Os fraudadores encontraram uma brecha no sistema do Ibama que os permitia simular compra e venda de madeira com o cadastro de empresas autorizadas para tais transações. Com a negociação fictícia, eles transferiam os créditos de licença para empresas fantasmas que, por sua vez, roubavam madeira de reservas, terras indígenas e unidades de conservação, já que tinham em mãos os documentos necessários para ‘legalizar’ a mercadoria.
Gurupi e Alto Turiaçu
A operação teve como foco a exploração predatória na Reserva Biológica do Gurupi e em terras indígenas situadas entre os estados do Maranhão e Pará, como Awá, Caru, Alto Turiaçu e Alto Rio Guamá. Coincidência ou não, regiões em que o Greenpeace esteve presente recentemente.
“Visitei a Terra Indígena Alto Turiaçu e o que presenciei foi uma situação desoladora. Um deles tinha sido espancado recentemente por madeireiros invasores, e nem sequer conseguiu registrar queixa, já que as autoridades criavam dificuldades, também com temor de represálias. Ameaças são constantes, ouvi relatos até mesmo de expulsão de uma tribo inteira de sua terra natal, rica em madeira de alto valor comercial”, relata Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace.
Em visita posterior à região, um repórter da revista Carta Capital detalhou em três páginas o drama dos índios na região. Agressões e ameaças por parte de madeireiros, invasões para retirada de madeira nobre, cooptação de lideranças e várias outras mazelas.
Ações de fiscalização são de suma importância em regiões críticas como as áreas contempladas na ação batizada de “nuvem negra”. Mas devem ser regulares, continuadas e ter efeito prático a médio e longo prazo. Caso contrário, em questão de meses o ciclo da violência e ilegalidade acaba reestabelecido pelos criminosos da floresta e seus aliados, espalhados por órgãos públicos, ocupando cadeiras no senado, congresso e tantas prefeituras e postos de liderança política pelos rincões amazônicos do Brasil.
“Precisamos de consistência nas ações de fiscalização. Afinal, apreensões e multas pontuais, além de servirem como soluções paliativas, acabam deixando os índios ainda mais vulneráveis a agressões e vingança por parte dos criminosos”, explica Batista.
* Publicado originalmente no site Greenpeace.
(Greenpeace)
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