“Compreendemos desenvolvimento sustentável como sendo socialmente justo, economicamente inclusivo e ambientalmente responsável. Se não for assim não é sustentável. Aliás, também não é desenvolvimento. É apenas um processo exploratório, irresponsável e ganancioso, que atende a uma minoria poderosa, rica e politicamente influente.” [Cortez, Henrique, 2005]
Um comentário:
Pizarro, bom dia.
Não é a primeira vez que o Prof. Nassar vem a público externar opiniões que deveriam ter respaldo na genética e no melhoramento de plantas, mas que resvalam para longe da ciência. É o caso das opiniões acima. Falta ciência e sobre informação errada.
Primeiramente, os dados sobre a produção de mel brasileira são em grande parte falsos: ninguém sabe quanto do mel brasileiro exportado é reconhecido como orgânico. Como 82% da exportação foi para os EUA, que nem sequer rotulam os transgênicos, a presença de pólen transgênico não afeta nada o mercado. Além disso, não existe um levantamento de quanto do mel é proveniente do eucalipto. Nas áreas onde se planta esta árvore e apenas se as colmeias estiverem a menos de 1000 m das florestas, o mel terá outra origem. Por fim, o Dr. Nassar esqueceu de mencionar que o mel tem que ser centrifugado para ser vendido ou exportado e que isso retira quase todo o pólen. É espantoso que o Dr. Nassar afirme que 1% do mel é pólen!
Quando o Dr. Nassar envereda para a avaliação de risco, os erros se tornam mais graves: desenvolvimento de resistência a antibióticos nas abelhas e nos consumidores, morte das abelhas pelo consumo do pólen transgênico e por aí vai, tudo sem a mínima base científica nem qualquer apoio experimental. Ao contrário, há farta literatura e excelentes experimentos feitos pela PUCRS, que provam a segurança do pólen e do mel de eucalipto transgênico para as abelhas.
Falha seriamente o Professor quando tergiversa sobre o consumo de água do eucalipto GM e conclui que provavelmente vai agravar a escassez de água do país. Toda planta de crescimento mais rápido tende a consumir um pouco mais de água, mas daí a se tornar um ralo hídrico é uma imensa diferença.
Em resumo, é frustrante ler de um Professor Emérito tamanho rol de incorreções. A lástima maior é que os leitores, vendo seu CV, acreditam no que ele escreve e isso atrapalha notavelmente a discussão profícua e sensata sobre os transgênicos.
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