Editorial
O dia 9 de Maio de 2013 passará à história da vida na Terra como o momento que ultrapassamos o sinal vermelho das emissões de Gases de Efeito Estufa. Nesse dia, duas importantes instituições especializadas em pesquisas atmosféricas e oceânicas, o Observatório Mauna Loa, da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) no Havaí, e a Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia, registraram que a concentração de CO2 na atmosfera tinha ultrapassado as 400 partes por milhão (ppm). O Observatório de Mauna Loa, que registra desde 1958 o CO2 acumulado diariamente na atmosfera, emitiu um alerta semelhante ao de um tsunami climático. A gravidade do fato se evidencia ao constatar que essa taxa acontece pela primeira vez em 4,5 milhões de anos. Ao longo de toda a história da humanidade e até cerca de 200 anos atrás, nossa atmosfera conteve ao redor de 275 ppm de CO2. Partes por milhão é a forma de medir a concentração atmosférica de diferentes gases e, especificamente, representa a proporção de moléculas de dióxido de carbono para cada milhão de moléculas da atmosfera. A quantidade necessária para garantir a vida na Terra é de 275 ppm de CO2. Esse valor mantêm o calor na atmosfera, caso contrário, seria demasiado frio para abrigar principalmente a vida humana. Os sinais do perigo se evidenciam em todas as partes: as geleiras estão derretendo rapidamente deixando milhares de pessoas sem água; as calotas polares estão desaparecendo; as secas são cada vez mais comuns. O nível médio dos mares começou a subir e muitas cidades, ilhas e terras agrícolas ficarão submersas. Os oceanos estão mais ácidos devido ao CO2 que absorvem e assim matam corais, moluscos e manguezais, que são essenciais para a vida na Terra. O cientista da NASA James Hansen, o primeiro a advertir sobre esta realidade (em 1988), ao tomar conhecimento da atual situação, afirmou: “se a humanidade quer preservar um Planeta semelhante àquele no qual se desenvolveu a civilização e onde a vida está adaptada, as evidências paleontológicas das alterações climáticas em curso indicam que teremos que ficar no limite de segurança das 350 ppm”. Hansen, numa carta ao seu neto escreveu: “Iremos nos levantar e dar um verdadeiro soco nos políticos do nosso Planeta, para forçá-los a enfrentar a realidade? Para isso precisamos ser muitos e nos manifestar nas ruas. Ou será que deixaremos que continuem enganando a si próprios e a nós?” O Presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, também alertou que as 400 ppm são um sinal vermelho para os governantes. Por sua vez, Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas, da Unicamp, em declaração à DW Brasil, advertiu: “Quanto mais CO2, mais calor. Pode ser que, em 30 anos, estes números cheguem a 500 ppm, fazendo com que plantas tenham dificuldade em se desenvolver. Caso alcancem as 700 ppm, as plantas não se desenvolverão mais”. Isto significa que a vida no Planeta terá chegado ao fim da linha. Quanto mais tempo permanecermos na zona de perigo, acima de 350 ppm, sofreremos mais impactos climáticos extremos. Depois do dia 9 desde mês, a Terra já não é a mesma, estamos chegando ao ponto no qual não haverá possibilidade retorno.
Gaia Viverá!
Índice
04 André Trigueiro – A geração 400 ppm
06 George Monbiot – A Terra entra numa nova era ao atingir as 400 ppm
07 Maryan Bartels – Diálogo do Clima reuniu 35 nações na Alemanha
08 Mário Mantovani e Fábio Feldmann – A nova Lei Florestal e a Mata Atlântica
12 Heloisa Cristaldo – O Semiárido pode se tornar deserto em 2100
14 Thais Leitão – A Caatinga pode absorver mais CO2 do que as florestas
15 Patrícia Ribeiro – Cana no Cerrado e na Amazônia é retrocesso ambiental
16 Cristina Yuan – Um ano de sustentabilidade do carvão vegetal
18 Blanca Jiménez-Cisneros – Ano Internacional da Cooperação pela Água
20 Nielmar de Oliveira – Petrobras fará 20 mil cisternas no Semiárido
22 Délcio Rodrigues – Estratégia amazônica
24 Tinna Oliveira – Mulheres líderes em prol da sustentabilidade
25 Lúcia Chayb – Samyra Crespo: primeira mulher a administrar o JBRJ
28 Stephen Leahy – Derretimento do Ártico: entre o desastre e o lucro
30 Ana Siqueira – Pesquisa antártica brasileira tem Planos de Ação
34 José Graziano da Silva – As lições de uma década singular contra a fome
36 Maria de Cristofaro – FAO destaca o papel dos insetos no consumo
38 Luíz Carlos Iasbeck – A síndrome do tomate na ecologia do alimento
40 Marcelo Torres – Coca-Cola, obesidade e publicidade infantil
42 Washington Novaes – Queima do lixo a galope, apesar da lógica e da lei
44 Ricardo Abramovay – Transformar lixo em riqueza depende do fabricante
46 Kate Redman – Os recursos naturais podem manter as crianças na escola
48 Leonardo Boff – Responsabilidade face ao futuro da espécie humana
49 Egon Dionísio Heck – Dias difíceis virão para os povos indígenas
50 Oded Grajew – O que é (e o que não é) sustentabilidade
Para assinar clique aqui.
(Eco21)
Nenhum comentário:
Postar um comentário