corais1 Recifes e corais do Brasil são monitorados em programa inédito
Muitos cientistas consideram que os arrecifes são essenciais para a sobrevivência humana. Foto: Living Oceans Foundation/IPS

Projeto foi coordenado pela professora da Universidade Federal de Pernambuco, Beatrice Padovani, que apresentou os resultados no VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC).
O Brasil consolida os resultados do primeiro programa nacional de monitoramento dos recifes de coral da costa brasileira. Os resultados deste monitoramento revelaram que em algumas áreas os recifes apresentam 30% de cobertura de coral, índice elevado, comparável a algumas áreas do mar do Caribe. Por outro lado, muitas áreas estão degradadas devido à poluição, sedimentação provocada por desmatamento e efeitos da mudança climática.
“A soma desses impactos tem causado a diminuição da cobertura viva de corais na maioria das áreas, muitos deles afetados pelas mesmas doenças que atingem os corais do mundo”, afirmou a professora da Universidade Federal de Pernambuco, Beatrice Padovani Ferreira, coordenadora do Projeto de Monitoramento de Recifes de Coral no Brasil, executado de 2002 a 2010 pela Universidade Federal de Pernambuco, por meio do Departamento de Oceanografia, pelo Instituto Recifes Costeiros e pelo Ministério do Meio Ambiente, com apoio de mergulhadores, ONGs e projetos locais, além de voluntários.
Beatrice Padovani apresentou os resultados do Projeto de Monitoramento de Recifes de Coral no Brasil no VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que está sendo realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, até o dia 27 de setembro, em Natal (RN). Beatrice fez sua apresentação nesta segunda-feira (24), no III Simpósio Internacional de Conservação da Natureza, na sessão sobre Proteção da Biodiversidade Marinha, no tema “Evidência da perda da biodiversidade marinha”.
O Projeto de Monitoramento de Recifes de Coral no Brasil teve início em 2002, como fase piloto de dois anos, para testar e adaptar os protocolos da rede global de monitoramento dos recifes de coral às características dos recifes brasileiros. O protocolo adaptado é compatível com o do Reef Check (organização internacional que monitora recifes e corais), que se baseia em indicadores de saúde do meio ambiente recifal, tais como percentagem de cobertura viva de corais e abundância de organismos que são alvo da pesca e coleta. “Adaptamos o protocolo original para incluir mais indicadores de interesse regional e nacional e de identificação em nível de espécie, além de medidas de tamanho individual, e estimativas de percentagem de branqueamento e de doenças nos corais”, explicou Beatrice.
O programa de monitoramento avaliou também a população de peixes em áreas fechadas à pesca, ou seja, em unidades de conservação e constatou a ausência ou a rara presença de alguns grupos de importância pesqueira como tubarões e raias (elasmobrânquios) e as grandes garoupas. “Esses dados indicam que as unidades de conservação estão sendo insuficientes para garantir a sobrevida e reprodução desses grupos”, enfatizou.
O programa de monitoramento abrangeu a maioria das unidades de conservação federais marinhas, que contem recifes de coral, e algumas unidades de conservação estaduais e municipais, tanto de proteção integral como de uso sustentável, indo do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. Desde 2010, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) assumiu a execução desse monitoramento nas unidades de conservação federais e o Ministério do Meio Ambiente vem organizando o programa nacional, integrando iniciativas locais e as unidades de conservação estaduais e municipais à rede.

**********************************

FONTE : * Publicado originalmente no site da NQM Comunicação e retirado do site EcoAgência.