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quinta-feira, 13 de agosto de 2009
As mudanças climáticas agravam as condições da pobreza
“As emissões de carbono cresceram mais 3% desde 2000 e não se fez nada”, disparou a espanhola Asunción St. Clair. “A pobreza não baixa em nenhum lado, salvo a indigência na China”, atacou o brasileiro Roberto Guimarães. Foi em um seminário realizado pelo CLACSO (Conselho Latino-americano de Ciências Sociais) e o Plano Fênix da Universidade de Buenos Aires na sede da Faculdade das Ciências Econômicas. Abraham Gak, diretor do Fênix, e Alberto Cimadamore, do CLACSO, falaram de “crise civilizatória” e apresentaram aos expositores que estabeleceram uma relação entre as mudanças climáticas e a pobreza.
St. Clair, pesquisadora na Noruega, questionou o Banco Mundial por considerar as mudanças climáticas “como uma variável a mais” em vez de produzir “críticas e alternativas, não adaptações, que mitiguem mudanças palpáveis ao ambiente”.
Para Guimarães, vice-chefe do Comitê Científico sobre o tema da UNESCO, “a chave é modificar padrões de consumo, não os biocombustíveis ou sequestrar carbono emitido. Há mais de 9 mil anos, domesticando a natureza, depois produzindo excedentes e finalmente adotando padrões de produção e consumo que gradualmente alienaram o ser humano, chegamos a isto. A crise econômica global só aprofunda a gravidade”.
Elizabeth Jiménez Zamora (Universidade Mayor de San Andrés, Bolívia) falou do impacto climático nos cultivos de pequenos produtores andinos “decorrentes do aumento das temperaturas médias, mais temperaturas extremas, perda de umidade do solo, novas pragas e chegada tardia e abrupta das chuvas”. Assim mesmo, marcou como consequências “as migrações forçadas e a perda de conhecimento local”, que milenarmente ajudou a produção andina.
Héctor Sejenovich (UBA e Universidade de Luján) enfatizou a necessidade de mudar as metas de desenvolvimento. “Antes, tratava-se de igualar a qualidade de vida dos países desenvolvidos; hoje, é insustentável: a produção mundial cresceu tanto entre 1950-1990 quanto em toda a história anterior. É impossível continuar nesse ritmo”.
Daniel Panario (Universidade da República, Uruguai), por sua vez, destacou as leis humanas autodestrutivas, ainda anteriores à revolução agrária de 9 mil anos atrás, “desde que um homem tomou o primeiro pedaço de pau para atacar outro. Mudar um padrão de consumo não levará menos de duas a três gerações”.
Contudo, Guimarães enfatizou que essa é a “única opção. As mudanças climáticas atingem, sobretudo, os pobres, como mostrou o Furacão Katrina, onde não morreu um único rico entre mais de 3.000 vítimas devido ao acesso a melhores informações sobre furacões e ao transporte. Nos últimos desastres ‘naturais’, em média, morreram 23 pessoas em países ricos e 1.052 em países pobres”.
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FONTE :IHU on-line (A reportagem é de Néstor Restivo e está publicada no jornal argentino Clarín, 10/08. A tradução é do Cepat) (Envolverde/Mercado Ético)
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