O engenheiro agrônomo representante da Associação Brasileira de Agroecologia, Vinícius Freitas, disse há pouco que não existe consumo seguro de agrotóxicos. Ele participa de audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Freitas citou pesquisa realizada pela Universidade Federal do Mato Grosso no município de Lucas do Rio Verde, um dos cinco maiores produtores agrícolas do estado e um grande consumidor de agrotóxicos: em 2010, mais de 5 milhões de litros de agrotóxicos foram usados nas lavouras da cidade, principalmente de soja.
A pesquisa mostrou que dos 12 poços de água potável das escolas analisadas, 83% estavam contaminados com resíduos de vários tipos de agrotóxicos. Além disso, 56% das amostras de chuvas tinham defensivos agrícolas e 100% das mulheres em fase de amamentação tinham pelo menos um tipo de agrotóxico presente no leite materno.
Vinícius Freitas defendeu uma agricultura de base agroecológica, sem uso de agrotóxicos. Segundo ele, para que esse tipo de produção seja viável, são necessárias políticas públicas efetivas. Ele destacou que os pequenos agricultores, responsáveis por 70% da produção nacional, normalmente só conseguem crédito para plantar com o uso de agrotóxicos.
Debatedor aponta relação entre uso de agrotóxico e incidência de câncer
O coordenador da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, Cléber Folgado, apontou relação entre o uso de agrotóxicos e o aumento da incidência de câncer. Em audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, ele citou como exemplo a cidade mineira de Unaí, que tem uma presença marcante do agronegócio.
Segundo ele, o município registra, por ano, 1.260 novos casos da doença a cada 100 mil habitantes. O número corresponde ao dobro da média mundial de incidência de câncer, que é de 600 casos por 100 mil habitantes, por ano.
O presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Paraná, Luiz Antônio Lucchesi, apresentou algumas sugestões para melhorar as normas que regulamentam o uso de agrotóxicos (Lei 7.802/89 e Decreto 4.074/02). Ele defende o treinamento das pessoas que lidam com agrotóxicos, desde os produtores até os operadores dos fitossanitários.
O objetivo é fazer com que todos apliquem, manuseiem, transportem e armazenem o produto adequadamente. Lucchesi afirmou também que é necessário desburocratizar o registro dos fitossanitários para agilizar a liberação dos produtos.
Já Cléber Folgado disse que as sugestões de flexibilização das leis regulamentariam os problemas, ao invés de resolvê-los.
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FONTE : matéria da Agência Câmara de Notícias publicada pelo EcoDebate, 10/05/2012
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