“A água, o saneamento e a higiene sustentáveis para todos devem, sem dúvida, ser incluídos entre os principais MDS que serão estabelecidos para depois de 2015”, quando vencer o prazo para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), destacou Platt. Água e saneamento não são um desses oito ODM primários, mas estão mencionados dentro do que propõe conseguir a sustentabilidade ambiental. A meta para 2015 é reduzir em 50% a proporção de pessoas sem acesso a água potável ou saneamento.
Atualmente, mais de 800 milhões de pessoas não têm acesso a água potável e mais de 2,5 bilhões vivem sem saneamento adequado. A maioria dos países do Sul em desenvolvimento fizeram limitados progressos no fornecimento de água potável, mas as metas sobre salubridade continuam longe de serem alcançados. Platt afirmou que o documento em discussão na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as MDS constitui um alarmante exemplo da contínua omissão do tema em muitas agendas internacionais de desenvolvimento.
Cerca de 2,5 bilhões de pessoas ainda carecem de saneamento e, portanto, a questão não estará resolvida da noite para o dia, segundo Platt. “Pode-se dizer que ter água, saneamento e higiene sustentáveis garante a eficácia de cada uma das áreas, como emprego juvenil, eficiência energética, segurança alimentar, cidades sustentáveis e manejo de oceanos”, pontuou. Por outro lado, Hannah Ellis, administradora de campanhas internacionais da organização WaterAid, com sede em Londres, disse à IPS que a água e o saneamento são direitos básicos que objetivam a saúde, a educação e o sustento das pessoas. Os problemas associados com a falta de acesso têm impacto praticamente em todos os aspectos do desenvolvimento econômico.
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio expirarão em menos de três anos e, no entanto, um em cada dez habitantes do planeta ainda não tem acesso a água potável e cerca de 40% da população mundial carece de acesso a serviços de salubridade adequados, apontou Ellis. “Se continuarem as atuais tendências, a meta de reduzir pela metade a proporção de pessoas que vivem sem serviços adequados de saneamento será alcançada somente em 2165, 150 anos depois do previsto”, alertou. “Seria um bom começo fixar uma nova meta para obter o acesso universal a serviços básicos de água e saneamento até 2030”, acrescentou Ellis.
Nick Burn, chefe de programas da Water for People, disse à IPS que água e saneamento têm um papel vital no desenvolvimento socioeconômico dos países e, portanto, devem ocupar um lugar central nas novas metas. “Porém, quando definimos o êxito simplesmente por ter acesso a infraestrutura, nos negamos a oferecer uma solução permanente que permitiria um desenvolvimento sustentável geral”, acrescentou. Como exemplo, alertou que apenas instalar latrinas não basta. Às vezes quebram e ninguém conserta, ou ficam cheias e ninguém leva seu conteúdo para fossas sépticas.
“Esta é uma falha do desenvolvimento internacional, pois não fornece um serviço que se mantenha no futuro”, destacou Burn. Para progredir devem ser estabelecidos serviços de água e saneamento duradouros. “Devemos supervisionar nossos progressos rumo a essa meta com indicadores claramente definidos que constatem se os serviços fornecidos são adequados e atendem a crescente demanda das populações em expansão”, opinou.
O governo da Finlândia, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, a ONU Mulheres, a WaterAid e a relatora especial das Nações Unidas sobre o direito humano a água potável e saneamento divulgaram um comunicado conjunto pedindo a inclusão específica do tema na nova agenda de desenvolvimento. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio conseguiram captar a tão necessária atenção para problemas antes marginalizados, como defecação ao ar livre, mortalidade materna e infantil e necessidade de acesso sustentável a água potável.
“A comunidade internacional aprendeu com este processo, e agora deve procurar um mais alto”, diz a declaração. Às vésperas do início das consultas sobre as MDS, “acreditamos que o mundo deve alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e construir sobre eles, mas também elaborar 11 metas ainda mais ambiciosas. As metas devem criar incentivos para a mudança, uma mudança que alcance cada pessoa”, acrescenta o texto.
A declaração conjunta também afirma que a futura agenda para o desenvolvimento deve ter a missão de enfrentar um dos mais persistentes desafios da humanidade: as desigualdades no acesso a serviços essenciais. “Devemos ter um mundo comprometido com o fim do sofrimento desnecessário de milhares de milhões de pessoas que continuam vivendo sem saneamento e água potável”, ressalta o texto.
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FONTE : Envolverde/IPS
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