aos responsáveis. “Em Belém, onde moro, durante o Círio de Nazaré, por causa dos fogos, o órgão de proteção ao meio ambiente aplica uma multa de cinco reais por pássaro encontrado morto. Aqui, deveriam fazer a mesma coisa, esses pássaros estão aqui muito antes de nós”, disse o turista.
Árvores com telas contra pássaros
Os animais mortos foram encontrados nas proximidades do Condomínio Residencial Ephygênio Salles, onde, em janeiro de 2012, telas de proteção foram instaladas nas copas de palmeiras situadas em frente ao local.
Na época, o chefe da fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Wellington Alzier, havia informado que a tela de proteção impedia que aves, que todos os dias pousam no local, destruíssem as copas das palmeiras.
A ação foi repudiada por representantes de ONGs de proteção dos animais. Na ocasião, a Semmas informou ainda que, após um mês, seria realizada a retirada das telas para verificar se as aves retornariam ao local ou se já estariam utilizando outras áreas como dormitório. Após dois anos, as telas permanecem nas palmeiras.
O biólogo e ornitólogo Mario Cohn-Haft afirmou que as palmeiras são procuradas pelos periquitos de asa branca porque elas oferecem proteção. “É mais seguro de predadores, de cobras, porque não existem conexões entre as copas. Os pássaros fazem esforço para achar um lugar seguro para dormir e alguns ficam em grupo porque as chances de se defender são maiores”, comentou.
Em 2012, o analista ambiental do Núcleo de Fauna do Ibama, Robson Esteves, disse que o órgão foi “apenas consultado” pelos moradores do condomínio, que pediram medidas para afugentar os periquitos. Esta solicitação foi negada pelo órgão.
Protesto exige responsabilização das autoridades
Neste sábado, 29, centenas de pessoas se reuniram no local onde as aves foram encontradas mortas para uma manifestação que buscou, a princípio, chamar atenção das autoridades. Mas, ao final da tarde, os ativistas conseguiram acionar o Corpo de Bombeiros que, após verificarem que algumas aves estavam pressas nas redes de proteção das palmeiras, desfizeram os nós dessas redes e as libertaram. Havia vários animais presos dentro dessas redes e muitos já estavam mortos. Os que estavam vivos aparentavam estar debilitados.
A bióloga Raimunda Ferreira, de 40 anos, disse que o local onde as aves costumam ficar é originalmente uma Área de Proteção. “O caso repercutiu de forma muito rápida. É revoltante. Depois que soubemos, queremos uma punição. Poderíamos estar em casa, mas isso não pode passar em branco”, afirmou a bióloga que veio em um grupo de 10 pessoas.
Segundo Diego Alencar , presidente da organização não governamental UPA – União de Política Animal, a justificativa para as mortes seria o “barulho” que as aves supostamente faziam todos os dias. A ONG exige que as autoridades ambientais competentes se manifestem oficialmente sobre a morte desses animais. Além disso, também cobra que a Prefeitura assuma sua responsabilidade quanto à fauna como um todo, pois tem se mostrado muito omissa quanto aos atos de violência envolvendo animais.
Diego ainda reitera que a UPA e demais ativistas de Manaus exigem a criação do Instituto Municipal de Proteção à Fauna, órgão que deverá cuidar exclusivamente das demandas relacionadas aos animais, sejam eles domésticos ou silvestres.
Foi criada uma petição on-line exigindo que Prefeitura de AMnaus e órgao responsáveis apurem e façam justiça neste caso.
Com informações de G1 e A Crítica.
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