Gigantes de mar aproveitam Litoral para se reproduzir e cuidar dos filhotes
Elas chegam com o inverno e só vão embora na primavera. As turistas habituais de Santa Catarina nesta época do ano não chegaram com as bolsinhas de operadores de turismo, nem visitaram a Serra, mas tornaram-se as grandes atrações no Litoral catarinense. De junho a novembro, o Estado transforma-se em um verdadeiro berçário de baleias-francas.
Este ano, pelo menos cem destes mamíferos migraram da Antártica para o Litoral de Santa Catarina e Rio Grande de Sul em busca de águas quentes para se acasalar, reproduzir, dar à luz e cuidar dos filhotes. São trinta animais a mais do que a contagem feita em setembro de 2009.
Segundo os estudos de Censo e fotoidentificação do Projeto Baleia-Franca (PBF), os animais seguem um ciclo trianual para as áreas de reprodução. É possível, por exemplo, que as fêmeas que visitaram o Litoral há três anos estejam novamente por aqui.
E por que os animais escolhem esta região para dar o ar da graça? Além das característica da água (mais quente, calma e rasa), a segurança é um dos principais motivos. Isso por que a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia-Franca, que se estende do Sul de Florianópolis até o Balneário Rincão, serve como zona de reprodução por ser formada principalmente por enseadas, cuja formação geográfica deixam a região mais protegida contra predadores e intempéries.
Justamente no mês em que ocorre o pico de avistagens da espécie na região, uma situação dramática: uma baleia-franca que encalhou e morreu em uma barranco de areia na Praia de Itapirubá em Laguna, no Sul do Estado, na última terça-feira, sensibilizou pessoas de todo o país e suscitou discussões entre turistas e moradores.
O auge da temporada começou na segunda quinzena de agosto e deve se estender até os primeiros quinze dias de outubro. Tanto os animais que chegaram em junho quanto os que vieram um pouco mais tarde estão circulando por todo o Litoral. A partir de outubro, elas começam sua viagem de volta às águas geladas do Polo Sul, atrás de comida.
A temporada é delas
As primeiras gigantes do mar chegaram no Litoral Sul no fim de junho. Três grupos com cinco baleias escolheram a praia de Itapirubá, em Imbituba — que recebeu este ano o título de Capital Nacional da baleia-franca — para fazer um passeio discreto.
Em julho, outro mamífero apareceu em um lugar incomum. O animal, que geralmente circula entre Imbituba e Garopaba, foi avistado no canal dos molhes em Laguna. Para evitar que os barcos se aproximassem e colocassem em risco a saúde do animal, a Polícia Ambiental foi chamada para monitorar a área.
Não foram apenas os moradores e turistas do Sul do Estado que puderam aproveitar a visita dos cetáceos (classificação de baleias, botos e golfinhos) de grandes dimensões. Eles também apareceram no Norte de Estado e nas praias de Florianópolis.
Segundo o Instituto Baleia Franca, a população de baleias que circulam pela África, Nova Zelândia, Austrália e Antártida é de 7 a 8 mil. Enquanto uma pequena parte se desloca para o Sul do Brasil nesta época, mais de 600 mamíferos se concentram na Patagônia argentina. Lá o turismo de observação de baleias atrai cerca de 100 mil pessoas por ano.
Saiba mais sobre a migração das baleias
Reprodução e filhotes
O ciclo reprodutivo das baleias francas inicia com cerca de oito anos de idade. Elas sempre buscam águas temperadas e tropicais para o acasalamento. As preliminares, ou rituais pré-copulatórios, são intensos e uma fêmea pode acasalar com vários machos.
A gestação dura quase um ano. Após o nascimento, a mãe empurra o filhote até a superfície para que possa respirar pela primeira vez. Ao nascer, os filhotes já têm em média cinco metros de comprimento e podem pesar de quatro a cinco toneladas.
A amamentação varia de seis a 12 meses. Neste período, o filhote aumenta em média 50 quilos por dia.
Alimentação
Elas chegam nutridas para a procriação e não comem em território brasileiro. As visitantes de peso alimentam-se na superfície, filtrando a água através das barbatanas. Para manter a forma, os animais têm uma dieta alimentar constituída principalmente de krill ( pequeno crustáceo).
Curiosidades das gigantes do mar :
— A baleia tem grande longevidade. Ela pode chegar aos 80 anos;
— O animal tem verrugas no alto e laterais da cabeça, que funcionam como impressões digitais. O formato diferenciado das calosidades torna possível que pesquisadores identifiquem individualmente cada baleia;
— A franca é a segunda espécie mais ameaçada de extinção. O principal motivo é a caça para extração da camada de gordura, matéria-prima para a produção de óleo;
— O famoso esguicho em forma de V que pode atingir até oito metros de altura.
— As fêmeas podem atingir até 18 metros de comprimento e pesar 60 toneladas, enquanto os machos podem chegar a 14 metros e podem pesar até 45 toneladas.
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FONTE : jorn. Adriana Fernandes, Diário Catarinense (edição on-line de 16 de setembro de 2010)
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