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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Macaco-prego Chico será empalhado e exposto na USP de São Carlos, SP

Publicado . em Animais
Processo de taxidermia custa cerca de R$ 1 mil e será realizado pelo CDCC. Animal morreu na última sexta-feira (7), aos 38 anos, de insuficiência renal.
Por Fabio Rodrigues e Felipe Turioni
O macaco-prego Chico, que morreu aos 38 anos na sexta-feira (7), deverá ser empalhado. A informação foi confirmada nesta terça-feira (11) pelo Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP), onde o animal deve ficar exposto para visitação.
Silvia Santos, responsável pelo setor de biologia do CDCC, explicou que ainda não há previsão para realizar o procedimento de taxidermia, nome técnico do empalhamento de animais. Segundo ela, o centro depende de recursos para contratar o serviço, que tem custo de pouco mais de R$ 1 mil. “Queremos, mas não temos a previsão de data. Vamos tentar uma parceria para contratar um especialista e garantir a qualidade”, disse a bióloga.
Silvia explicou ainda que a taxidermia pode ser realizada em até um ano, uma vez que o corpo do macaco está congelado. O processo consiste em retirar as vísceras do animal, preparar a pele, realizar o enchimento e depois a secagem. O trabalho pode levar de 15 a 30 dias.
Morte
O macaco-prego morreu nos braços da dona, a aposentada Elizete Farias Carmona, de 71 anos. Segundo o exame necroscópico, ele morreu de insuficiência renal, provocada pela idade.
A relação de 38 anos entre Chico e Elizete ficou conhecida em todo país e gerou repercussão internacional quando ele foi retirado dela pela Polícia Militar Ambiental, após uma denúncia. Eles ficaram separados durante 16 dias e uma liminar da Justiça obrigou o retorno do animal para Elizete, que adequou a casa para recebê-lo.
Para que o animal seja empalhado é necessária uma autorização judicial, segundo o advogado Flávio Lazarotto, que já entrou com o pedido. Foi ele também quem fez o contato com o CDCC sobre a taxidermia em Chico.
O interesse em empalhar o animal partiu da própria dona Elizete, segundo a bióloga Ariane Leoni, que acompanhou o caso. “Ela disse que queria enterrar ou empalhar e que se empalhasse queria que ficasse em casa, mas eu discordei porque para ela não seria legal emocionalmente”, comentou Ariane.
“Sugeri a ideia de deixar o material para estudo, já que a história dele comoveu o Brasil e seria bom para contribuir com a educação ambiental”, completou a bióloga. O corpo de Chico está congelado desde sexta-feira (7) em uma clínica veterinária de São Carlos.
O caso
O animal foi entregue à Elizete em 1976 por um caminhoneiro amigo da família. Conhecido como Chico, o bicho foi retirado pela Polícia Militar Ambiental após denúncias, no dia 3 de agosto do ano passado porque, de acordo com a legislação, manter um animal silvestre sem a devida autorização é crime contra a fauna.
A separação do bicho da dona, divulgada pelo G1, ganhou repercussão internacional e internautas mobilizaram dois abaixo-assinados na web que pediam a volta da macaca. Os documentos on-line reuniram mais de 18 mil assinaturas. O caso foi divulgado no site do jornal norte-americano "The Washington Post", na BBC, Fox News, entre outros. A história também foi capa da revista Terra da Gente, do grupo EPTV, no mês de outubro.
Com a ajuda de um advogado, a família entrou na Justiça para tentar trazer o animal de volta. O Ministério Público de São Carlos se comprometeu a acompanhar a adaptação do animal no novo lar no prazo de 60 dias. Uma decisão da juíza Gabriela Muller Carioba Attanasio determinou o retorno da macaco em até cinco dias após notificação à A Secretaria Estadual do Meio Ambiente. A notícia surpreendeu a aposentada, que até mudou o visual para receber o bicho. Chico voltou para a dona 16 dias depois.
Uma das determinações da Justiça para que o macaco retornasse a São Carlos era que tivesse um espaço adaptado para ele. Com isso, o ‘Recanto do Chico’ foi inaugurado no dia 7 de setembro com direito à festa para vizinhos e amigos.
O local, com 14 metros quadrados, foi construído baseado em normas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e adaptado para ser montado nos fundos da casa de Elizete. O espaço conta com grades, puleiros, escadas e cipós para que o animal pudesse se movimentar e tivesse um ambiente mais dinâmico.
Em novembro do ano passado, uma equipe do programa Animal Planet passou quatro dias na cidade para colher o material. O conteúdo será exibido neste ano no canal Discovery.
Durante os registros, foi possível constatar que o macaco é macho e não fêmea como divulgado em agosto pela Associação Protetora dos Animais (APA) de Assis (SP) para onde ele foi levado após ser retirado da família. Procurada, a ONG informou que o animal que saiu da sede era uma fêmea.
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Fonte: G1 SP.

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