O WWF-Brasil e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) vêm preparando, nos últimos meses, um levantamento inédito sobre espécies madeireiras do Sul do Amazonas.
Este inventário tem o objetivo de reunir informações sobre as espécies mais comuns da região; além de ajudar na identificação realizada pelos técnicos de órgãos como as prefeituras municipais daquela área, o próprio IPAAM e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Este documento será publicado em formato de bolso e será distribuído a “mateiros”, identificadores botânicos, empreendedores do setor florestal e técnicos e operadores que lidam com licenciamento ambiental e fiscalização – em cidades como Apuí, Lábrea e Humaitá. Sua previsão de publicação é no primeiro semestre de 2015.
Segundo os responsáveis pelo trabalho, as espécies madeireiras que existem hoje no Sul do Amazonas são muito parecidas. Durante trabalhos de campo como fiscalizações e visitas para licenciamento ambiental, é comum a ocorrência de confusões e interpretações equivocadas sobre as características das espécies que são analisadas.
As informações que vão compor este inventário já estão sendo coletadas. Até o momento, 23 espécies foram registradas, fotografadas e tiveram parte de seu local de ocorrência mapeado. A ideia é chegar a 60 espécies. Este material, posteriormente, será depositado no herbário do Instituto Federal de Educação Ciência, Tecnologia do Amazonas (Ifam), em Manaus (AM).
Atividades de campo
De acordo com o analista de conservação do WWF-Brasil, Marcelo Cortez, um dos maiores problemas existentes hoje no licenciamento ambiental do Amazonas é justamente a confusão que existe no momento da identificação das espécies florestais.
Segundo o especialista, é comum que os técnicos peguem autorizações e planos de manejo que descrevem determinado tipo de espécie; quando os fiscalizadores apreendem o material, no entanto, ele corresponde à outra espécie, configurando um crime ambiental.
“Esta confusão, no entanto, nem sempre ocorre com o objetivo criminoso. Às vezes é desconhecimento, já que algumas espécies são de difícil descrição. E é este problema que queremos atacar”, explicou Cortez.
Problemas de identificação
Marcelo disse que a iniciativa busca também levantar a discussão sobre a lista de espécies do Documento de Origem Florestal (DOF) – que é “limitadíssima”, segundo ele. O DOF é o instrumento na qual são registradas todas as informações sobre a madeira, como espécie, origem, destino, volume e seus proprietários.
O analista contou que cerca de 70% a 80% das espécies que ocorrem no Sul do Amazonas não estão na lista do DOF. Por isso, quando precisam utilizar o documento, muitos operadores registram a madeira com se fosse de outra espécie, dando origem aos problemas de identificação, dificultando a fiscalização feita pelos órgãos competentes e, em última instância, contribuindo para o desmatamento das florestas da região.
Para a analista ambiental do IPAAM, Aline Britto, a objetivo final do trabalho é fortalecer a cadeia produtiva da madeira e inibir a ocorrência de crimes ambientais. “Queremos que os mateiros tenham acesso à informação e assim nos ajudem a implementar a política florestal do nosso Estado. Se essa identificação for feita no campo de maneira adequada, já é um grande passo”, afirmou.
Capacitação
Em paralelo ao levantamento, o WWF-Brasil e o IPAAM também têm promovido, ao longo de 2014, cursos de identificação botânica junto às equipes de campo e ‘mateiros’ de empresas que atuam na exploração florestal – principalmente serrarias de médio e grande porte. Esta capacitação já foi realizada em Apuí, no distrito de Santo Antônio do Matupi, na cidade de Manicoré, e em Humaitá.
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.
(WWF Brasil)
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