A expansão do agronegócio em diversos países da África Central está destruindo o habitat de espécies frágeis e ameaçadas na região, como os gorilas e chimpanzés
Imagens de satélite obtidas em uma investigação do Greenpeace África (em inglês) mostraram que mais de 3 mil hectares de floresta tropical já foram destruídos nas bordas de uma importante reserva natural africana, a Reserva de Fauna Dja, que é patrimônio mundial da Unesco e lar de grandes primatas. A área destruída faz parte de uma concessão da empresa chinesa Havea Sud, que produz óleo de palma no sul do Camarões.
“Os projetos agroindustriais de desenvolvimento vão logo se tornar a maior ameaça para a biodiversidade da floresta tropical africana”, diz o Dr. Joshua Linder, professor assistente de antropologia da Universidade James Madison, nos Estados Unidos. “Se não forem tomadas medidas urgentes e proativas para mitigar esses impactos, podemos esperar um rápido declínio na diversidade dos primatas africanos”, completou ele.
A Unesco já havia solicitado uma investigação para avaliar se algum dano havia sido feito na Reserva Dja, mas a permissão foi negada pelas autoridades locais. O desmatamento dessas florestas foi significativamente maior do que o realizado pela empresa norte-americana Herakles Farms para o seu projeto de óleo de palma na região Sudoeste do país, que também já desmatou o habitat dos animais selvagens e privou as comunidades locais do acesso à floresta da qual dependem para subsistência.
Outra investigação realizada em dezembro pelo Greenpeace África revelou que a empresa camaronesa Azur pretende converter uma grande área de floresta preservada de Camarões em uma enorme plantação de óleo de palma. O local é próximo a uma área onde vivem espécies raras de primatas e mamíferos ameaçados, como o elefante da floresta. O Greenpeace África já escreveu duas vezes para a empresa pedindo que essa detalhasse os seus planos sobre o projeto, mas nenhuma resposta foi obtida.
O chimpanzé da Nigéria e Camarões é um dos primatas mais ameaçados do mundo e enfrenta vários perigos, incluindo a destruição de seu habitat por extração ilegal de madeira, caça ilegal, o comércio de carne de animais selvagens e os efeitos das mudanças climáticas.
As concessões agrícolas em escala industrial são atribuídas na maioria das vezes em toda a África Ocidental e Central sem o planejamento adequado do uso da terra. Muitas delas pertencem a companhias estrangeiras e se sobrepõem a áreas de florestas de alta biodiversidade. Esse conjunto de fatores frequentemente gera conflitos sociais – quando o desmatamento ocorre sem o consentimento prévio das comunidades locais – e graves impactos ecológicos sobre as espécies selvagens ameaçadas de extinção.
“Os governos precisam desenvolver urgentemente um processo de planejamento participativo do uso da terra antes da atribuição de concessões agroindustriais”, disse Filip Verbelen, da campanha de Florestas do Greenpeace Bélgica.
* Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil.
(Greenpeace Brasil)
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