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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
O bug do Novo Milénio: Escassez de Água
O bug do novo milénio: escassez de água
A água representa vida para as pessoas e para a Terra. É o elemento mais precioso para que os seres vivos possam subsistir e cumprir a sua natural evolução. É vital para a saúde, agricultura, energia e manutenção da biosfera. No entanto, de acordo com o IBGE, o aumento do uso e do consumo de água, a poluição dos mananciais, o manejo inadequado dos ecossistemas hídricos e a escassez da água devido às acções do homem estão causando tantas alterações no regime de chuvas que, a persistirem as mudanças, um aumento de 2°C na temperatura média do planeta elevaria de 662 milhões para 3 mil milhões o número de pessoas ameaçadas pela escassez de água, segundo dados da World Wild Foundation (WWF).
No mundo, somos 1 197 milhões de pessoas sem acesso à água tratada e 2 742 milhões sem saneamento básico (dados da ONU, de 2004). Na pior das hipóteses, segundo a ONU, até a metade deste século, a previsão é de que 7 000 milhões de pessoas em 60 países enfrentem a escassez de água. Em 2050, pelo menos uma em cada quatro pessoas provavelmente viverá em um país afectado pela escassez crónica ou recorrente de água potável. Além disso, actualmente, somos mais de 45 milhões de brasileiros sem acesso à água potável e mais de 90 milhões sem acesso à rede de esgoto, segundo o IBGE.
O futuro não surge apenas no acto do presente, mas o acto do presente transporta vectores ao futuro. No caso do Brasil, a situação também é preocupante. Apesar de o país ter uma situação de disponibilidade hídrica privilegiada, nossa água não se encontra distribuída de maneira uniforme.
Brasília, por exemplo, além de enfrentar a escassez de água, tem problemas com a poluição do Lago Paranoá. Belo Horizonte já perdeu um manancial para abastecimento – a Lagoa da Pampulha – que precisou ser substituída pelos Rios Serra Azul e Manso, mais distantes do centro de consumo. O Rio Paraíba do Sul, que também abastece a região metropolitana do Rio de Janeiro, é o manancial de importantes cidades de São Paulo e Minas Gerais – nesta região são graves os problemas devido ao garimpo, à erosão, aos desmatamentos e aos esgotos. Em Porto Alegre, apesar do parecer de qualidade do PNUD, o Rio Guaíba está comprometido pelo lançamento de resíduos domésticos e industriais, além de sofrer as consequências do uso inadequado de agrotóxicos e fertilizantes.
Em vista disso tudo, e muito mais, o ser homem tem que descobrir que não é um dado absoluto do problema, mas sim um problema para a natureza. Observa-se que muitas das soluções estão em longo prazo; entretanto, em curto prazo, o trabalho de prevenção, orientação e educação para o uso e consumo de água faz-se necessário para que as cidades do Brasil e do mundo minimizem, num futuro próximo, os efeitos do bug do novo milénio: a escassez de água.
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FONTE : NADSON FLECH - Nadson Flesch é graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Santa Maria - RS, atua na área de consultoria e auditoria ambiental, cursou Biologia na Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR (1989) e Universidade Federal de Santa Maria (1990-1993) - RS, é técnico de tratamento de água e esgoto da Companhia Riograndense de Saneamento, CORSAN e é consultuor do Grupo Técnico de Reúso de Efluentes do Ministério do Meio Ambiente - Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
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