Brasil é destaque em relatórios internacionais sobre redução de emissões na atmosfera
Por Cesar Baima de O Globo
No Dia Mundial do Meio Ambiente o Brasil apareceu como destaque positivo em dois relatórios que descrevem o país como o que mais reduziu o desmatamento no planeta nos últimos anos, sendo assim o que também mais contribuiu com os esforços para cortar as emissões de carbono, apontadas como responsáveis pelo aquecimento global.
O primeiro relatório, publicado na edição desta semana da revista “Science”, analisa a série de políticas e fatores internos e externos que levaram a uma redução de 70% na taxa de desmatamento da Amazônia em 2013, na comparação com a média registrada entre 1996 e 2005.
Já o segundo relatório, produzido pela organização americana União de Cientistas Preocupados (UCS, na sigla em inglês) e divulgado durante reunião da Organização das Nações Unidas para discutir as mudanças climáticas, em Bonn, na Alemanha, traz informações sobre a luta contra o desmatamento em 17 países em desenvolvimento e com florestas tropicais, na África, na América do Sul e no Sul e Sudeste da Ásia. O documento usa estatísticas semelhantes para colocar o Brasil como o maior exemplo de sucesso nesse esforço.
Segundo a análise publicada na “Science”, desde 2004 a conjunção de políticas públicas ousadas, instalação e ampliação de unidades de conservação, maior fiscalização e punição de irregularidades, além do avanço na produtividade, da rejeição do mercado a produtos provenientes de áreas desmatadas e das seguidas crises financeiras globais, que diminuíram a demanda por commodities como soja e carne, salvaram do corte mais de 86 mil quilômetros quadrados de floresta no Brasil, ou o equivalente a quase 14,3 milhões de campos de futebol. Os cientistas calculam que isso teria impedido que 3,2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono chegassem à atmosfera.
— O Brasil é apontado como um dos favoritos para ganhar a Copa do Mundo, mas também está liderando o mundo na mitigação das mudanças climáticas — elogiou Daniel Nepstad, principal autor do artigo na “Science” e também do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC). — Um dos maiores desafios globais atuais é produzir mais comida, para mais pessoas, em áreas menores de terra, enquanto interrompemos e revertemos a perda de florestas tropicais. O Brasil mostrou ao mundo que isso pode ser feito.
Enquanto isso, o relatório divulgado em Bonn destacou como o país conseguiu sair da liderança mundial no desmatamento e do consequente terceiro lugar no ranking global das emissões, que ocupava entre o fim dos anos 90 e o início dos 2000, para se tornar um exemplo de sucesso para todo o planeta. “As mudanças na Amazônia Brasileira na última década e a contribuição que isso teve para frear o aquecimento global são sem precedentes”, afirmam os autores, liderados por Doug Boucher, diretor da Iniciativa para o Clima e Florestas Tropicais da UCS.
Mas nem tudo são flores no caminho do Brasil. Também entre os autores do artigo na “Science”, Ane Alencar, diretora do programa “Cenários para a Amazônia”, do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam), lembra que a taxa de desmatamento na região voltou a crescer no ano passado, indicação de que os fatores que levaram à sua redução começam a perder força.
— Em um cenário onde o aumento de produtividade está atingindo o limite, a demanda por commodities volta a subir e só temos políticas punitivas, chegaremos a um ponto em que não será mais possível manter estes bons resultados e veremos uma retomada do desmatamento — alerta.
Ontem, o cacique Raoni, que participou, em Paris, de eventos pelo meio ambiente, voltou a criticar o desmatamento da região:
— O desmatamento pode ter caído, mas continua. Muitos jovens estão preocupados com a invasão do homem branco.
Fonte: O Globo.
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