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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Professora usa sucata para atrair interesse dos alunos


Professora há mais de 15 anos, Kátia Leite Campos, do Rio de Janeiro, criou um projeto que utiliza recursos encontrados no lixo para trabalhar com estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem. É o Projeto Ábaco, que integra conceitos filosóficos e socioeducacionais, pautados no desenvolvimento sustentável, ao processo de desenvolvimento do aluno.

Palitos de churrasco, tampinhas e argolas de garrafas plásticas e potinhos variados são alguns dos materiais usados. “Com caixas de ovos, papéis velhos em forma de bolinhas e jornais, com marcação de território, temos um jogo matemático que interdisciplinariza com geografia e história”, explica a professora, que dá aulas no Ciep (centro integrado de educação pública) Marechal Henrique Teixeira Lott, escola de ensino fundamental no bairro de Realengo, na Zona Oeste do Rio. Com licenciatura plena em matemática, ela é professora concursada do município desde 2001.

O projeto foi desenvolvido, inicialmente, com 28 estudantes do período final do primeiro ciclo que não sabiam somar, nem ler e escrever. Os alunos foram acompanhados durante dois anos, no período de 2006 e 2007. “Como essas crianças já haviam passado por vários métodos, procurei outras formas e acabei desenvolvendo uma metodologia com recursos vindos do lixo”, diz Kátia. Em sua opinião, os jogos proporcionaram mais astúcia e raciocínio lógico aos estudantes. Além disso, como algumas etapas exigiam a interpretação e a escrita em forma de registros, os alunos passaram a escrever espontaneamente. “Os alunos saíram do não-saber para o saber, do não-poder para o poder, do não-capaz para o capaz. Passaram a apreciar e gostar de aprender matemática. A assimilação ficou descomplicada”, destaca a professora.

Em 2008, o projeto teve a participação de 34 alunos. Este ano, são 33 os participantes. Para atender as necessidades dos alunos, Kátia fez algumas adaptações para criar níveis mais difíceis de desenvolvimento. Hoje, são 12 jogos, feitos com materiais recicláveis, aplicados na faixa etária dos cinco aos 12 anos.

Pesquisadora autônoma, ela considera como seus maiores desafios, hoje, nas pesquisas de campo, o desenvolvimento e a dinamização da metodologia e a divulgação e aplicação dos jogos. Ou seja, plantar a idéia e a metodologia a longo prazo e realizar mais estudos. Ela tem participado de palestras e congressos e recebido muitos pedidos de professores para realizar oficinas.

Outros projetos — Em 2000, quando dava aulas em Santo Antônio de Pádua, no interior do estado, Kátia aliou cantigas de roda à recreação para melhorar o desempenho de uma turma com dificuldades. Ela tocava as músicas e pedia aos alunos que escrevessem as letras no quadro-negro. Depois, passava as letras para a forma de notas musicais e atribuía valores. Os alunos tinham de combinar os valores e acertar as letras das músicas. “Chegamos a formar expressões numéricas e, nesse nível, eles já se desdobravam com facilidade e bom desempenho”, salienta.

Idealista, Kátia pretende continuar lecionando no ensino fundamental. “Quero ser uma professora graduada e pós-graduada em matemática, atuando na base da educação e dizendo a meus alunos: ‘Não tenha receio, vamos tirar de letra. Matemática não é nada complicada!’”

Para ela, é preciso mudar a forma pela qual a matemática é transmitida aos alunos, a fim de passar um sentimento de natural, simples e descomplicado. “Quando se diz que algo é difícil, cria-se um obstáculo.”
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FONTE : Fátima Schenini, do MEC (Envolverde/MEC)

Um comentário:

Mimirabolante disse...

Oi,trabalhei com sucata na Educação Infantil de 1981 até 2007........A sucata nos permite desenvolver diversas atividades,além de aumentar e expandir o processo criativo.....eu adorava trabalhar e até hoje penso em novas ideias.....Parabéns pela postagem.....Parabéns a esta Professora....que outras tbm tenham a mesma ideia e a mesma consciência....um abs,Mimi