Proliferação de algas, resíduos nas margens e água cada vez mais escura formam a paisagem que espera quem visita o paraguaio Lago de Ypacaraí.
Assunção, Paraguai. 4 de outubro (Terramérica).- O famoso Lago de Ypacaraí, emblema da promoção turística do Paraguai, é foco de atenção pela acelerada contaminação de suas águas. Faltando dois meses para começar a temporada de verão, o estado do Ypacaraí causa preocupação pelo peso que tem no turismo interno, especialmente no município de San Bernardino, a 48 quilômetros da capital.
A principal atração de San Bernardino, que ostenta o título de cidade do verão, é este Lago de quase 90 quilômetros quadrados que deixou de ser azul, como diz a canção “Recuerdos de Ypacaraí”. Embora há algum tempo seja executado um trabalho com municípios locais na tarefa de reduzir a contaminação, os dejetos continuam chegando”, disse ao Terramérica o fiscal do Meio Ambiente, José Luis Casaccia.
O Lago está rodeado por pelo menos dez cidades nos departamentos Central e Cordilheira, na região sudeste do país. O comum dessas cidades é não terem saneamento e seu esgoto ir sem tratamento para os cursos de água próximos, como os riachos San Lorenzo e Jukyry, e para os mangues da região. Nesta época, além disso, proliferam as algas verdes nas margens. “A presença de algas é produto da superalimentação e falta de oxigênio do Lago, devido ao exagerado acúmulo de lama e sedimentos fecais”, explicou o fiscal.
Em 2005, a Promotoria Ambiental detectou uma centena de indústrias com atividades que afetavam o Ypacaraí, que foi declarado Parque Nacional em maio de 1990. No entanto, a proteção não deteve o impacto da urbanização, as indústrias sem infraestrutura adequada e o turismo em lugares como San Bernardino e Areguá. Para José Luis, ex-ministro do Meio Ambiente, são necessárias medidas drásticas. Mas as autoridades municipais não veem o assunto com tanta presteza.
O intendente local, Berna Espinoza, disse ao Terramérica que a situação do Lago não é grave. “Isto sempre foi assim, as algas, por exemplo, aparecem pelo calor ambiente, sobem à superfície pelo calor do Sol. Não são tóxicas, com se diz”, afirmou. Gustavo Florentín, presidente da Fundação Consciência Ambiental do Paraguai, alertou para o uso de produtos de limpeza, como detergentes com certos componentes, que vão parar no Lago.
“O aspecto esverdeado das águas se deve à excessiva presença de nutrientes devido ao deságue de esgoto domiciliar e industrial, com alto conteúdo de tripolifosfato de sódio, na bacia do Lago”, disse Gustavo ao Terramérica. Isto eleva a concentração de nitrogênio e fosfato, disparando a presença de organismos como as algas. Não faltam planos para recuperar o Ypacaraí, inclusive concebido por especialistas estrangeiros.
“Sempre houve o inconveniente da contrapartida local”, disse José Luis. O Estado deveria dar cerca de US$ 10 milhões para uma estratégia de recuperação cujo custo total era de US$ 60 milhões. O Ministério de Obras Públicas e Comunicações apresentou em agosto um projeto para a recuperação e o saneamento da bacia do Lago, que será financiado pela companhia coreana Samsung, como parte de sua política de responsabilidade social empresarial. O custo desta iniciativa é de US$ 5 milhões.
* A autora é correspondente da IPS.
Crédito da imagem: Natalia Ruiz Díaz/IPS
Legenda: O lixo é protagonista na praia da cidade de Areguá, no Paraguai.
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FONTE : Natalia Ruiz Diaz (Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde).
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