A 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas chegou ao fim em Lima, no Peru, sem definições claras de como as emissões serão controladas.
Muitas dúvidas e perguntas, poucas definições. Foi assim que a COP20 – a 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas – chegou ao fim em Lima, no Peru, na madrugada de sábado para domingo. O impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento impediu que a Conferência fosse encerrada na sexta-feira no horário previsto e acabou suavizando no texto final critérios de avaliação e a data de entrega das metas nacionais que devem ser apresentadas no ano que vem.
Durante duas semanas, negociadores de mais de 190 países se reuniram para discutir como combater as mudanças climáticas e controlar as emissões de gases de efeito estufa. A reunião que ocorreu em Lima tinha o objetivo de estabelecer as bases para que os países apresentem seus compromissos e promessas. Lima era, portanto, um encontro preparatório e facilitador para o acordo que deve ser assinado no ano que vem e que entra em vigor a partir de 2020.
Não houve definição clara sobre as regras para o formato dessas metas nacionais, nem clareza sobre como os países desenvolvidos e os em desenvolvimento serão diferenciados. Temas como adaptação – apontada por Christiana Figueres, secretária executiva da COP, como tão importante quanto a redução das emissões de gases – e financiamento foram tratados de forma vaga no texto.
“Foram duas semanas de debates intermináveis sobre parágrafos, vírgulas e qual a melhor palavra para constar em determinado texto. Uma disputa para ver quem tem menos culpa e quem deve pagar mais. Enquanto isso mais de 1 milhão de pessoas foram evacuadas de suas casas nas Filipinas por conta de um tufão, mostrando a urgência de um acordo ambicioso”, disse Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Apesar das muitas questões ainda em aberto, um elemento importante que fez parte de discussões concretas foi o de zerar as emissões de CO2 até 2050. É a primeira vez em que alternativas para que isso seja alcançado foram realmente discutidas e se os países finalmente concordarem com esse caminho, a transição de energias fósseis para uma matriz energética 100% renovável se tornará realidade.
“Essas reuniões só trarão resultados concretos quando os países tiverem feito suas lições de casa, não adianta acreditar que 190 países vão chegar a uma conclusão na Conferência se não tiverem se preparado para isso”, continuou Baitelo, “ o Brasil, por sua vez, precisa acabar com os investimentos em combustíveis fósseis, diversificar e descentralizar sua matriz energética e zerar o desmatamento. Temos que pressionar os negociadores para termos em Paris um acordo que responda a essas lacunas.”
* Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil.
(Greenpeace Brasil)
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