Na segunda metade do século XX, a temperatura da Mongólia se elevou em 2º C – um aumento que ocorre com pouquíssima frequência. Mudanças recentes trouxeram secas e zuds (tempestades de inverno) que complicam as vidas dos pastores de ovelhas, gado e cabras do país, os quais estão se adaptando à economia de mercado após décadas de comunismo. O encontro deste ano da União de Geofísica Americana, em São Francisco, no entanto, foi palco da divulgação de uma mudança mais antiga do clima mongol que pode ter sido responsável por complicar as vidas de mais pessoas do que alguns poucos pastores. Se Amy Hessl da Universidade de West Virgina e Neil Pederson da Universidade Columbia estiverem corretos, foi uma alteração no clima que permitiu que Gengis Khan e sua horda conquistassem metade da Eurásia.
O grande Khan chegou ao poder em 1206, ano em que congregou as tribos sob o seu domínio, e morreu em 1227. Hessl e Pederson têm dados de anéis de árvores que parecem revelar que de 1208 a 1231 a Mongólia experimentou uma série de anos mais úmidos que o normal que durou mais do que qualquer outro período do milênio passado. Estudos anteriores de anéis de árvores mostram que o mesmo período também foi incomumente quente.
Um período mais longo que o de uma geração de clima ameno propiciou pastos mais abundantes que o normal. Mais forragem significa mais cavalos, e portanto mais recursos para o império – pois se a marcha de um exército depende de seu estômago, o galope de uma manada certamente depende de forragem. Ninguém considera que Gengis Khan em si não esteja relacionado de modo algum às conquistas. Mas seu gênio estratégico poderia ter sido anulado caso o clima não lhe houvesse ajudado.
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FONTE : * Publicado originalmente na revista The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.
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