ActionAid lança filme de animação para explicar impactos da produção de etanol e biodiesel sobre os alimentos
No Dia Mundial da Alimentação, celebrado neste 16 de outubro, e em pleno Ano Internacional da Agricultura Familiar, a ActionAid lança o vídeo de animação “Biocombustíveis são mesmo verdes?”, com o objetivo de conscientizar a população sobre o uso deste tipo de energia. Anunciados como limpos, os biocombustíveis têm um processo de produção que, muitas vezes, é prejudicial ao meio ambiente e aos agricultores vizinhos às áreas de plantação de soja ou cana-de-açúcar. Além dos impactos ambientais, eles prejudicam a produção de alimentos, afetam as plantações com o uso de agrotóxicos e provocam a subida dos preços para o consumidor final. Em todo o país, os agricultores familiares são responsáveis por 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros.
Assista ao vídeo:
“O objetivo deste trabalho é tentar comunicar, de forma criativa, as contradições dos biocombustíveis e os impactos sobre a produção de alimentos no Brasil. Dizem que eles são combustíveis limpos e uma alternativa, por emitirem menos CO2, mas, na verdade, seu processo de produção tem uma série de impactos”, explica Maíra Martins, coordenadora da equipe de Políticas da ActionAid no Brasil. Ela completa: “Não queremos defender uma matriz energética em detrimento de outra, apenas fazer o debate aberto sobre os impactos reais daquelas que estamos usando, e a necessidade de ter maior regulação e controle na busca por alternativas mais sustentáveis”.
O vídeo mostra que a produção de etanol depende do uso de grandes áreas de monocultura, e de queimadas, para facilitar o corte das plantações, e agrotóxicos. Além disso, pequenos agricultores que vivem em áreas próximas a essas grandes plantações ficam isolados e, com a vizinhança totalmente alterada, solos e água contaminados por agrotóxicos, acabam mudando para as cidades. São pessoas que antes produziam alimentos para consumo próprio e para venda e, a partir das mudanças, passam a ter que comprá-los nas cidades. Alguns dos agricultores que ficam em suas terras decidem arrendá-las para as empresas de produção de biocombustíveis ou passam a trabalhar para elas. Os que insistem na produção de alimentos têm suas plantações atingidas pelo uso de agrotóxicos, além da saúde prejudicada.
É o caso do assentamento Roseli Nunes, que fica no município Mirassol d’Oeste, no Mato Grosso, foco de estudo de um relatório que a ActionAid lança junto com o vídeo nesta quinta-feira. O relatório, chamado “Biocombustíveis: futuro da energia ou ameaça de fome?”, é assinado por Sérgio Schlesinger, consultor da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE). O estudo tenta entender se é possível a convivência entre pequenos produtores de alimentos e de grandes produções de soja e cana-de-açúcar, para a produção de biocombustíveis. A conclusão é que o desmatamento e assoreamento dos rios, causados pela expansão das monoculturas e áreas de pastagem, vêm reduzindo o volume das águas disponíveis em rios, córregos e poços. E o uso intensivo de agrotóxicos tem impactado a produção de alimentos, impedindo, por exemplo, a produção de feijão, e prejudicando diversas formas de vida nos rios e córregos da região.
Baixe o relatório aqui.
O texto faz ainda recomendações pela adoção de medidas para regulamentar a produção de soja e cana-de-açúcar na região, inibindo práticas prejudiciais, além da opção pelo estímulo aos agricultores familiares.
Sobre a ActionAid
A ActionAid é uma organização de combate à pobreza, presente no Brasil há 15 anos. Está presente em 13 estados, trabalhando em parceria com 25 organizações locais em benefício de mais de 300 mil pessoas. Suas áreas de atuação são segurança alimentar, educação, direitos das mulheres e participação democrática.
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