Celebrado no dia 2 de fevereiro, o Dia Mundial das Áreas Úmidas é uma data para chamar atenção sobre a importância de promover a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais em importantes ecossistemas como pântanos, charcos, pauis, sapais, turfas. Estas superfícies alagáveis acolhem diversificados ambientes tanto em termos de plantas quanto de animais aquáticos, sendo o Pantanal, uma das mais conhecidas e ricas extensão de pântano do mundo.
A data comemorativa, bem como o conceito de zona úmida, surgiu durante a Convenção de Ramsar, em 1971, no Irã, quando um tratado foi pactuado por diversas nações. Atualmente são 168 países signatários do tratado, que, como contrapartida, têm de designar ao menos uma área úmida para compor a lista Ramsar.
Os sítios Ramsar são definidos como toda extensão de superfícies cobertas de água, de regime natural ou artificial, permanentes ou temporárias, contendo água parada ou corrente, doce, salobra ou salgada. A adesão confere ao sítio Ramsar benefícios relacionados à assessoria técnica e financeira com vistas à sua proteção.
Pantanal: maior área úmida do planeta
A maior área úmida do planeta é o Pantanal, possuindo uma extensão de 624.320 km², aproximadamente 62% do Brasil, abrangendo os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e estende-se pela Bolívia, 20%, e Paraguai, 18%. Abriga três Sítios da Convenção de Ramsar, além de ser considerado um Sítio do Patrimônio da Humanidade das Nações Unidas, bem como a Reserva da Biosfera do Pantanal.
Também chamado de “reino das águas”, o Pantanal é um imenso reservatório de água doce e fundamental para o suprimento hídrico, a estabilização do clima e a conservação do solo.
As cheias atingem, anualmente, cerca de 80% da região o que permite a renovação da fauna e da flora. O equilíbrio ecológico do bioma depende do movimento constante do subir e baixar das águas que tem início no mês de novembro, com a alta dos rios que provoca as enchentes na planície. Em maio, as chuvas param e as águas baixam. Qualquer alteração nesse ciclo hidrológico pode comprometer toda a sua rica biodiversidade.
O ciclo começa com as águas que nascem na parte alta da Bacia do Alto Paraguai e descem para a planície alagada do Pantanal. Essas áreas altas são hoje o foco de grandes transformações, não só relacionadas às atividades agrícolas e pecuárias, mas também pela implementação das grandes obras de infraestrutura, como as barragens para a geração de energia.
Para ilustrar o processo cíclico do Pantanal, o WWF-Brasil produziu um vídeo que aborda a dinâmica de cheias e baixas, com ênfase na importância do ciclo das Águas do Pantanal e como ele está diretamente ligado à preservação da região. Link: http://migre.me/oimLl
Ações do WWF-Brasil no Pantanal
O WWF-Brasil trabalha no Pantanal e apoia projetos de conservação há 16 anos. Atualmente dois Programas do WWF-Brasil atuam na região: Cerrado Pantanal e Água para a Vida. Estudos de impacto sobre o uso do solo e mudanças climáticas, cálculo da Pegada Ecológica, trabalho em escolas sustentáveis, monitoramento da cobertura vegetal, ações para conservação de áreas degradadas, estímulo a produção sustentável de carne com a promoção de boas práticas para o fortalecimento da pecuária orgânica certificada são algumas das iniciativas coordenadas pelo Programa Cerrado Pantanal.
O Programa Água para Vida trabalha pela conservação de 747 quilômetros de rios do Pantanal, pela restauração da mata ciliar de 30 nascentes da região e em cinco quilômetros de afluentes. Além disso, trabalha na criação do Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, fórum de discussão e de articulação política entre o poder público, o setor privado e a sociedade civil para estabelecer metas e soluções conjuntas para aprimorar a gestão dos recursos hídricos do Pantanal.
Na região, a estratégia de conservação é compartilhada ainda com o WWF-Bolívia e o WWF-Paraguai. O trabalho desenvolvido tem promovido ações mais efetivas na conservação do bioma que buscam envolver a conservação e a proteção dos ecossistemas aquáticos, o desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis, o planejamento sistemático do território e o desenvolvimento de hábitos responsáveis de consumo.
Tratado de Ramsar
O Brasil foi incluído no tratado de Ramsar em 1993 e, desde então, contribui para a lista com 12 zonas úmidas, compreendendo um total de 6.568.359 hectares. Mais recentemente, em 2014, o país, por meio do Comitê Nacional de Zonas Úmidas, indicou novos sítios Ramsar em sete unidades de conservação.
As áreas propostas ficam nas Reservas Biológicas do Atol das Rocas, e do Guaporé, na Área de Proteção Ambiental, e no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, na Estação Ecológica do Taim, na Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, e nos Parques Nacionais do Viruá, e da Ilha Grande.
Depois de aprovados, os novos sítios somam-se aos outros 12 já instituídos no Brasil pelos participantes da Convenção de Ramsar, que acontecerá em Punta del Este, no Uruguai, em meados de 2015.
Confira aqui a lista completa das Unidades de Conservação que são sítios Ramsar no Brasil:
- Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM);
- Parque Nacional do Cabo Orange (AP);
- Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (BA);
- Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses (MA);
- Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (MA);
- Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luiz (MA);
- Parque Estadual do Rio Doce (MG);
- Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Rio Negro (MS);
- Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense (MT);
- Reserva Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal (MT);
- Parque Nacional do Araguaia – Ilha do Bananal (TO);
- Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS).
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.
(WWF Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário