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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pesquisadores apontam que proteger as florestas ainda é uma das melhores ações de mitigação


Pesquisadores apontam que proteger as florestas ainda é uma das melhores ações de mitigação

Debate sobre “Florestas tropicais, mitigação e adaptação a mudanças climáticas” aconteceu na tarde desta quinta-feira (29) durante3 º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013, em Manaus (AM)
Anália Barbosa – CIÊNCIAemPAUTA / INPA

As florestas tropicais e as ações de mitigação (redução de danos) e adaptação às mudanças climáticas foram discutidas durante o segundo dia do 3º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013, nesta quinta-feira (29) realizado na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI),em Manaus (AM).
O consenso entre os pesquisadores apontou que reduzir as emissões de gases do efeito estufa e proteger as florestas são as principais ações humanas voltadas para lidar com as causas do aquecimento do planeta. “Não podemos esperar a floresta Amazônica ser degradada como foi a Mata Atlântica e outras florestas para poder agir. O investimento para recuperar essas áreas será bem maior. Quando se fala de efeito estufa, o tempo tem muito valor”, destacou o doutor em ciências biológicas e pesquisador do Inpa, Philip Fearnside.
A necessidade de mais investimentos em pesquisas e de uma melhor distribuição geográfica desses estudos, inclusive na Amazônia, foi destacada como desafio para o sucesso nas intervenções de mitigação* e o papel da ciência nesse processo. “Temos muita coisa feita e muita coisa por fazer, mas precisam de investimentos, de mais gente fazendo e de melhor distribuição espacial desses estudos. É importante que isso seja levado ao Fórum Mundial de Ciência”, afirmou o engenheiro florestal e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia, Niro Higuchi.
O chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amazônia Ocidental, Celso Azevedo, defendeu a necessidade de atuação em áreas florestais já degradadas por meio do manejo florestal. “É possível atuar na recuperação das áreas degradadas utilizando o manejo florestal, que possui vantagens ambientais comprovadas e também possui vantagens sociais. Precisamos trazer algo com o papel mitigador, mas também com o viés econômico”, disse.
*Mitigaçao é qualquer medida, política ou ação que possa prevenir ou diminuir a emissão de gases de efeito estufa. Evitar o desmatamento, ampliar o uso de energia renovável e expandir o transporte público são alguns exemplos de medidas de mitigação.
Responsabilidade de todos
Higuchi chamou a atenção para a responsabilidade da sociedade em relação ao aquecimento global, devendo ser encarado como um problema da atualidade e não de futuro. “Cada pessoa que reside em Manaus emite cerca de 2.500 quilos de CO² por ano. Temos que minimizar isso de alguma forma. Esse é um problema de cada um. Os efeitos e as consequências do clima são comuns a todos e a responsabilidade também, mesmo que de forma diferenciada. Em primeiro lugar é preciso reduzir as emissões e o desperdício”, frisou o pesquisador do Inpa.
Adaptação às mudanças climáticas
O termo adaptação, no âmbito da Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), refere-se às medidas necessárias para adaptar atividades humanas (agricultura, abastecimento de água, geração de energia, transporte, habitação, entre outras) aos impactos das mudanças de clima.
Os pesquisadores foram enfáticos ao afirmar que os efeitos e as consequências do clima já podem ser sentidos em vários campos da atividade humana e que é necessário dar atenção para a questão. Na Amazônia, a grande preocupação é com a floresta Amazônica, extremamente vulnerável a eventos extremos, principalmente se eles acontecerem com maior frequência e intensidade.
Nessa altura do campeonato, não há nenhuma dúvida de que a adaptação é mandatória e obrigatória. Esse é um problema recente. Primeiro, é preciso entender as vulnerabilidades das florestas decorrentes da mudança climática”, afirmou Higuchi.
O pesquisador citou ainda dois casos extremos recentes. Um deles foi uma tempestade que aconteceu no ano de 2005, em toda a Amazônia, mas com intensidades diferentes. No meio da floresta teve lugar em que os ventos chegaram a 127 quilômetros por hora, matando milhões de árvores. “Pensar em adaptação é pensar nesses eventos. A ciência pouco consegue fazer neste momento”, expôs.
3º Encontro Preparatório
Os encontros preparatórios para o Fórum Mundial de Ciência 2013 estão sendo promovidos pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Amazonas é o único estado da região Norte a sediar um dos encontros.
O evento, em Manaus, tem a coordenação da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (SECTI-AM) em parceria com o Inpa e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Retrospectiva
O primeiro encontro preparatório ocorreu na cidade de São Paulo (SP), no mês de agosto, com o tema “Ciência para o Desenvolvimento Global: da educação para a inovação – construindo as bases para a cidadania e o desenvolvimento sustentável”. Em seguida, foi a vez de Belo Horizonte (MG) receber a reunião, que tratou sobre os “Desafios para o desenvolvimento científico e tecnológico nos trópicos”.
Após o encontro em Manaus, as próximas cidades a sediar o evento serão Salvador (BA), Recife (PE), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).
Sobre o Fórum Mundial
Pela primeira vez em sua história, o Fórum ocorrerá fora da Hungria, país que deu origem ao evento. O 6º Fórum Mundial da Ciência será realizado em novembro de 2013, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), com o tema “A Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global” e conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
 
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FONTE : EcoDebate, 05/12/2012

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