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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ENERGIA - 5/11/2012

Instabilidade cresce com novas usinas
O Brasil pode se orgulhar do título de país com a melhor matriz energética do mundo, com mais de 80% da energia proveniente de fontes renováveis. Mas o sistema vem se mostrando instável, sujeito a frequentes desligamentos que deixam boa parte da população no escuro. A instabilidade tende a se agravar com a construção de grandes usinas em regiões distantes e sem reservatórios - por restrições ambientais. Pequenas centrais hidrelétricas, usinas eólicas e unidades movidas a biomassa tornam mais complexa a operação, com riscos crescentes dos chamados "apaguinhos". Até 2021, 9% da energia consumida pelos brasileiros deve ser gerada pelos ventos. Hoje, essa participação é de apenas 1% - OESP, 5/11, Caderno Especial, p.H2.

Distância das grandes usinas deixa sistema vulnerável
A fragilidade verificada no sistema brasileiro de transmissão nos últimos meses poderá piorar se o governo não planejar adequadamente a entrada em operação do novo mix de energia previsto para os próximos anos. A construção de mega hidrelétricas, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio pode deixar o sistema mais vulnerável, alertam especialistas. Um dos motivos é que essas usinas estão distantes dos principais centros de consumo e exigirão grandes linhas de transmissão para trazer a energia do Norte para o Sudeste. Se os mecanismos de proteção não funcionarem de forma eficiente, qualquer falha na linha poderá derrubar todo - ou boa parte - do sistema interligado - OESP, 5/11, Caderno Especial, p.H2.

Gás abre nova fronteira energética
A Petrobrás constrói gasodutos para escoar o gás natural produzido no pré-sal, a quilômetros da costa. A HRT descobriu o que pode vir a ser o maior poço produtor de gás em terra, em plena Floresta Amazônica. A OGX começa a produzir gás no interior do Maranhão no início de 2013. E, além de os investimentos em gás natural ganharem força, o Brasil começa a perfurar suas reservas de gás não convencional, pelas mãos da Petra, em Minas Gerais. O Ministério de Minas e Energia acredita que esses investimentos podem levar o País à autossuficiência em cinco anos, com produção em torno de 170 milhões de metros cúbicos por dia. Hoje, segundo a Petrobrás, a oferta é de 71 milhões de metros cúbicos por dia - OESP, 5/11, Caderno Especial, p.H6.

Pré-sal pode triplicar reservas brasileiras
A descoberta do pré-sal em 2007 mudou radicalmente o panorama do setor de petróleo no País. Com esses recursos, o Brasil pode mais que triplicar suas reservas petrolíferas até 2020 e ingressar no clube dos maiores produtores do mundo - hoje o Brasil está na 14ª colocação no ranking das maiores reservas. Para tornar essa projeção uma realidade, porém, Petrobrás e outras petrolíferas têm pela frente dois grandes desafios: desenvolver tecnologias que permitam a exploração submarina abaixo da camada de sal com segurança e identificar fornecedores locais que atendam à demanda a preços competitivos e dentro de prazos apertados - OESP, 5/11, Caderno Especial, p.H7.

Expansão de eólicas é de 216% em três anos
Até 2009, a participação da energia eólica na matriz elétrica brasileira não passava de 0,6% do total. Mas o cenário mudou radicalmente. Em três anos, a fatia da energia produzida com a força do vento na matriz nacional cresceu 216% e o preço caiu de R$ 300 para cerca de R$ 100 MWh, desbancando fontes tradicionais, como as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Até 2016, quando entram em operação todos os parques eólicos que participaram dos últimos leilões promovidos pelo governo federal, o País terá 8,4 mil MW de capacidade instalada. De acordo com o Plano Decenal de Energia, a previsão é que a capacidade instalada dos parques eólicos atinja 16 mil MW em 2020, ou 9% da matriz - OESP, 5/11, Caderno Especial, p.H8.

Sem política pública, biomassa não avança
A energia elétrica produzida em usinas térmicas a biomassa do bagaço de cana-de-açúcar tem capacidade de agregar ao sistema brasileiro 15,3 mil megawatts médios em 2020, o correspondente a 18% do consumo nacional previsto para aquele ano. Esse total é mais de sete vezes a capacidade instalada atual, de 2,112 mil MW médios - da qual 1 mil MW são utilizados pelo sistema e o restante pelas usinas de açúcar e etanol -, quase duas vezes o que o Estado de São Paulo consumiu em 2011, ou ainda duas usinas de Itaipu. Mas a falta de uma política para o setor ameaça esse potencial. Com a concorrência das usinas eólicas, que têm isenção do ICMS em toda a cadeia para serem construídas, as unidades a biomassa cada vez mais são minoria nos leilões do governo federal para a aquisição de energia nova - OESP, 5/11, Caderno Especial, p.H11.

Captação solar começa a ficar viável
No Brasil, a produção da energia solar ainda é reduzida, mas o potencial é expressivo. São produzidos hoje no País 2 megawatts (MW) por ano em programas experimentais. Os projetos destinam-se, principalmente, ao abastecimento de regiões desassistidas pela rede tradicional de energia elétrica, em razão do isolamento. Para o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, embora ainda não tenha ingressado em uma faixa competitiva, o preço da energia solar tem caído bastante. "O preço ainda é caro, não competitivo, em torno de R$ 200 o megawatt/hora", afirma. "A energia solar vai crescer, é uma questão de tempo" - OESP, 5/11, Caderno Especial, p.H10.

A energia que vem do balanço das ondas
Ainda de forma experimental, a primeira usina da América Latina a funcionar com a força das ondas do mar já entrou em operação no Porto de Pecém, no litoral cearense. A produção de energia deve ter início no primeiro semestre do ano que vem. Por enquanto, a geração ainda está em fase de testes. O funcionamento é interrompido para verificações do sistema de geração, criado pela Coppe/UFRJ. O sistema inédito tem apoio do governo do Ceará e foi financiado pela Tractebel Energia por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel, ao custo de R$ 18 milhões em quatro anos. Deverão ser gerados 100 quilowatts para o abastecimento energético do principal porto cearense. Com a mesma quantidade de quilowatts é garantido o abastecimento de eletricidade de 60 famílias - OESP, 5/11, Especial, p.H10.

A tendência é piorar
"Não há razão para acreditar que as emissões de gases de efeito estufa do setor de energia devam diminuir. Para que o cenário mude é preciso que haja muita vontade política e que as apostas tecnológicas virem realidade. Ganhos de eficiência energética de 40%, desperdício 30% menor, técnicas baratas de captura e armazenamento de carbono, taxação sobre emissões de CO2 em todos os países, investimento massivo em renováveis. Tudo é possível, mas não é provável. A tendência, infelizmente, é piorar", artigo de Agostinho Vieira - OESP, 5/11, Caderno Especial, p.H7.       

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FONTE : Manchetes Socioambientais  -  boletim de 5/11/2012         

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