Algumas das maiores corporações do planeta relatam como eventos climáticos extremos já afetam diretamente suas operações e descrevem as perdas ocorridas no passado e o temor pelo futuro
A Tailândia enfrentou uma enchente histórica em julho de 2011 que afetou severamente a indústria local, incluindo a produção de milhares de equipamentos de informática que eram destinados à gigante do setor Hewlett-Packard (HP). A queda no fornecimento destas mercadorias fez com que a HP tivesse que buscar novos parceiros de forma urgente, resultando em uma redução de 7% no faturamento da empresa naquele ano.
Quem forneceu o relato acima foi a própria HP, que aceitou o convite do CDP para participar do relatório “Major public companies describe climate-related risks and costs” (algo como, Grandes empresas descrevem os riscos e custos relacionados ao clima), divulgado na última semana.
Para produzir o relatório, o CDP, uma organização internacional que atua junto a cidades, investidores e empresas de todo o mundo para prevenir as mudanças climáticas e proteger os recursos naturais, ouviu 60 companhias que estão listadas no S&P 500, índice que reúne as maiores empresas da Bolsa de Nova York e da NASDAQ.
Das corporações entrevistadas, 45% reconheceram que já enfrentam problemas com eventos extremos ou esperam sofrer com eles nos próximos cinco anos. Em 2011, apenas 26% das empresas reconheciam essa ameaça.
“Lidar com as mudanças climáticas é agora um custo a mais ao ser fazer negócios. Investir em resiliência climática, seja diretamente em suas instalações ou na cadeia de fornecedores, é crucial para que as corporações gerenciem o risco climático crescente”, explicou Tom Carnac, presidente do CDP nos Estados Unidos.
Leia alguns dos relatos das empresas:
Chevron: O furacão Katrina assolou o Golfo do México em 2005, e, apenas três semanas depois, outro furacão, o Rita, também causou prejuízos na mesma área. Os custos dos reparos das nossas instalações somaram US$ 1,4 bilhão, afetando os resultados da companhia naquele ano. Novos exemplos de eventos similares podem causar impactos semelhantes.
Wal-Mart: Entre 2004 e 2012, o nosso braço norte-americano registrou mais de US$ 3 milhões em perdas devido à queda do fornecimento de energia causada por eventos climáticos. O prejuízo total que pode ser relacionado ao clima varia de ano a ano conforme a gravidade dos eventos extremos, mas a média é de US$ 20 milhões em perdas anuais.
Alcoa: A redução de precipitação no Sudeste dos EUA em 2010 provocou uma queda na geração de quatro das nossas instalações hidroelétricas na região. No Brasil, a baixa precipitação durante o mesmo o período elevou o custo de energia no país, prejudicando as nossas operações. No oeste australiano, secas têm causado problemas para as nossas refinarias de bauxita.
Lockheed Martin: O Texas enfrentou em 2011 seu verão mais quente já registrado, assim como secas históricas em muitas partes do estado. Muitas das nossas maiores instalações foram afetadas e sentiram a pressão do aumento das temperaturas e de restrições no uso da água.
Dow Chemical: Com forte presença na região do Golfo do México, estamos sentindo os efeitos do clima extremo e tememos pelo futuro. Em 2008, os furacões Gustave e Ike causaram a queda no fornecimento de energia e interromperam a produção em várias de nossas fábricas. As perdas naquele ano foram de US$ 181 milhões.
Pepsico: Investimos cerca de US$ 12 bilhões em ingredientes básicos agrícolas, US$ 6,9 bilhões em commodities como papel e derivados de petróleo e mais de US$ 1 bilhão na aquisição de energia. Como resultado disto, sabemos que somos sensíveis à elevação das temperaturas, às alterações climáticas, aos problemas de transportes devido a enchentes e a outras variações que são percebidas como um risco para o mercado de commodities.
The Hartford Financial Services Group: De acordo com o Instituto de Informações de Seguros, o total de perdas seguradas em 2011 nos EUA foi de US$ 35,9 bilhões, bem acima da média anual da década anterior, US$ 23,8 bilhões. Isso foi devido ao grande número de catástrofes naturais, 171, incluindo uma temporada muito intensa de tempestades. Os nossos números mostram perdas de US$ 745 milhões para nossos clientes, com US$ 320 milhões estando relacionados a eventos climáticos.
Union Pacific: Temperaturas fora do comum e o aumento no número ou na intensidade de eventos climáticos extremos afetam negativamente nossos clientes e resultam em menos negócios para o setor de transportes. Por exemplo, em 2012, por causa da seca histórica em muitas partes dos EUA, as nossas cargas de milho foram reduzidas em 11%.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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