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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Luz solar ajuda a combater fome na Bahia

Um projeto no município baiano de Pintadas que usa energia solar em processos de irrigação é um dos cinco vencedores de um prêmio internacional promovido pelo PNUD, pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e pela IUCN (International Union for Conservation of Nature). A iniciativa brasileira, que concorreu com quase 400 projetos de mais de 100 países, foi destacada por utilizar energia renovável para combater a fome e a pobreza.

O Prêmio Seed 2008 é destinado a ações incipientes, inovadores, que tragam benefícios sociais, ambientais e econômicos e que tenham potencial para serem adaptadas e implantadas em outros locais. Esta foi a terceira edição do prêmio e a segunda em que há brasileiros entre os ganhadores — em 2007, um dos escolhidos foi o Bagagem, que cria pacotes turísticos a projetos de desenvolvimento local.

O projeto no Semi-árido da Bahia, chamado Pintadas Solar, beneficia cinco famílias de agricultores, que receberam bombas de água movidas a luz solar para puxar água de um riacho e irrigar hortas. A iniciativa aqueceu o comércio do município, que tem 10.551 habitantes, e diminuiu a migração para locais menos secos.

“Uma frase de Padre Cícero diz que se cada sertanejo puser três pedras em um riacho e acumular água o sertão viraria mar. Então, essa idéia não é nova, ela só não havia sido pensada como política pública”, afirma a gestora do projeto, Nereide Coelho. “O principal do prêmio é que ele dá visibilidade para o projeto e incentiva ações parecidas”, avalia. Com a premiação, a organização responsável pelo projeto, a Rede Pintadas, vai receber US$ 25 mil.

Na região, é comum que os sertanejos façam pequenas represas em riachos, muitas vezes temporários, para aproveitarem a água. Em Pintadas — que fica a 250 quilômetros de Salvador — o problema dos agricultores era trazer a água da represa para irrigar as hortas.

A bomba d’água, compartilhada pelas famílias, resolveu o problema e permitiu que os agricultores usassem um sistema de irrigação por gotejamento, em que gotas de água caem constantemente nos canteiros. A diferença do projeto de Pintadas é que a bomba usa energia limpa, renovável e abundante na região: o sol.

Com a irrigação, os agricultores cultivam abóbora, cebola, pimentão, tomate, abacaxi, acerola, feijão e mandioca. A produção ajudou a melhorar a alimentação e a renda dos moradores. “Antes do projeto a produção era muito pequena, e eles tinham que comprar produtos de outras cidades”, afirma a pesquisadora Maria Regina Maroun, que estudou o caso em sua dissertação de mestrado. “Ao permitir a produção de alimento, o projeto evita o êxodo e permite que as pessoas continuem no Semi-árido”, acrescenta.

Em outra parte do município, mais distante do riacho, o projeto levou estrutura para que duas famílias cultivassem legumes e verduras por organoponia, uma técnica em que os vegetais são cultivados dentro da água, em estufas e com adubos orgânicos. O método é especialmente útil em locais em que chove pouco, pois permite que a água seja reutilizada.
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FONTE :(Envolverde/Pnud)

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