Pelos direitos dos animais

A meu ver, as pessoas confundem o fato de nos alimentarmos de alguns animais e o poder de deles fazermos o que quisermos. Desde que o mundo é mundo, os seres vivos se alimentam uns dos outros e vão formando uma cadeia voltada ao equilíbrio na Terra. Por mais que alguns de nós se considerem melhores do que os outros, somos também nós parte da Criação e estamos inseridos nessa mesma cadeia. Na ausência de predadores, inclusive, tornamo-nos nossos próprios... No fim de tudo, porém, somos dos vermes e nada nos salva disso.
Tenho comigo que nos autoproclamarmos como senhores do universo tem o mesmo efeito que eu me proclamar, aqui nesse texto, Rainha da Inglaterra. Sei, por outro lado, que não sou dona da verdade, mas eu penso que, se no passado as experiências com os animais foram responsáveis pelos avanços da medicina, ótimo. Primeiro que não podemos mudar o que já aconteceu. Segundo porque, se aconteceu, isso nos coloca em dívida com os animais. Se hoje temos mais conhecimento, mais tecnologia, mais entendimento sobre o mundo que nos cerca, deveríamos prestar nosso tributo aos animais e não continuar submetendo-os a toda sorte de sevícias e absurdos.
Lembro que no passado, experiências grotestas foram realizadas em pessoas também e ainda que uma parte delas tenha sido responsável, no fim das contas, por avanços da medicina, tenho certeza de que esse argumento não convenceria ninguém a continuar com tais práticas.
Eu poderia escrever todo um tratado sobre esse assunto, mas além de que seriam minhas opiniões, não creio que convenceriam quem está resolvido a não encarar o fato de que os animais são mais do que coisas que usamos e descartamos. É, no mínimo, necessário que cada um de nós saia de sua zona de conforto e que se disponha a conhecer um pouco do assunto, ao menos para refletir se é verdadeira a sentença segundo a qual “se uma coisa sempre foi assim, deve continuar a ser”...
Viver é evoluir, é abrir mente e coração para a possibilidade de estarmos errados. Difícil, contudo, é alguém olhar nos olhos de um animal e não ver neles também a centelha divina que os torna merecedores do nosso respeito, para dizer o mínimo.
* Cinthya Nunes Vieira da Silva é advogada, professora universitária, cronista e membro da Academia Linense de Letras
Fonte: algo a dizer.
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