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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Elevação do nível do mar ameaça sobretudo pequenos Estados insulares


Nível do mar aumenta mais rápido nesses locais do que no resto do mundo, colocando setores essenciais, como pesca e turismo, em risco. No Dia Mundial do Meio Ambiente, ONU pediu ações imediatas para barrar tendência.
Como consequência do aquecimento global, o nível do mar está aumentando até quatro vezes mais nos 52 Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID) do que no restante do mundo, revelou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), num relatório publicado nesta quinta-feira (05/06), Dia Mundial do Meio Ambiente.
Enquanto a média global de elevação do nível do mar é de 3,2 milímetros por ano, em algumas ilhas do Pacífico foi registrado um aumento anual de 12 milímetros, entre 1993 e 2009. Trata-se da maior ameaça para o meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico nesses Estados, a qual pode resultar em perdas anuais de trilhões de dólares.
O Pnuma pede políticas e investimentos globais imediatos em energia renovável e economia verde para evitar o agravamento desses impactos das mudanças climáticas.
“Esses 52 países, com mais de 62 milhões de habitantes, produzem menos de 1% dos gases do efeito estufa emitidos no mundo, mas sofrem desproporcionalmente com as mudanças climáticas causadas pelas emissões globais”, alerta Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma.
Steiner ressalta que, felizmente, estudos mostram que há meios de combater essa tendência. Segundo o diretor, cabe à comunidade internacional ajudar os PEID, por meio de um acordo climático a ser implementado em 2015, que terá como objetivo cortar emissões e minimizar os impactos das mudanças climáticas sobre essas ilhas.
O relatório faz um alerta sobre a magnitude e a frequência dos riscos provocados pelo clima, que irão aumentar devido ao avanço do aquecimento global, atingindo especialmente as pequenas ilhas.
Se políticas e ações voltadas para a economia verde não forem colocadas em prática, esses países sofrerão impactos desproporcionais e intensos em vários setores, como turismo, agricultura, pesca, energia, saneamento e saúde.
A pesca, por exemplo, é responsável por até 12% do Produto Interno Bruto (PIB) em alguns desses países. Além disso, o peixe representa 90% da proteína animal na dieta das comunidades das ilhas do Pacífico.
O turismo, extremamente importante para a economia dos PEID, também poderia ser gravemente afetado. A ilha caribenha de Granada, por exemplo, perderia 60% de suas praias com um aumento de 50 centímetros no nível do mar.

Recifes de corais são fortemente afetados pelo aquecimento global
Dimensão territorial
A vulnerabilidade dos PEID em relação às mudanças climáticas e ao aumento do nível do mar é maior devido às pequenas dimensões territoriais, à concentração populacional e à grande dependência dos ecossistemas costeiros para o estilo de vida, alimentação, segurança e proteção contra eventos climáticos extremos.
Além disso, o relatório aponta que os recifes de corais nas regiões dos PEID já estão sofrendo com o aumento da temperatura da superfície marítima. A ONU estima que o mundo perdeu 34 milhões de hectares desse ecossistema em duas décadas, a um custo de 11,9 trilhões de dólares para a economia internacional, com impacto especialmente nos pequenos países insulares.
Em algumas regiões do Caribe insular, por exemplo, todos os recifes de corais sofreram descoramento – perda de cor –, causado pelo aquecimento global. Com as águas mais quentes, os microorganismos responsáveis pela coloração são expulsos, e os corais acabam morrendo. As mudanças climáticas devem ameaçar 90% desse ecossistema no Caribe até 2030 e 100% até 2050.
Economia verde
Num segundo relatório, lançado também nesta quinta-feira, o Pnuma mostra como Barbados, na América Central, vem investindo em projetos contra as mudanças climáticas que podem servir de exemplo para as outras ilhas.
“A economia verde é particularmente importante para Barbados, devido ao nosso compromisso nacional para impulsionar o paradigma do desenvolvimento sustentável no processo de criação de um país socialmente equilibrado, economicamente viável e que protege o meio ambiente”, afirma o Primeiro Ministro da ilha, Freundel Stuart.
Barbados pretende produzir 29% da energia consumida no país a partir de fontes renováveis até 2029. Atualmente, mais de 90% da eletricidade dos PEID é gerada a partir do petróleo, o que a torna uma das mais caras do mundo.
Além disso, o relatório mostrou que a adoção da economia verde está gerando empregos na ilha, diversificando a economia, aumentando a eficiência dos recursos, reduzindo a pobreza e incentivando o desenvolvimento sustentável.
Para colocar essa abordagem em prática, medidas como promoção da agricultura orgânica e diminuição do emprego de substâncias tóxicas na construção civil estão sendo adotadas no país.
O Dia Mundial do Meio Ambiente foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972. A cada ano, um tema e um país-sede são escolhidos. Em 2014, as mudanças climáticas nos PEID são o foco em Barbados.
Matéria de Luisa Frey, da Deutsche Welle, DW.DE, reproduzida pelo EcoDebate, 09/06/2014

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