06 de fevereiro de 2015
Pesquisadores afirmam que estão preocupados com o turismo de interação com botos na Amazônia. Em praias do Amazonas, turistas têm a oportunidade de ter um contato bem próximo com os animais. A atividade atrai a atenção de visitantes, mas ainda não é regulamentada pelos órgãos ambientais e pode impactar negativamente a vida dos botos. Um monitoramento é realizado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) para entender os resultados da interação causada pelo turismo.
Pesquisadores acreditam que o fato de a atividade não ser regulamentada pode causar problemas para os animais e também para os visitantes. “É gente o dia todo, todo dia. Muita gente, muito peixe. Então há uma sobrecarga sobre um grupo de animais. Isso pode ser perigoso para os animais e para o turista”, alerta Vera Silva, que é coordenadora do Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Pesquisadores estão entrando na água para atrair e capturar botos. Segundo eles, a intenção é monitorá-los, para saber os impactos que o turismo de interação está causando para esses animais e, partir daí, elaborar propostas para a que a atividade continue a encantar turistas, mas sem ameaçar os mamíferos que vivem nos rios amazônicos.
Os botos são capturados e pesados pelos pesquisadores. Após a pesagem, eles são submetidos a uma série de exames. Amostras de sangue e de mucosas são recolhidas. Elas vão servir para avaliar o estado de saúde dos animais. O trabalho é rápido, pois quanto mais tempo fora d´água, mais estressados ficam os animais. Em poucos minutos, eles voltam para a água e passam a ser monitorados através de um equipamento capaz de gravar sons emitidos pelos, imperceptíveis para a audição humana.
Segundo o Inpa, o objetivo das pesquisas é servir para elaboração de propostas que mantenham a atividade turística sem prejudicar os animais. “Essa interação e a possibilidade de ver o animal de perto faz com que as pessoas passem a conhecer, apreciar e proteger”, acredita Vera Silva.
Contraste com a pesca ilegal
No dia 21 de julho de 2014, os Ministérios da Pesca e Aquicultura e Meio Ambiente restringiram por cinco anos a pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), na região Amazônica. A medida foi tomada porque a caça está relacionada com a matança de botos-cor-de-rosa na região, pois o animal serve de isca para a captura do peixe. Durante o período de restrição, o Ministério do Meio Ambiente deverá avaliar os efeitos da medida para a recuperação da população de botos e jacarés.
De acordo com o decreto, desde o dia 1º de janeiro de 2015, a pesca, retenção a bordo, transbordo, desembarque, armazenamento, além do transporte, beneficiamento e a comercialização da piracatinga todo território nacional.
O Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM) investiga, desde junho de 2012, a matança de botos no Amazonas, que, entre outras utilidades, serviria de isca para a pesca da piracatinga, espécie de peixe que se alimenta de carniça e gordura.
Teoria x realidade
Pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) avaliam que a proibição não terá eficácia devido às fragilidades da fiscalização ambiental na Amazônia. O Ministério do Meio Ambiente não explicou como irá atuar para garantir o cumprimento da moratória e disse apenas que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve comentar o assunto.
Já o Ibama confirmou as fragilidades da fiscalização de crimes ambientes no Amazonas, que conta com apenas 47 servidores para fiscalizar os delitos. O órgão alegou que a falta de mão de obra dificulta as ações da instituição.
Fonte: G1
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