Ciclo hidrológico da Amazônia pode ser tornar mais extremo, diz estudo
Desde o último mês, alguns estados pertencentes à Amazônia têm enfrentado situações de emergência em função da cheia de alguns afluentes do rio Amazonas, como o Negro e o Solimões. Nesta quinta-feira, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou que o nível do rio Negro deve chegar a 29,46 metros em 15 de junho, quando deve ocorrer o pico da enchente. As inundações já atingiram quase 80 mil pessoas, sendo que 29 cidades estão em estado de alerta.
Por outro lado, tanto em 2005 quanto em 2010 a Amazônia atravessou secas históricas, com impactos que apontam para uma tendência de degradação da floresta.
De fato, a alternância de enchentes e secas é um fenômeno cíclico natural que acontece na região, mas, segundo uma nova pesquisa publicada no periódico Geophysical Research Letters, esses ciclos podem se tornar cada vez mais extremos e imprevisíveis.
O estudo, desenvolvido por cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, analisou mensalmente o deságue do Rio Amazonas em Óbidos, no Pará, que recebe 77% das águas da bacia amazônica, e comparou com os padrões regionais de precipitação e com dados sobre a temperatura superficial das águas do Oceano Atlântico.
Os pesquisadores observaram que, nos últimos 20 anos, houve uma grande intensificação do ciclo hidrológico amazônico, com um aumento do deságue durante a estação chuvosa e eventuais secas severas.
“A captação do maior rio do mundo se tornou substancialmente mais úmida desde o final do século XX, começando aproximadamente em 1990 com uma tendência simultaneamente forte para um aumento na amplitude anual do deságue do rio e um aumento da severidade dos eventos”, escreveram os estudiosos.
Os autores explicam que o aumento nos extremos do ciclo hidrológico amazônico se deve à relação entre as temperaturas superficiais do Atlântico e os padrões de precipitação na Amazônia.
Quando as temperaturas do mar aumentam, algo que se está intensificando com as mudanças climáticas, há uma queda na precipitação amazônica por causa de um deslocamento que ocorre na Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que detém umidade. A zona passa a se mover em direção ao Caribe, e fornece menos umidade à região amazônica.
Os cientistas admitem que as descobertas não afirmam que a bacia amazônica está secando, mas que as “o início na tendência de aumento [nas secas] coincide com o início de uma tendência de aumento similar nas temperaturas superficiais do mar Atlântico Tropical, o que sugere que os dois fenômenos podem estar relacionados, possivelmente através de um aumento no vapor d’água importado do Oceano Atlântico Tropical”.
Os pesquisadores também observaram que as diferenças cada vez maiores entre os picos anuais de cheias e secas “pode ter grandes implicações tanto para o funcionamento dos ecossistemas naturais e a população que vive ao longo das áreas de várzea amazônica e depende delas para seu sustento”.
Citação: Intensification of the Amazon hydrological cycle over the last two decades, Geophysical Research Letters. DOI: 10.1002/grl.50377, 2013
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
Por outro lado, tanto em 2005 quanto em 2010 a Amazônia atravessou secas históricas, com impactos que apontam para uma tendência de degradação da floresta.
De fato, a alternância de enchentes e secas é um fenômeno cíclico natural que acontece na região, mas, segundo uma nova pesquisa publicada no periódico Geophysical Research Letters, esses ciclos podem se tornar cada vez mais extremos e imprevisíveis.
O estudo, desenvolvido por cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, analisou mensalmente o deságue do Rio Amazonas em Óbidos, no Pará, que recebe 77% das águas da bacia amazônica, e comparou com os padrões regionais de precipitação e com dados sobre a temperatura superficial das águas do Oceano Atlântico.
Os pesquisadores observaram que, nos últimos 20 anos, houve uma grande intensificação do ciclo hidrológico amazônico, com um aumento do deságue durante a estação chuvosa e eventuais secas severas.
“A captação do maior rio do mundo se tornou substancialmente mais úmida desde o final do século XX, começando aproximadamente em 1990 com uma tendência simultaneamente forte para um aumento na amplitude anual do deságue do rio e um aumento da severidade dos eventos”, escreveram os estudiosos.
Os autores explicam que o aumento nos extremos do ciclo hidrológico amazônico se deve à relação entre as temperaturas superficiais do Atlântico e os padrões de precipitação na Amazônia.
Quando as temperaturas do mar aumentam, algo que se está intensificando com as mudanças climáticas, há uma queda na precipitação amazônica por causa de um deslocamento que ocorre na Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que detém umidade. A zona passa a se mover em direção ao Caribe, e fornece menos umidade à região amazônica.
Os cientistas admitem que as descobertas não afirmam que a bacia amazônica está secando, mas que as “o início na tendência de aumento [nas secas] coincide com o início de uma tendência de aumento similar nas temperaturas superficiais do mar Atlântico Tropical, o que sugere que os dois fenômenos podem estar relacionados, possivelmente através de um aumento no vapor d’água importado do Oceano Atlântico Tropical”.
Os pesquisadores também observaram que as diferenças cada vez maiores entre os picos anuais de cheias e secas “pode ter grandes implicações tanto para o funcionamento dos ecossistemas naturais e a população que vive ao longo das áreas de várzea amazônica e depende delas para seu sustento”.
Citação: Intensification of the Amazon hydrological cycle over the last two decades, Geophysical Research Letters. DOI: 10.1002/grl.50377, 2013
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
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