Pesquisa realizada pela Anefac põe o Brasil como o terceiro país mais sustentável do G-20, devido à matriz energética limpa. Esse resultado reacende a questão que está, inclusive, no centro de muitos debates da Rio+20: basta matriz energética limpa para um país ser sustentável?
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) divulgou recentemente o Índice Anefac dos Países do G-20, um estudo comparativo dos países que são considerados as maiores economias do mundo. A Anefac levou em consideração, nessa pesquisa, o ranqueamento do país no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), índice Gini, desigualdade de gênero, pobreza, saúde, educação e sustentabilidade. Neste último indicador, a Anefac adota o critério da ONU para sustentabilidade, que engloba as taxas de emissão de carbono e o percentual de território protegido.
Os países pesquisados foram os 19 de compõem o G-20. A União Europeia, por ser uma entidade, foi deixada de fora. Os países analisados, portanto, foram: Itália, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia, Austrália, Indonésia, China, Japão, Coréia do Sul, África do Sul, Turquia, Brasil, Argentina, México, Arábia Saudita, Índia, Estados Unidos e Canadá.
Resultados
No que tange à sustentabilidade, o Brasil figura numa posição de destaque, de acordo com o levantamento da Anefac: terceiro lugar, atrás apenas da França e do Reino Unido. Tal desempenho foi alcançado principalmente pelo fato de o país ser detentor de uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, proveniente basicamente de usinas hidrelétricas que suprem 91% da demanda nacional. Ainda de acordo com a Anefac, essa matriz fornece indiretamente bons indicadores das emissões de carbono e da pegada ecológica dos brasileiros.
França e Reino Unido ficaram à frente do Brasil, mesmo tendo matriz baseada na energia atômica, como é o caso da França. No entanto, na visão da Anefac, a energia atômica pode ser considerada limpa, pois a poluição criada é ínfima. O fato de ser perigosa não entrou na avaliação. Outro critério que ajudou esses países a ficarem à frente do Brasil nesse indicador foi o alto índice de reutilização da água.
No índice geral da Anefac, o Brasil ocupa a 13ª. posição porque seu desempenho dos indicadores sociais é ainda precário, mesmo levando-se em consideração os avanços obtidos nos últimos anos.
Se forem considerados apenas os indicadores sociais, o Brasil ocupa a 17ª. posição entre os países do G20, apenas à frente da África do Sul e da Índia. Em relação à igualdade de gênero, o país melhorou, no entender da Anefac.
No contexto de todas as nações, o Brasil ocupa o 117º. lugar do índice Gini, que mede a distribuição de renda de um país. Isso mostra que, embora tenha melhorado, ela ainda continua sendo deficiente. Com relação ao IDH, que mede basicamente o nível de saúde e de educação, o Brasil é número 84 entre 187 países avaliados.
Sustentável?
O estudo da Anefac separa sustentabilidade das questões sociais e incorre no mesmo problema de muitos estudos sobre o tema.
Quando o termo “desenvolvimento sustentável” foi cunhado, em 1972, ele incluiu também a sustentabilidade e preconizava um modelo de economia no qual meio ambiente, sociedade e crescimento econômico andariam em harmonia.
O próprio estudo da Anefac mostra que não basta possuir uma economia de baixo carbono para resolver os problemas de um país. É preciso também conseguir avanços relevantes na esfera social e nas questões de integridade e transparência para que o “tripé da sustentabilidade” esteja em equilíbrio.
A pesquisa, no entanto, põe a sustentabilidade como um índice à parte dos indicadores sociais, adotando a visão de que ser sustentável é ser ambientalmente correto. Na verdade, a humanidade não conseguirá garantir o equilíbrio ambiental se não resolver os graves problemas de desigualdade social e de corrupção que ainda prevalecem na maioria dos países.
A nova economia só será verde se também for inclusiva e responsável, isto é, se conseguir promover o equilíbrio ambiental, a distribuição de renda e valores que garantam o acesso de todos às riquezas produzidas. Um dos obstáculos a vencer é justamente esse que separa a “economia verde” dos outros problemas do mundo, como a erradicação da pobreza e o combate à corrupção.
O que uma sociedade precisa para ser sustentável? É preciso encontrar soluções para os dez dilemas – ou temas – que são os focos de discussão na Rio+20.
* Publicado originalmente no site do Instituto Ethos.
(Instituto Ethos)
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) divulgou recentemente o Índice Anefac dos Países do G-20, um estudo comparativo dos países que são considerados as maiores economias do mundo. A Anefac levou em consideração, nessa pesquisa, o ranqueamento do país no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), índice Gini, desigualdade de gênero, pobreza, saúde, educação e sustentabilidade. Neste último indicador, a Anefac adota o critério da ONU para sustentabilidade, que engloba as taxas de emissão de carbono e o percentual de território protegido.
Os países pesquisados foram os 19 de compõem o G-20. A União Europeia, por ser uma entidade, foi deixada de fora. Os países analisados, portanto, foram: Itália, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia, Austrália, Indonésia, China, Japão, Coréia do Sul, África do Sul, Turquia, Brasil, Argentina, México, Arábia Saudita, Índia, Estados Unidos e Canadá.
Resultados
No que tange à sustentabilidade, o Brasil figura numa posição de destaque, de acordo com o levantamento da Anefac: terceiro lugar, atrás apenas da França e do Reino Unido. Tal desempenho foi alcançado principalmente pelo fato de o país ser detentor de uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, proveniente basicamente de usinas hidrelétricas que suprem 91% da demanda nacional. Ainda de acordo com a Anefac, essa matriz fornece indiretamente bons indicadores das emissões de carbono e da pegada ecológica dos brasileiros.
França e Reino Unido ficaram à frente do Brasil, mesmo tendo matriz baseada na energia atômica, como é o caso da França. No entanto, na visão da Anefac, a energia atômica pode ser considerada limpa, pois a poluição criada é ínfima. O fato de ser perigosa não entrou na avaliação. Outro critério que ajudou esses países a ficarem à frente do Brasil nesse indicador foi o alto índice de reutilização da água.
No índice geral da Anefac, o Brasil ocupa a 13ª. posição porque seu desempenho dos indicadores sociais é ainda precário, mesmo levando-se em consideração os avanços obtidos nos últimos anos.
Se forem considerados apenas os indicadores sociais, o Brasil ocupa a 17ª. posição entre os países do G20, apenas à frente da África do Sul e da Índia. Em relação à igualdade de gênero, o país melhorou, no entender da Anefac.
No contexto de todas as nações, o Brasil ocupa o 117º. lugar do índice Gini, que mede a distribuição de renda de um país. Isso mostra que, embora tenha melhorado, ela ainda continua sendo deficiente. Com relação ao IDH, que mede basicamente o nível de saúde e de educação, o Brasil é número 84 entre 187 países avaliados.
Sustentável?
O estudo da Anefac separa sustentabilidade das questões sociais e incorre no mesmo problema de muitos estudos sobre o tema.
Quando o termo “desenvolvimento sustentável” foi cunhado, em 1972, ele incluiu também a sustentabilidade e preconizava um modelo de economia no qual meio ambiente, sociedade e crescimento econômico andariam em harmonia.
O próprio estudo da Anefac mostra que não basta possuir uma economia de baixo carbono para resolver os problemas de um país. É preciso também conseguir avanços relevantes na esfera social e nas questões de integridade e transparência para que o “tripé da sustentabilidade” esteja em equilíbrio.
A pesquisa, no entanto, põe a sustentabilidade como um índice à parte dos indicadores sociais, adotando a visão de que ser sustentável é ser ambientalmente correto. Na verdade, a humanidade não conseguirá garantir o equilíbrio ambiental se não resolver os graves problemas de desigualdade social e de corrupção que ainda prevalecem na maioria dos países.
A nova economia só será verde se também for inclusiva e responsável, isto é, se conseguir promover o equilíbrio ambiental, a distribuição de renda e valores que garantam o acesso de todos às riquezas produzidas. Um dos obstáculos a vencer é justamente esse que separa a “economia verde” dos outros problemas do mundo, como a erradicação da pobreza e o combate à corrupção.
O que uma sociedade precisa para ser sustentável? É preciso encontrar soluções para os dez dilemas – ou temas – que são os focos de discussão na Rio+20.
* Publicado originalmente no site do Instituto Ethos.
(Instituto Ethos)
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