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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sistema de monitoramento de chuvas na Serra do Mar poderá prever desastres

Sismaden agrega dados climáticos do trecho entre Itanhaém e Ubatuba.
Informações são cruzadas com o mapeamento de áreas de risco.

Uma ferramenta de acompanhamento em tempo real das condições climáticas da Serra do Mar – Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Sismaden) – poderá se tornar importante para prever riscos de tragédias como a que ocorreu no réveillon em Angra dos Reis. O projeto agrega informações do trecho paulista da serra, entre os municípios de Itanhaém e Ubatuba.

As informações são da agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Segundo Chou Sin Chan, pesquisadora do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Sismaden recebe e processa automaticamente informações coletadas de diversas fontes, analisa os dados e caracteriza o nível do risco em diferentes regiões.

A partir do estado de 'atenção', equipes treinadas são enviadas ao local para vistoria de campo

“As informações que chegam ao Sismaden são: chuvas e suas trajetórias detectadas por radar ou estimadas por satélite; localização dos relâmpagos; previsões numéricas de chuva; probabilidade da previsão de chuvas intensas; e índices de severidade das tempestades, além de leituras vindas de dez estações meteorológicas e cinco hidrológicas”, explicou Chou.

As estações enviam leituras em tempo real e automaticamente por meio do Satélite de Coleta de Dados (SCD-1) do Inpe, ou via sistema de telefonia por celular. “Essas informações são utilizadas para alimentar o modelo matemático de previsão de tempo e para o monitoramento das condições meteorológicas e hidrológicas. Em situações de risco, o envio das medidas de chuva em tempo real é crucial para tomada de ação”, disse.

As informações meteorológicas são cruzadas com o mapeamento de áreas de riscos. O Sismaden verifica a iminência de extremos de chuvas em locais suscetíveis a deslizamento sobre áreas ocupadas. Se a resposta for positiva, o sistema emite um alerta categorizado por cores no qual vermelho significa estado de alerta máximo. As categorias de alerta vão de “observação”, “atenção”, “alerta” e “alerta máximo”. A partir do estado de “atenção” equipes treinadas são enviadas ao local para vistoria de campo. A avaliação humana no local, de acordo com a pesquisadora, ainda é imprescindível para que ações de evacuação possam ser tomadas.

“Nos deslizamentos de Angra dos Reis (RJ) do início do mês, por exemplo, houve relatos de moradores afirmando haver lamaçal e pedras descendo do morro antes da tragédia”, diz a pesquisadora. Esse seria um dos sinais que poderiam ser detectados por técnicos.

A Serra do Mar abriga eventos climáticos extremamente heterogêneos, explica o pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Agostinho Tadashi Ogura, que também participou do projeto. “Pode estar fazendo sol na estação climática e uma chuva forte estar caindo a 1 quilômetro dali”, disse. Também podem ocorrer diferenças no clima do pé da serra, na meia encosta e em seu topo. Instalar uma estação para cada trecho a ser considerado seria inviável, segundo Ogura. O IPT criou um índice que avalia os riscos de deslizamento, o coeficiente de precipitação crítica (CPC). O CPC baseia-se em análises de índices de chuvas e os níveis que provocaram desastres em ocorrências passadas. Um CPC menor do que 1 é considerado estado normal; 1,2 já indica possibilidade de escorregamento induzido, quando a ação humana alterou o perfil da encosta.

Além do Inpe e do IPT, o projeto teve a participação de pesquisadores de outras instituições, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Sismaden é uma ferramenta desenvolvida no âmbito do Projeto Temático “Estudos da previsibilidade de eventos meteorológicos extremos na Serra do Mar”. O trabalho é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
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FONTE : informações da Agência Fapesp (por Fabio Reynol)

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