No período de 2002 a 2008, a cadeia produtiva agrícola nacional retirou do meio ambiente 108 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas.
“Isso significa que ajudamos a reduzir a emissão de mais de 160 mil toneladas de dióxido de carbono. A gente tem um benefício ambiental palpável, como resultado do trabalho e esforço de toda a cadeia [produtiva]”, disse à Agência Brasil o presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inPev), João Cesar Rando.
O Brasil é atualmente líder no processo de descarte correto desse tipo de embalagens em todo o mundo. Já é considerado um centro de excelência e está se tornando uma referência no assunto, afirmou Rando.
“O país tem uma lei inteligente que distribui responsabilidades a todos os elos da cadeia produtiva. Acho que a integração de todo o sistema é importante. Todos os atores da cadeia produtiva, sejam agricultores, revendedores, cooperativas, fabricantes, estão comprometidos com o sistema”.
Segundo o presidente do inPev, o elevado investimento realizado no país nessa área permitiu a existência hoje de uma infraestrutura e logística adequadas. Isso envolve desde a coleta das embalagens até a destinação final, por meio da reciclagem ou da incineração, utilizando o processo de transporte reverso, em que os caminhões que entregam os produtos cheios retornam trazendo as embalagens vazias. “São alguns pontos que fizeram com que o Brasil progredisse e avançasse muito na gestão desse sistema”.
De acordo com dados do inPev, até o fim de abril de 2010, foram corretamente destinadas para reciclagem 10 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos. O presidente da entidade estima que até maio, esse número deve ter se elevado em 20%, em comparação com o mesmo período de 2009, atingindo 13,8 mil toneladas retiradas do meio ambiente. A projeção para o ano de 2010 é alcançar 31 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos.
João Cesar Rando avaliou que a situação é bastante homogênea entre os estados que dão destinação correta a esse tipo de embalagem. O Paraná, Mato Grosso e a Bahia estão acima da média nacional de 95%. Outros, como o Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Maranhão, este em função da nova fronteira agrícola, também mostram bom desempenho. “A situação está harmonizada. Hoje, não tem estados que não estejam fazendo um trabalho bom”.
O inPev participa do 8º Encontro de Fiscalização e Seminário Nacional sobre Agrotóxicos, que ocorre de ontem (14 ) até o próximo dia 17, em São Luís (MA).
Unidades que recebem embalagens vazias de agrotóxicos sobem de 15 para 416
O trabalho de coleta e destinação adequada das embalagens vazias de agrotóxicos foi iniciado no Brasil na década de 90, por uma iniciativa voluntária da indústria produtora. A entrada em vigor, em 2002, da Lei 9.974/2000, que definiu o sistema de destinação final de embalagens vazias de agrotóxicos, possibilitou a reciclagem desse material.
O trabalho foi reforçado com a criação do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inPev), que permitiu ao sistema evoluir de forma mais rápida. O presidente da entidade, João Cesar Rando, informou à Agência Brasil que de 1990 para cá, o número de unidades de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas subiu de 15 para 416. Dessas, 115 são unidades centrais, que recebem, inspecionam, compactam e despacham as embalagens para o destino final. Todos os 26 estados agrícolas brasileiros estão cobertos por essa malha.
Paralelamente, o inPev investe em campanhas maciças de esclarecimento à população rural e conscientização dos agricultores, em parceria com o governo. “Tudo isso criou oportunidades e uma evolução muito positiva do sistema”.
Em 2002, quando o instituto começou a operar, conseguiu retirar do meio ambiente 3,8 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas. No ano passado, a entidade totalizou 27,8 mil toneladas retiradas. “Hoje, o Brasil tem um dos índices mais altos do mundo de retirada de embalagens”, acrescentou Rando.
Sobre as embalagens plásticas de agrotóxicos, o país retira 95% do que é colocado no mercado. A França retira cerca de 50%, a Alemanha 65%, o Canadá 75% e os Estados Unidos 20%.
Em agosto próximo, o inPev pretende repetir campanha educativa de massa, feita no ano passado, visando à conscientização do produtor rural. A mensagem principal é “Lave, Devolva. A Natureza Agradece”. O trabalho educativo foi iniciado pela entidade em 2005 e utiliza como personagem central o espantalho Olimpio, que conversa com o público, ensinando o correto manejo das embalagens vazias de defensivos.
No mesmo mês, deverá ser realizado o Dia Nacional do Campo Limpo. “É um evento que vai se realizar no dia 18 de agosto e envolve cerca de 100 unidades de recebimento”.
A iniciativa é realizada nas escolas para mostrar que trabalhando a geração presente, o país está preservando o futuro. No ano passado, mais de mil escolas da zona rural foram envolvidas nas comemorações do Dia Nacional do Campo Limpo, abrangendo 117 mil pessoas. Promoções em feiras agropecuárias também constam da agenda do inPev para 2010.
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FONTE : Alana Gandra, da Agência Brasil (publicada pelo EcoDebate, 15/06/2010)
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