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quarta-feira, 26 de setembro de 2012
A maioria dos biocombustíveis não é ‘verde’, diz pesquisa
Pesquisadores divulgam novos dados sobre o balanço ecológico dos biocombustíveis
[EcoDebate] Nos últimos anos, a demanda por bicombustíveis, supostamente ambientalmente amigáveis, aumentou de forma significativa em todo o mundo; por um lado, o que resultou no aumento do cultivo de plantas destinadas à produção de energia e, por outro lado, métodos de produção e tecnologias inovadoras para a segunda geração de biocombustíveis têm sido desenvolvidos.
Paralelo a isso, os especialistas têm refinado métodos de análise do equilíbrio ecológico e desenvolvem métodos para avaliação ambiental. Em termos de biocombustíveis, a maioria deriva predominantemente de produtos agrícolas, razão pela qual são chamados de agrocombustíveis, definindo melhor a sua origem.
Mas, uma discussão crescente sobre a sua sustentabilidade ambiental gira principalmente em torno de se a produção de biocombustíveis é defensável do ponto de vista ecológico, ou se existem possíveis efeitos negativos, por exemplo, sobre o fornecimento de alimentos em tempos de seca, ou se ocorre a eutrofização das terras férteis.
Em busca de uma resposta mais precisa, a Empa [Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology], em nome do Departamento de Energia (BFA) e em colaboração com o instituto de pesquisa Agroscope Reckenholz-Tänikon (ART) e com o Paul Scherrer Institute (PSI), atualizou o balanço ecológico dos biocombustíveis, incluindo suas cadeias produtivas. Neste novo estudo, em comparação com o estudo anterior de 2007, também realizado pela Empa, a equipe, liderada pelo pesquisador Rainer Zah, incluiu novas plantas e atualizou a avaliação dos processos de fabricação e métodos de avaliação.
No entanto, apesar de um conjunto de dados mais extenso e de métodos mais atualizados, a Empa chegou à mesma conclusão que o estudo em 2007: muitos biocombustíveis baseados em produtos agrícolas de fato ajudam a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, mas produzem outros tipos de poluição ambiental, tais como acidificação do solo e poluição de lagos e rios, pelos resíduos de adubação ou implicam em ameaças à segurança alimentar.
“A maioria dos biocombustíveis, portanto, apenas altera o tipo de impacto ambiental: menos gases de efeito estufa com mais poluição relacionada à terra utilizada para a agricultura“, diz Zah.
Isto resulta em apenas alguns poucos biocombustíveis com um balanço ecológico global melhor do que a gasolina, especialmente biogás de resíduos, os quais – dependendo do material de origem – possuem um impacto ambiental de até a metade do que a gasolina.
E no grupo de agrocombustíveis, o etanol tende a ter um melhor balanço ecológico do que aqueles com uma base de óleo, no entanto, os resultados são muito dependentes do método de produção e da tecnologia aplicada.
No entanto, a nova metodologia também permitiu Zah e seus colegas identificarem as “fraquezas” do estudo anterior.
Os pesquisadores, em 2007, subestimaram os efeitos das mudanças nas áreas naturais no balanço de gás de efeito estufa. Por exemplo, o desmatamento da floresta tropical. O estudo atual mostra que os biocombustíveis provenientes de áreas desmatadas geralmente emitem mais gases de efeito estufa do que os combustíveis fósseis, considerando os impactos diretos do desmatamento no balanço ecológico.
Isto também se aplica às variações de uso indireto da terra: se terra agrícola existente é usada para a produção de biocombustíveis em substituição à produção agrícola tradicional e, como consequência, novas áreas florestais têm que ser desmatadas para a expansão da ‘fronteira’ agropecuária, quer seja para manter a produção alimentar existente ou para atender à demanda pelo aumento do consumo ou aumento da população ou ambos.
Por outro lado, os efeitos positivos podem ser alcançados se o cultivo de agrocombustíveis contribuir para aumentar o teor de carbono do solo como, por exemplo, através do cultivo de dendê em áreas de pastagem degradadas na Colômbia ou através de plantações de jatropha na Índia e leste da África, aproveitando terras abandonadas.
“Apesar disso, não se pode falar, em termos gerais, da Jatropha como uma “planta maravilha”, porque seu equilíbrio ecológico é muito dependente das práticas agrícolas no local em questão e do uso anterior da terra”, diz Zah. Cada biocombustível (novo) deve ser examinado separadamente e em detalhes.
O que deve ser atendido em termos de produção de biocombustíveis?
Embora o ‘diabo’ esteja nos detalhes, os novos estudos permitem fazer algumas recomendações gerais:
• O desmatamento de áreas naturais conservadas para produção de biocombustíveis deve ser evitado, porque que agrava o balanço de gases de efeito estufa consideravelmente, o que, evidentemente, tem um impacto claramente maior no ambiente, tornando injustificável a substituição dos combustíveis fósseis pelos agrocombustíveis.
• Deve ser dada prioridade para sua produção em áreas degradadas e/ou abandonadas, recuperando o uso produtivo do solo e aumentando a retenção de carbono.
• Se a terra agrícola é usada para a produção de biocombustíveis, a mudança indireta do uso da terra deve ser evitada na medida do possível, por exemplo, tornar obrigatória o controle e a exigência de que qualquer produção de alimentos deslocada para novas áreas não terá efeitos indiretos na oferta, no preço e no acesso aos alimentos.
• O uso da terra e silvicultura, tais como resíduos de jardim, palha e resíduos de madeira para fins energéticos é vantajoso, mas somente se estes não forem usados de outras formas pela população ou se a sua extração de seu ciclo natural não reduz a fertilidade do solo e da biodiversidade.
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FONTE : EcoDebate, com informações do Dr. Rainer Zah, Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology (EMPA)
EcoDebate, 26/09/2012
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