Corajosa, ao estampar na capa “Veta, Dilma!” a revista “Isto É” faz o oposto da “Veja”, que jamais correu o risco de desagradar possíveis anunciantes. A diferença entre duas revistas nacionais de grande circulação vai além do natural interesse que desperta a mídia, também é uma metáfora de dois modos de pensar sobre negócios, de dois modos opostos de empreendedorismo. Ambas são empresas e visam lucros, mas fazem apostas diferentes. Corajoso é o empresário que acredita na inteligência do seu público e que este apoiará líderes sensatos, que pensam no melhor para toda a coletividade. Conservador, em contraste, é o que acredita que o mundo não muda e aposta apenas no lucro imediato e em ficar sempre bem com os que hoje detém o poder econômico.
Não vamos explicar aqui a descaracterização do Código Florestal, pelo que se apela à Presidenta que vete as mudanças que favorecem os desmatadores. Vamos direto aos interesses em jogo, o agronegócio festejando e os ambientalistas sofrendo a perda das leis que protegiam nosso patrimônio natural. A questão é: será que os grandes empresários rurais teriam que, necessariamente, comemorar o afrouxamento da legislação ambiental ? Pois se a ciência estiver certa – e está – não haverá o que comemorar, com a piora das condições climáticas e dos regimes de chuvas nos próximos anos, em decorrência do próprio desmatamento. Traduzindo em números, isso significa lucros agora, prejuízos depois. Empresários rurais esclarecidos, portanto, deveriam estar tão preocupados quanto os ambientalistas com esse tipo de questão.
Décadas atrás ficou famosa a declaração de um presidente da FIESP, segundo o qual milhares de empresários deixariam o país caso Lula ganhasse as eleições, o que não aconteceu naquele pleito, mas mais adiante, sem que a “profecia” se realizasse. O governo em nome “dos trabalhadores” não levou à falência de ninguém, ao contrário, a ponto de ser hoje acusado como complacente com lucros exorbitantes. Se décadas atrás “trabalhadores” era o termo que metia medo nos negócios, hoje é o termo “ambientalista” que é visto como inimigo dos lucros.As ciências econômicas, aparentemente, ainda não incluem os cálculos dos prejuízos sobre a devastação do ambiente natural – como se pudesse haver economia sem ele.
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