Na manhã de hoje, ativistas do Greenpeace França embargaram simbolicamente um carregamento de madeira brasileira suspeita de ser ilegal, no porto de La Rochelle, na França. A atividade ocorre após o lançamento de uma investigação do Greenpeace que revelou o descontrole e os altos índices de ilegalidade que imperam no setor madeireiro na Amazônia.
Em 2013, cerca de 12% de toda a madeira exportada da Amazônia teve a França como destino. Individualmente, foi o país Europeu que mais importou esse tipo de madeira. “Nós denunciamos a inação das autoridades francesas e a atitude dos importadores que não mudaram seus hábitos em relação a países e fornecedores em risco muito elevado de ilegalidade”, disse Jérôme Frignet, do Greenpeace França.
Um terço da madeira exportada da Amazônia brasileira vai para a Europa. Por ser um grande comprador, a União Europeia editou, em março de 2013, um regulamento para tentar garantir que seus países não comprem madeira ilegal. Este regulamento, porém, deve ser implementado por cada país individualmente e, na França, isto ainda não aconteceu. O Greenpeace exige que o governo francês cumpra o regulamento. “Diante de tamanho descontrole e ilegalidade, é inaceitável que países que consomem madeira da Amazônia não tenham mecanismos eficazes e seguros para garantir a origem do produto que compram. E a França, pelo volume das suas compras, deveria ser um exemplo. Mas hoje não é o que acontece”, disse Marcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.
A investigação do Greenpeace revelou uma contaminação da cadeia comercial que atende o mercado europeu devido a casos de fornecedores envolvidos em irregularidades ou que adquiriram madeira de planos de manejo irregulares. Tais produtos são “lavados” com documentação oficial do governo brasileiro e vendidos como se fossem legais, devido às falhas no sistema de controle.
Entenda
Em vez de conter o crime, o sistema de controle de produtos florestais na Amazônia é usado para ‘lavar’ madeira produzida de forma predatória e ilegal que, mais tarde, será vendida a consumidores no Brasil e no mundo. Os estados da Amazônia, que administram a madeira que sai da floresta e entra nos mercados, não são capazes de provar que controlam o setor, e o consumidor não consegue ter certeza de que não está contribuindo com a destruição da Amazônia.
O Greenpeace exige que o governo brasileiro reveja todos os planos de manejo aprovados na Amazônia desde 2006, implemente regras mais consistentes para controle do setor, torne esses processos públicos, e aumente a governança na região, dando maior capacidade e infraestrutura aos órgãos ambientais federais e estaduais.
O mercado também tem um papel a cumprir: empresas que adquirem madeira da Amazônia devem parar de comprar a menos que tenham garantias, através de mecanismos próprios, de que sua origem não tenha contribuído para o desmatamento, degradação florestal, perda de biodiversidade ou impactos sociais negativos, uma vez que o atual sistema oficial é falho, inseguro.
* Publicado originalmente no site Greenpeace.
(Greenpeace)
Nenhum comentário:
Postar um comentário