Às
classificações da diversidade humana, baseadas na morfologia física e no
conceito de raça, sobrepunham-se igualmente aspectos do comportamento e formas
de pensar e sentir (aspectos sócio-culturais). O evolucionismo darwinista
inspirara, inicialmente, uma hierarquização da diversidade humana e das “raças”
em que a raça “branca” estaria no ápice da escala de evolução, devido à sua
“superioridade” tecnológica e, acreditava-se, moral (etnocentrismo evolucionista
que, na antropologia social ou cultural, teve também grande
influência).
Não
obstante, com a influência do evolucionismo darwinista e da biologia
experimental do início do século XX, as classificações da antropologia física
passaram, das características morfológicas à inclusão de parâmetros mais
profundos da biologia humana, como os grupos sanguíneos; as características da
hereditariedade genética; da estatística, com as seqüências médias de caracteres
genéticos e da teoria da probabilidade.
A
associação entre a antropologia biológica e a genética faz parte deste movimento
que aprofundou o olhar científico da morfologia para as moléculas e que, segundo
Ventura dos Santos (op. cit. : 126-129), consistiu em um movimento metodológico
significativo, designado como a “segunda revolução darwinista”. A associação
entre antropologia e genética faz parte deste movimento metodológico. Os
antropólogos físicos, atualmente, buscam mais medir a distribuição de certas
substâncias no sangue; a pressão sanguínea e de seqüências genéticas específicas
em determinados grupos humanos.
Os
estudos da antropologia física estariam assim, mais próximos dos estudos
arqueológicos; médicos e genéticos, voltados, no contexto do processo
saúde-doença, para as interações adaptativas entre a biologia humana e o
meio-ambiente natural e sócio-cultural. Para uma revisão crítica e síntese dos
rumos da Antropologia Física atual, ver Gould (1991).
A
genética, aprofundando mais o enfoque metodológico, ganhou um estatuto que
passou de disciplina puramente científica para a de técnica, com a engenharia
genética. É particularmente decisivo para as questões atuais sobre a diversidade
humana, na bioética e na antropologia social, o emprego da engenharia genética,
o decifrar da cadeia de DNA humano, e a ênfase no “genoma”.
A
“Nova Genética”, fruto das revisões críticas pós-modernas, define-se enquanto
técnica terapêutico-preventiva de doenças herdadas e como uma engenharia. Este
assunto será reelaborado no próximo item, sobre a Diversidade Cultural. Para uma
crítica atual das questões ligadas às implicações sócio-culturais e políticas da
Nova Genética, cf. Petersen e Bunton, 2002.
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FONTE : Cibele
Verani,
NESPISI/ENSP/Fiocruz
NESPISI/ENSP/Fiocruz
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