Rio de Janeiro – Reciclar alumínio pode ser uma boa saída para o meio ambiente e também para a economia de muitas empresas na hora de pagar a conta de energia elétrica utilizada no processo de produção. Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), até 2015, o consumo mundial de alumínio continuará a apresentar uma expansão em torno de 4% ao ano, especialmente por parte de países como China, Índia e Coréia, grandes consumidores globais do metal.
Mesmo assim, apesar de apresentar uma escalada de alta na produção e demanda nos últimos 30 anos, o preço do alumínio permanece praticamente igual no mercado mundial, custando 2 mil dólares por tonelada.
A perspectiva de aumento de custos no processo de produção do metal sem acompanhar o aumento dos preços faz com que empresas repensem melhor suas estratégias de mercado e, até mesmo, de fabricação. É nesse ponto que entra a reciclagem.
Diferentemente de outros materiais, que perde parte de suas características no processo de reaproveitamento, a reciclagem do alumínio consome apenas 5% da energia necessária para produção do alumínio primário. “Reciclar o metal requer 95% menos de energia e emite 95% menos gases de efeito estufa (...). O consumo de energia do metal reciclado é bem mais barato que se comparado ao alumínio primário. Além do fato de a reciclagem do alumínio ser benéfica para o meio ambiente, o metal pode ser reciclado quase que infinitamente”, garantiu a ((o))eco, John Gardner, diretor de sustentabilidade da empresa Novelis, a maior laminadora de alumínio do mundo, que detém uma fatia de 20% de mercado mundial do metal.
A meta é alcançar o conceito de latas com 90% de conteúdo reciclado e, num futuro próximo, a 100%. Apesar de a Novelis não produzir a lata em si, apenas a folha de alumínio usada na produção das latinhas de refrigerantes e bebidas em geral, a companhia se dedica a liderar o ramo de reciclagem delas, que representam um universo de 40 bilhões de latinhas recicladas todos os anos.
Para se ter uma ideia, o consumo mundial de latinhas é da ordem de 270 bilhões de latas de alumínio, sendo que o primeiro posto de consumidores é ocupado pelos americanos, com 100 bilhões de latas por ano; seguido pelo Japão, com 30 bilhões; e o Brasil em terceiro posto, mas com um alto índice de reciclagem mundial, acima de 95% da produção.
Investir no Brasil
As três plantas recicladoras da companhia, localizadas nos EUA e na Inglaterra, foram certificadas pela SCS Global Services – o principal fornecedor de certificações ambientais e de sustentabilidade.
Para aumentar a capacidade de reciclar o alumínio, a companhia já realizou investimentos de capital de aproximadamente 500 milhões de dólares nos últimos dois anos, que será capaz de dobrar a capacidade de reciclagem para 2,1 milhões de toneladas métricas até 2015.
Até o final deste ano, a multinacional pretende ainda criar novos centros de reciclagem, mais um nos EUA (no estado de Nova York), outro na Coréia do Sul e ainda no Brasil. Por aqui, a empresa deve investir 32 milhões de dólares para transformar sua fábrica em Pindamonhangaba, no maior centro de reciclagem da América do Sul, com uma capacidade para reciclar 80 mil toneladas de alumínio por ano.
“Este é um programa a longo prazo que exige muito trabalho em tecnologia das latas e do processo de reciclagem, assim como nosso crescimento contínuo da capacidade de reciclar. Nosso mínimo já é de 70% do conteúdo reciclado de uma lata de alumínio, o que significa um grande passo”, destacou.
Uma pegada de carbono menor
Os principais objetivos por trás disso tudo, argumenta Gardner, é fazer com que as latas de alumínio sejam embalagens cada vez mais sustentáveis com uma pegada de carbono cada vez menor.
No fundo, a meta é atingir o cliente final para que faça um consumo mais consciente na hora de optar pela compra de bebidas em latas. Cada vez mais os consumidores, em todas as partes do mundo, fazem sua decisão de compra baseada nas características de sustentabilidade de um produto.
“Um alto teor de conteúdo reciclado pode favorecer na hora de o consumidor decidir fazer a sua parte e ajudar a reduzir o impacto no meio ambiente, assim como promover o ciclo da reciclagem”, destacou Gardner.
Custo de energia no Brasil é alto
Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), o Brasil é o sexto maior produtor mundial de alumínio primário, depois da China, Rússia, Canadá, Estados Unidos e Austrália. Mesmo assim, o alto custo da energia tem sido um grande desafio para os fabricantes, uma vez que o gasto em energia corresponde a praticamente metade do custo de produção do alumínio. No Brasil, o custo está em torno de 60 dólares por megawatt hora (MWh), acima da média global de 40 dólares por MWh.
Só os chineses, na última década, aumentaram o volume de alumínio produzido de 4 milhões de toneladas para cerca de 20 milhões de toneladas, segundo dados do World Bureau of Metal Statistics. Em 2011, a produção chinesa respondeu por 40% do total mundial, com 44,6 milhões de toneladas.
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