O CEMPRE Review 2013 nasce com a proposta de apresentar caminhos e subsidiar decisões para o incremento dos índices de recuperação de embalagens pós-consumo. Por meio de um diagnóstico de mercado, contextualizado a partir dos aspectos econômicos, ambientais e sociais, o documento auxilia ainda na formulação de políticas públicas de incentivos, inclusive tributários, necessários para o combate à informalidade e crescimento do setor com geração de renda.
“Este estudo chega em um momento positivo para a agenda da reciclagem das embalagens pós consumo no Brasil. Os resultados positivos alcançados até aqui apontam que o país está no caminho certo”, explica Victor Bicca, presidente do CEMPRE. Segundo o executivo, quantificar os resultados deste mercado e projetar horizontes para os próximos anos pode auxiliar na tomada de decisão daqueles que já estão neste negócio e, principalmente, incentivar novos investimentos no setor. “Este é um mercado emergente e promissor”, salienta Bicca.
O diretor da LCA Consultores, Bernard Appy, que liderou o estudo sobre o mercado de reciclagem das embalagens pós consumo, afirma: “Nossas projeções mostram que o modelo brasileiro de recuperação deste tipo de resíduo, baseado no trabalho dos catadores, é claramente viável se houver uma ampliação da coleta seletiva e um aumento da produtividade das cooperativas de catadores”.
A primeira edição do CEMPRE Review 2013 foi elaborada com base em dados de órgãos como o Instituto Pesquisas Econômica Aplicada (IPEA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e de associações setoriais das indústrias do plástico, papel, latas de alumínio, vidro, pet e aço. O documento é dividido em três partes: cenário, pilares e aspectos sociais.
Cenário: Estima-se que a produção de lixo no Brasil seja de 193.642 toneladas por dia. Entretanto, mais de 24 mil toneladas de lixo deixam de ser coletados e são descartados de forma irregular diariamente. A cobertura da coleta de lixo regular atinge 87,4% da população.
De acordo com o CEMPRE, 27% dos resíduos recicláveis (fração seca do lixo urbano) que seriam encaminhados para lixões e aterros foram recuperados e retornaram para a cadeia produtiva em forma de matéria prima em 2012. No caso específico das embalagens, o índice de recuperação foi de 65,3%.
Números marcantes como estes mostram a potencialidade deste mercado: estudos do Ipea projetam que o país perde R$ 8 bilhões de reais anualmente com o descarte incorreto de resíduos que poderiam ser reaproveitados. Por sua vez, o CEMPRE aponta que, no último ano, a coleta, triagem e o processamento dos materiais em indústrias recicladoras geraram um faturamento de mais de R$10 bilhões.
Coleta Seletiva: A coleta seletiva é um dos principais pilares para o mercado de reciclagem. De acordo com a Pesquisa Ciclosoft, levantamento bianual realizado pelo CEMPRE, apenas 766 municípios brasileiros (14%) oferecem serviço de coleta seletiva. Este número representa 27 milhões de pessoas, 12% da população brasileira. Neste contexto, importante destacar que em 62% destas cidades, as cooperativas de catadores de lixo fazem parte da coleta seletiva municipal.
Projeções feitas pela LCA Consultoria com as cidades sede da Copa do Mundo de 2014 (Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e são Paulo) para o próximo ano apontam que o país registrará benefício econômico de R$1,1 milhão por dia, caso 90% da população das cidades-sede seja atendida pela coleta seletiva. Nesta cifra são considerados os seguintes processos: reciclagem de materiais (aço, alumínio, celulose, plástico e vidro), insumos e ganhos ambientais (CO2, energia, biodiversidade) e custo adicional da reciclagem (R$136,00/ton).
Potencialidade de mercado: Além dos ganhos ambientais e sociais, o reaproveitamento de materiais também gera vantagens financeiras: dados do Ipea indicam que a substituição de celulose por fibras recicladas permite a economia de R$ 331 reais por tonelada, metade do custo sem a reciclagem (R$ 687 por tonelada). No caso do alumínio, o valor cai de R$ 6,1 mil para R$ 3,4 mil por tonelada.
Visto a importância da recuperação das embalagens pós-consumo e sua reinserção na cadeia de produção, projeções feitas pela LCA, considerando o aumento de 20% da taxa de recuperação de resíduos recicláveis entre 2010 e 2014, apontam para uma redução média de 10,4% nos preços da matéria-prima reciclada.
Com incentivos fiscais e creditícios do governo, a reciclagem poderia elevar em até 31,5% a renda gerada pela coleta, triagem e materiais de recicláveis. Bicca atenta para este ponto. “Ainda que tenhamos diversos incentivos do governo neste processo, é preciso repensar os impostos. Há bitributação na cadeia da reciclagem e isso desestimula o crescimento do mercado”.
Catadores: Atualmente, existem 800 mil catadores no Brasil, sendo 30.390 mil trabalhando de forma organizada em 1.175 cooperativas. Estes trabalhadores, considerados peças fundamentais na recuperação das embalagens, são responsáveis por separar 2.329 toneladas de resíduos recicláveis diariamente.
Os catadores triaram 18% dos resíduos para reciclagem em 2012. Ainda com base nos dados observados pela consultoria, dos R$ 712 milhões de reais gerados com a coleta e venda de materiais recicláveis no ano passado, as cooperativas de catadores são responsáveis por uma fatia de R$ 56,4 milhões. Essas cifras, no entanto, podem ser maiores se houver aumento dos índices de reciclagem das embalagens no próximo ano.
De acordo com projeções da LCA, considerando que a coleta seletiva atenda 90% da população das cidades sede da Copa em 2014, o percentual de resíduos recicláveis pode saltar dos atuais 27% para 32,2%. Neste cenário, a quantidade de recicláveis triada pelas cooperativas será de 6,8%, aumento de 2,6 pontos percentuais se comparado com o registrado em 2012.
Clique aqui para ter acesso ao CEMPRE Review 2013 na íntegra.
Sobre o CEMPRE
O Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) é uma associação sem fins lucrativos que trabalha para conscientizar a sociedade sobre a importância de reduzir, reutilizar e reciclar lixo por meio de programas de conscientização. A entidade utiliza-se de publicações, pesquisas técnicas, seminários e mantém para consulta pública um rico banco de dados sobre o assunto, em sede na capital paulista. Fundado em 1992, o CEMPRE vem sendo mantido por contribuições de empresas privadas de diversos setores. Entre elas estão: Ajinomoto, AmBev, ADM, Arcor, Batavo, Bauducco, Beiersdorf/Nivea, Brasil Kirin, Braskem, Bunge, Cargill, Carrefour, Casas Bahia, Coca-Cola, Danone, Dell, Dixie Toga, Diageo, Dow, Femsa, Gerdau, Heineken Brasil, Hersheys, HP, Johnson & Johnson, Klabin, McDonalds, Mondeléz, Nestlé Waters, Nestlé, Owens Illinois, Grupo Pão de Açucar, Pepsico do Brasil, Procter & Gamble, Philips, SIG Combibloc, Suzano, Tetra Pak, Unilever Brasil, Vigor e Walmart Brasil
(CEMPRE)
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