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sexta-feira, 28 de agosto de 2009
COP-15: as propostas do governo e as do Brasil
Os empresários da indústria paulista (Fiesp), reunidos em sua elegante e moderníssima sede na av. Paulista, em São Paulo (SP), debateram, desde a terça-feira (25/08), as questões ambientais e os desafios das empresas para os próximos anos na luta contra as causas do aquecimento global. Em debate específico sobre as propostas do Brasil para a COP-15, no encontro que terminou nesta quinta-feira, os empresários ouviram do embaixador brasileiro para as mudanças do clima, Sergio Serra, que o Brasil vai levar a Copenhague uma “posição de governo, não uma posição do Itamarati”.
Ele explicou que o núcleo do processo decisório para a conferência do clima, no caso brasileiro, é formado por três ministérios: do Meio Ambiente (MMA), de Ciência e Tecnologia (MCT) e o Itamarti. Mas ressaltou que o processo teve um universo de consulta bastante maior, que incluiu o setor empresarial e outros da sociedade civil. E resumiu dizendo que o país espera da COP-15 “um resultado ambicioso que se oriente pelas recomendações da ciência”.
De acordo com os especialistas, para manter o aquecimento abaixo de dois graus centígrados até o final do século, é necessário que os países desenvolvidos apresentem uma proposta de redução de emissões entre 25% a 40%, a médio prazo, (até 2020) e, no caso de países em desenvolvimento, uma redução da conta de emissões, ou seja, uma redução da curva de crescimento dessas emissões.
No caso do Brasil, segundo o embaixador, “há um fator negativo gerado por uma série de ações do governo que levam ao aumento das emissões, como o programa luz para todos e o ainda incógnito programa de exploração de petróleo na faixa do pré-sal”. Mesmo assim, ele é otimista e acredita que o país tenha condições de reduzir bastante essa curva de crescimento. Ele ratificou o que já foi declarado pelo ministro Celso Amorim, "que o país tem condições de levar números a Copenhague”. Mas ressaltou que “esse ainda é um trabalho em construção”.
Disse que espera levar para a próxima reunião de negociações, que acontece entre o final de setembro e início de outubro em Bangcoc, na Tailândia, um documento compilado, e com um texto mais trabalhado, de cerca de 60 páginas, baseado no que foi apresentado em Bonn, que era muito extenso, de cerca de 200 páginas.
O embaixador destacou os avanços ocorridos em Bonn, há alguns dias, nas negociações do grupo que envolve os países desenvolvidos, formado a partir de Bali, em 2007. Negociações essas que, como explicou, “estavam empacadas por conta da indefinição norte-americana”. Em Bonn, além da adesão dos EUA, os principais países do Anexo I, exceto a Rússia, apresentaram propostas de redução de emissões “O aspecto positivo disso é que as negociações começaram a andar, com a apresentação de números claros, embora muitos desses números tenham sido modestos e, em alguns casos, até pífios”, disse.
Sergio Serra, apesar de se mostrar otimista quanto a um bom acordo em Copenhague, falou dos problemas que restam, como os entendimentos sobre as ações a serem desenvolvidas pelos países participantes, cujas características são muito diversas, a questão das inversões de recursos e tecnologias para os países não desenvolvidos e a configuração jurídica que os acordos terão pós-conferência. São questões que, segundo ele, podem tornar as negociações intermináveis e, se não forem bem definidas, podem dificultar a ratificação das decisões por parte dos países.
A fala do embaixador foi replicada pelo diretor da Fiesp, César Luis Godoy, que discordou da sua afirmação de que o Itamarati levará a Copenhague uma proposta do governo. Para Godoy, é preciso levar uma proposta do Brasil, da sociedade em conjunto com o governo.
Como representante empresarial, ele assegurou que “há muita coisa que a indústria pode fazer”, citando o exemplo das empresas de infra-estrutura, especialmente nas áreas de geração de gás e energia. Nessas áreas, segundo ele, o Brasil tem condições de entrar nas negociações dos créditos de carbono, procurando reforçar as propostas da instituição, que preconiza a apresentação de projetos de geradores de crédito de carbono em diversas áreas.
Também para o deputado Fábio Feldman, que foi um dos oradores no mesmo encontro, o cenário é otimista. Ele destacou o avanço das negociações em Bonn, com a adesão dos EUA, e disse acretidar que “o Brasil tem todas as condições de competir e de protagonizar, como fez no protocolo de Quioto e que, de maneira geral tem feito muito bem”.
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FONTE : Celso Dobes Bacarji (Envolverde)
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