Os limites da Terra
Por Arthur Soffiati
Em 1972, o Clube de Roma lançou o famoso livro “Os limites do crescimento”, alertando para os perigos da superexploração dos recursos naturais para promover o “desenvolvimento”. Tratava-se de um relatório concebido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts que acabou sofrendo muitas críticas da esquerda. Ele foi considerado por muitos um documento que expressava os interesses dos empresários. Eu diria, de alguns empresários preocupados com o futuro, como Aurelio Peccei. Claro que a visão não era ecologista, mas compatibilista. O que se pretendia era a compatilibilização de crescimento econômico e proteção do ambiente. O grande empresariado e os governantes não deram a mínima atenção ao livro e continuaram com o crescimento exponencial da economia.
Falar em limites do crescimento pressupõe definir o tipo de crescimento e os limites da Terra. Um crescimento econômico baseado em matérias não renováveis é bem mais preocupante do que um crescimento sustentado por matérias não renováveis. Quanto aos limites da Terra, eles dependem de muitas variáveis. O Centro Resiliência de Estocolmo apontou dez fatores que ameaçam o estilo de crescimento adotado pelos países ocidentais e ocidentalizados pelo processo de globalização: 1- aumento das temperaturas planetárias, 2- esgarçamento da camada de ozônio, 3- alterações profundas nos oceanos (aquecimento e acidificação), 4- empobrecimento da biodiversidade, 5- uso intensivo do solo (remoção da vegetação nativa, agropecuária e urbanização), 6- comprometimento da água doce (quantidade e qualidade), 7- aceleração do ciclo do nitrogênio, 8- aceleração do ciclo do fósforo, 9- aumento de poeira na atmosfera e 10- poluição química.
Estes dez fatores atuam de forma natural, mas estão sendo potencializados pela ação humana coletiva. Na verdade, o que os cientistas do Centro Resiliência vêm estudando são as crises ambientais planetárias anteriores à atual. Eles buscam nelas seus principais elementos causadores. Estudam também a resiliência da Terra, ou seja, sua capacidade de suportar impactos e de absorvê-los sem mudar seus traços fundamentais atuais. A Terra é um organismo vivo, como propôs o cientista James Lovelock, considerado, no início, mais religioso que cientista. Hoje, sua hipótese virou tese. De fato, os elementos vivos e não vivos interagem e retroagem, formando um megaorganismo vivo, dinâmico e complexo. Assim, falar na morte do planeta por ação humana é exagero. Os hominídeos enfrentaram mudanças ambientais profundas e sobreviveram a elas. Mais que isso: tais mudanças estimularam as transformações biológicas (mutações genéticas e seleção natural), destruindo espécies e produzindo outras.
No final do processo, restou apenas o “Homo sapiens”, que se organizou, durante o Pleistoceno, em sociedades de coletores e caçadores. Estas duas atividades econômicas obrigava tais sociedades a uma vida nômade. A grande mudança climática natural entre o Pleistoceno e o Holoceno provocou a extinção de muitas espécies vegetais e animais, mas o “Homo sapiens” resistiu a ela. Algumas sociedades nômades domesticaram plantas e animais, criando a agricultura e o pastoreio, atividades que permitiram a sua sedentarização. Posteriormente, algumas sociedades sedentárias criaram cidades e avançaram para o que, por falta de expressão adequada, denominamos de civilização. Este processo ocorreu primeiro no Oriente Médio e, depois, em várias partes do mundo de forma independente.
De todas as sociedades civilizadas, a ocidental foi a única a criar um modo de produção cuja finalidade não era atender as necessidades básicas do ser humano, mas obter lucro. Visando acumular sempre mais capital, o mundo ocidental passou a produzir tecnologias sempre mais aprimoradas para exploração da natureza. Assim, eclodiu a revolução industrial. A maioria dos países ficou fora da industrialização, mas todos foram atingidos por suas consequências. Tanto capitalismo quanto socialismo utilizaram-se da mesma tecnologia para extrair matérias do planeta e usá-las como energia e bens de consumo. Na outra ponta, o processo de produção abalou o equilíbrio ambiental e social global.
A ameaça que paira sobre a humanidade não é a de extinguir o planeta ou de sua auto-extinção, mas a de mudanças profundas nas condições ambientais que nos permitiram chegar até aqui.
Resiliência e elementos da crise ambiental planetária atual segundo o Centro Resiliência de Estocolmo.
Estes dez fatores atuam de forma natural, mas estão sendo potencializados pela ação humana coletiva. Na verdade, o que os cientistas do Centro Resiliência vêm estudando são as crises ambientais planetárias anteriores à atual. Eles buscam nelas seus principais elementos causadores. Estudam também a resiliência da Terra, ou seja, sua capacidade de suportar impactos e de absorvê-los sem mudar seus traços fundamentais atuais. A Terra é um organismo vivo, como propôs o cientista James Lovelock, considerado, no início, mais religioso que cientista. Hoje, sua hipótese virou tese. De fato, os elementos vivos e não vivos interagem e retroagem, formando um megaorganismo vivo, dinâmico e complexo. Assim, falar na morte do planeta por ação humana é exagero. Os hominídeos enfrentaram mudanças ambientais profundas e sobreviveram a elas. Mais que isso: tais mudanças estimularam as transformações biológicas (mutações genéticas e seleção natural), destruindo espécies e produzindo outras.
No final do processo, restou apenas o “Homo sapiens”, que se organizou, durante o Pleistoceno, em sociedades de coletores e caçadores. Estas duas atividades econômicas obrigava tais sociedades a uma vida nômade. A grande mudança climática natural entre o Pleistoceno e o Holoceno provocou a extinção de muitas espécies vegetais e animais, mas o “Homo sapiens” resistiu a ela. Algumas sociedades nômades domesticaram plantas e animais, criando a agricultura e o pastoreio, atividades que permitiram a sua sedentarização. Posteriormente, algumas sociedades sedentárias criaram cidades e avançaram para o que, por falta de expressão adequada, denominamos de civilização. Este processo ocorreu primeiro no Oriente Médio e, depois, em várias partes do mundo de forma independente.
A ameaça que paira sobre a humanidade não é a de extinguir o planeta ou de sua auto-extinção, mas a de mudanças profundas nas condições ambientais que nos permitiram chegar até aqui.
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