Se no passado os povos celebravam e consagravam as sementes todos os anos, hoje há iniciativas pontuais para resgatar a variabilidade genética das sementes com a ajuda da agricultura familiar. O Banco de Sementes Crioulas de Canguçu (RS), com tradicionais variedades de grãos, está entre os finalistas para o prêmio da Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2009.
A semente de um raro milho branco, chamado de catete branco; uma variedade de feijão, conhecido como feijão-arroz, porque a semente é comprida e fina como os grãos de arroz; e ainda espécies centenárias de favas, abóboras e melancias. Todo este material cuja variabilidade genética estava ameaçada pela produção em grande escala faz parte do banco de sementes crioulas, projeto selecionado para concorrer ao 5º Prêmio da Fundação Banco do Brasil de Tecnologias Sociais. O resultado final do prêmio sairá no dia 24 de novembro e as oito melhores tecnologia receberão cada uma R$ 50.000,00.
Há 14 anos, a Unaic, União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu, município do Rio Grande do Sul, desenvolve esse projeto. A semente crioula é aquela que não foi geneticamente modificada. Hoje em dia, trata-se de um patrimônio genético só encontrado nas comunidades mais antigas, como os agricultores familiares ou grupos mais tradicionais como indígenas e quilombolas. O objetivo da Unaic, desde que foi criada, é reunir estas comunidades e fazer com que os agricultores mais tradicionais multipliquem suas sementes. Com a ajuda dos técnicos especializados e parcerias com órgãos como a Embrapa e outros, o excedente da produção é comercializado por meio do banco de sementes. A iniciativa também incentiva a manutenção da prática da agricultura familiar. Pelo menos 40 mil pessoas já foram beneficiadas na região de Canguçu e municípios vizinhos, como Pelotas.
A produção de Sementes Crioulas na Unaic começou a ser realizada em setembro de 1994, com assessoria técnica da Pastoral Rural da Igreja Católica e Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), entidade que é ligada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). O programa conta ainda com o apoio da EMBRAPA, que contribuiu com a troca de material genético entre a empresa e os agricultores. No ano de 1997 foi criado o Banco Comunitário de Sementes, com o objetivo de promover a troca de sementes entre os agricultores e, consequentemente, a reprodução e preservação dessas variedades.
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FONTE : EcoAgência e Brasil Autogestionário.
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