Tive a feliz oportunidade de conviver diariamente durante 2 anos (1970/71) com o Pe. Jesus Santiago Moure, de quem me tornei muito amigo. Foi meu professor de Taxonomia (Sistemática) no Curso de Pós-graduação de Entomologia na UFPr (Universidade Federal do Paraná, a primeira universidade brasileira. Minha terceira filha, Cristina ("PITI"), foi batizada por ele em Curitiba. Nos deixou aos 97 anos em 10 de julho de 2010. Abaixo reproduzo dados de sua vida em homenagem ao grande mestre e amigo.
*********************************
O Padre Jesus Santiago Moure dedicou a sua vida à pesquisa de insetos, com destaque no estudo das abelhas neotropicais nativas do Brasil. A convite do Conselho Britânico, estudou algumas espécies de abelhas típicas (Vachal), de biomas brasileiros como a caatinga e o cerrado.
Participou do Círculo de Estudos Bandeirantes, criado para incentivar o estudo, a pesquisa e a divulgação da cultura profana e religiosa, que reconstruiu o Museu Paranaense. Deve-se ao Padre Moure a biblioteca do Museu ser, atualmente, considerada referência nacional em ciências naturais. No campo da Entomologia, Padre Moure visitou as principais instituições de pesquisas e universidades do mundo. Ajudou a criar importantes instituições de ensino e pesquisa, como a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba, a Cátedra de Zoologia da mesma faculdade, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), entre outras. Participou da reformulação da universidade brasileira junto com Anísio Teixeira.
Nasceu em 2 de novembro de 1912. Formado em Teologia, foi ordenado sacerdote em 23 de maio de 1937. Lecionou Zoologia na Universidade Federal do Paraná e na Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou na Seção de Entomologia do Museu Nacional do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos, concluindo os estudos que havia feito em 1958 em Paris e Londres sobre abelhas neotropicais, e que lhe rendeu importante publicação pelo Smisthsonian.
Entre diversas condecorações e prêmios recebidos estão o Prêmio Costa Lima outorgado pela Academia Brasileira de Ciências em 1970; o Prêmio Bassoli conferido pela Sociedade Entomológica do Brasil, em 1987; o Prêmio Ciência e Tecnologia, conferido pelo Conselho de Ciência do Estado do Paraná em 1990, a Medalha CAPES 50 Anos, concedida em 2001: as condecorações Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, conferida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e entregue pelo Presidente da República em 1995, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, conferida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e entregue pelo Presidente da República do Brasil em 1998. Doutor Honoris Causa e Professor Emérito outorgados pela Universidade Federal do Paraná.
*******************************
Entrevista concedida a Renato C. Marinoni (Sociedade Brasileira de Zoologia), Jayme de Loyola e Silva (Departamento de Zoologia, UFPR) e Myrian Regina Del Vecchio de Lima (Ciência Hoje).
Publicada em janeiro/fevereiro de 1990.
Aos 77 anos, o Padre Moure, como é conhecido por centenas de pesquisadores e estudantes de todo o país, não é um velhinho que se dedica diariamente a acordar cedo para celebrar missa na igreja matriz de Curitiba ou em algum convento de freiras da tradicional capital paranaense. Levanta-se cedo sim — um velho hábito que cultiva desde os tempos de seminário — mas muitas vezes para dirigir-se aos principais centros acadêmicos do país, levando consigo caixas de disquetes com programas para microcomputador. Nessas viagens, cumpre um ritual que considera indispensável ao progresso da ciência no país: promover o ensino da taxonomia numérica, método de trabalho que viu nascer nos anos 50, em Kansas, nos Estados Unidos. "Na taxonomia numérica, quantificam-se os estados em que os caracteres das espécies estudadas se manifestam", ensina Padre Moure, para quem, antes do surgimento desse método, se filosofava muito em torno de como as coisas se originaram no mundo.
Mas antes de se tornar um divulgador por excelência da taxonomia numérica, Padre Moure percorreu um longo caminho, que começou no grupo escolar de Ribeirão Preto (SP), sua cidade natal. Ali viu desenvolver-se sua paixão pela história natural. "Uma vez por semana excursionávamos à cata de pedras, bichinhos e plantas no bosque de Ribeirão". No seminário claretiano de Rio Claro (SP), onde mais tarde foi estudar, ficava impressionado com as nuvens de tesourinhas que enegreciam o teto da sala de estudos. "Daí para o início de uma coleção, foi um passo", diz. Formou-se em filosofia e em teologia, ordenou-se padre. Mais tarde, foi nomeado professor de história natural do seminário e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba, cidade para onde se mudou e de onde nunca mais saiu. Desde então não mais se separou da entomologia e, a partir de 1940, passou a estudar as abelhas - grupo de insetos em que mais tarde se tornaria uma das maiores autoridades mundiais.
Padre Moure é sem dúvida uma dessas criaturas por quem Deus deve nutrir especial orgulho. O empenho com que se dedica à investigação científica não é menor do que o que dispensa às suas atividades religiosas. Aliás, ciência e religião nunca foram para ele coisas que se excluíssem; ao contrário, sempre foram faces da mesma moeda. "Resolvi esse problema muito cedo", diz. Segundo ele, Deus fez o mundo pela evolução e nós procuramos, na medida do possível, reescrever a história desse mundo. "Apenas descobrimos como é que as coisas se fazem de acordo com a lei de Deus", confessa, com a tranqüilidade de quem examina ao microscópio as patas de um inseto.
Como nasceu sua paixão pela zoologia, pelos insetos e, especialmente, pelas abelhas?
O primeiro estímulo que recebi no campo das ciências naturais veio de um professor do grupo escolar, chamado pela meninada de "Bigodinho de Arame". No início dos anos 20, no quarto ano primário, ele nos levava ao bosque de Ribeirão Preto para colher flores, bichinhos, pedras e nos dava muitas explicações. Era o melhor dia da semana. Em Ribeirão, era comum naquela época a revoada das saúvas, que me interessava muito.
Ao entrar para o seminário, deixei isso um pouco de lado, preocupando-me mais com minha formação específica, sobretudo com os estudos de latim. Comecei realmente a coletar insetos quando já estava cursando filosofia, em Rio Claro, por volta de 1930. A chácara dos claretianos era um lugar excepcional. Havia ali uma quantidade impressionante de insetos. Havia noites em que pequenos insetos conhecidos por "tesourinha" (Dermaptera) chegavam a cobrir todo o teto da sala de estudos, de 15 por sete metros. Daí para o início de uma coleção foi apenas um passo.
Então o senhor foi um autodidata em zoologia?
Sim. Como não tinha livros especializados, usava a Grande Enciclopédia Espasa. Na época, já recebia cartas encorajadoras do doutor Escragnolle de Taunay, diretor do Museu Paulista. Formei-me em filosofia e teologia. Encerrei o curso de filosofia com um trabalho sobre o significado do socialismo, em que o comparava a outros tipos de governo, e o de teologia com a tese Conhecimento de Deus, algo muito metafísico, com 125 páginas. Fui entrar em contato com pessoas da área de ciências naturais só depois de nomeado professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), de Curitiba, em 1938, ano de sua fundação. Convidaram-me para dar aulas de história natural no seminário. Como muitos na época, fui "pego a laço".
Tive a sorte de encontrar pessoas como o doutor Frederico Lane, Samuel Pessoa e Mauro Pereira Barreto, do Museu Paulista e da Faculdade de Medicina de São Paulo, e ter mantido com eles uma intensa correspondência. Li alguns trabalhos do doutor Lane e comecei a estudar os curculionídeos, um tipo de besouro ou "caruncho". Fiz meu primeiro estudo sério em entomologia sob orientação de um agrônomo que trabalhava no Museu Paulista. Publiquei mais dois ensaios com o doutor Lane e, em 1940, mudei para as abelhas. Segundo ele, ninguém ainda havia estudado esses animais na América do Sul. Achamos então que poderia ser um bom começo.
Inicialmente não tinha acesso a nenhuma bibliografia em Curitiba, principalmente em zoologia e entomologia. A única coisa importante que havia era a Flora Brasiliensis, de Martius. Como era professor de botânica no seminário, interessei-me pelo estudo detalhado de algumas famílias. Mas só podia me dedicar aos estudos específicos depois das nove da noite, pois, como padre e professor do seminário e da universidade, tinha muitas obrigações durante o dia. Levantava-me às quatro e meia da madrugada para cumprir minhas obrigações eclesiásticas matinais. Para continuar trabalhando e publicando simultaneamente, durante 20 anos dormi apenas três horas e meia por noite. Tive uma formação geral muito boa, com professores estrangeiros, o que me proporcionou uma visão ampla dos problemas científicos, sob o ponto de vista filosófico, histórico e teológico. Particularmente destaco o padre Jesus Belarim, que, às quintas-feiras, nos dava um resumo do que havia lido em revistas européias.
O que acha da formação nos primeiro e segundo graus hoje, mais especializada e não humanista como antes?
Analisando pelo viés de minha formação pessoal, acho que a formação primária e secundária de antes era muito superior à de agora. Pelo que se observa, houve uma queda expressiva do nível de qualidade do professor brasileiro e, conseqüentemente, do aluno.
O senhor deve ter tido problemas em razão de suas ligações com a vida religiosa e a formação científica. Em que momento o senhor passou a defender a teoria da evolução? Tempos atrás parece que só se falava em criacionismo, não?
Passei a pensar no assunto desde que comecei a observar diretamente os animais e verificar as profundas relações que havia entre eles. Entusiasmado com algumas leituras, tive muitas discussões nas aulas de filosofia provocadas pelas perguntas um tanto perturbadoras que eu fazia ao professor. Isso trouxe certos problemas no seminário.
Como resolvia, em sua cabeça, essa divisão, essa dicotomia, entre ciência e religião?
Resolvi esse problema desde o princípio. Deus fez o mundo pela evolução; nós não descobrimos absolutamente nada. Estamos apenas procurando, na medida do possível, reescrever a história do mundo. Porque não influímos em nada com nossas leis — seja em física, química ou qualquer outra área científica — são elas que preexistem. O fato de descobrirmos uma dessas leis não significa que a tenhamos criado, como faz por exemplo o Congresso Nacional. A atitude que sempre tive em relação à natureza é a seguinte: descobrir como é que as coisas se fazem de acordo com a lei de Deus. E a lei de Deus é a lei da evolução correndo no tempo.
Graças também ao doutor Newton Freire-Maia e ao doutor André Dreyfuss, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo, que eu freqüentava durante as férias, comecei a aprender genética, e isso foi decisivo para conciliar as duas questões. Firmei também grande amizade com o doutor Theodosius Dobzhansky, que visitou Curitiba para uma série de palestras.
Como aparece a teoria da evolução em seus trabalhos ?
Como aparece a teoria da evolução em seus trabalhos?
As referências são pequenas, à exceção de uma série de conferências que mais tarde foram publicadas por Freire-Maia, Beurlen, Lange e Moure. Apenas suponho, como todo naturalista, que as espécies são originadas paulatinamente, por meio de vicariância ou dispersão.
As explicações sobre a evolução talvez ainda não estejam completas, mas a evolução em si é um fato histórico de tal ordem que não se pode contestar. Em meus trabalhos apenas verifico o que foi criado e comprovo as espécies. Tive atritos bastante sérios com o arcebispo e com meu superior religioso. Tanto que acabei sendo expurgado da direção da ação católica, a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Juventude Operária Católica (JOC). Dom Hélder Câmara também fez força para que eu deixasse essas entidades. Tive com todos eles discussões mais ou menos acaloradas, pois não tinham qualquer noção do que era evolucionismo, julgando-o uma coisa inventada por alguns cientistas para atacar a religião. Foram problemas que me atingiram no início de minha carreira científica.
O professor de antigamente tinha que ser mais criativo do que o de hoje? Quais as principais dificuldades no âmbito do ensino universitário?
Tenho a impressão de que sim. Não tínhamos grandes bibliotecas em Curitiba. Usávamos apenas os livros básicos recomendados pelo pessoal de São Paulo. No início dei aulas de graça na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba. Depois de me tornar professor da Universidade do Paraná, passei a receber um pequeno salário. Quando a universidade foi federalizada, por volta de 1950, tínhamos um salário que correspondia a 200 dólares a hora-aula, com obrigação de se dar apenas oito horas-aula por mês, com direito a duas faltas. Ora, o que se pode ensinar de zoologia em oito ou seis horas por mês? Introduzi o sistema de aulas práticas, que costumava chamar de "veneração da barata". Preparava a barata, colocava-a debaixo do único microscópio existente, vinha o aluno, abaixava, olhava e saía; depois outro aluno repetia o ritual, depois outro e assim sucessivamente. Era uma tristeza! Mais tarde, graças aos Irmãos Maristas, a FFCL pôde comprar os primeiros microscópios.
Nos meus primeiros anos de sacerdócio, cheguei a fazer muitos aparelhos de rádio e amplificadores de som para igrejas. Pude então comprar alfinetes entomológicos e uma lupa Reichert, que veio substituir meu microscópio do tempo de Pasteur, com o qual produzi os primeiros trabalhos sobre abelhas. Consegui montar uma bibliografia especializada sobre insetos copiando à máquina os principais trabalhos publicados em revistas estrangeiras. Aprendi a traduzir do inglês com Frederico Lane e do alemão com o doutor Adolph Hempel, do Instituto Biológico.
Como foi sua passagem pelo Museu Paranaense?
O doutor José Loureiro Fernandes foi uma pessoa fundamental para o desenvolvimento da pesquisa no Paraná. Formado em medicina pela Sorbonne, ele foi convidado, em 1937, pelo então governador Manoel Ribas, para reformular o Museu Paranaense, que havia sido criado por Ermelino Leão, no século passado, com o objetivo de preservar coisas de importância histórica, mas de pouco interesse científico. Ao assumir a direção do museu, o doutor Loureiro começou a procurar pessoas para assessorá-lo e eu fui um dos escolhidos para dirigir a seção de zoologia. Um dos meus primeiros atos ao assumir o cargo foi mandar queimar todo o material zoológico existente, pois, além de não conter qualquer informação sobre a procedência dos exemplares ali presentes, estava tudo estragado. Tínhamos que recomeçar. A proposta implicava uma tarefa árdua e de importância capital para o museu: levantar a fauna, a flora e informações acerca da geologia, antropologia e mineralogia de todo o Estado do Paraná. Conseguimos ampliar a biblioteca. Hoje, parte dela está na universidade e a seção de zoologia serviu de base para a criação da pós-graduação na área.
Quando era capelão do colégio das irmãs do Sagrado Coração de Jesus, descobri o senhor André Mayer, um alemão que vivia no interior, perto de Ponta Grossa, e vendia aves empalhadas em Curitiba. Quando vi aquelas aves tão bem preparadas, contratei-o para o museu para empalhar mamíferos e aves. Era um técnico excepcional. Provavelmente havia trabalhado para algum museu na Europa. Nunca soube muito bem o que se passou com o Mayer, pois ele era muito reservado. Como sabemos, muitos alemães tiveram sérios problemas durante a Segunda Guerra. Alguns deles chegaram a ocupar posições importantes, como o doutor Sioli, que havia dirigido o Instituto Max Planck. Quando veio para o Brasil, por volta de 1940, ele me escreveu várias vezes pedindo emprego, pois estava completamente abandonado na Amazônia. Ele queria ser meu assistente, mas não consegui recursos para trazer a Curitiba este que foi um dos principais pesquisadores de limnologia da Amazônia.
Por que o Museu Paranaense está hoje numa situação tão difícil?
O museu funcionava em convênio com a universidade e seus pesquisadores não recebiam remuneração. O sistema era dinâmico e havia um entrosamento perfeito. Isso ocorre por exemplo na Inglaterra, com o Commonwealth Institute of Biological Control, que funciona dentro do Museu Britânico, e em algumas áreas da Smithsonian Institution, nos Estados Unidos. Aqui no Brasil cada instituto quer ter uma estrutura completa, autônoma. Certa vez o CNPq me encomendou um plano de museus que se baseasse nos três mais importantes do país. O plano fracassou porque não levei em conta o Nordeste.
No momento em que quiseram ser mais bem pagos, os funcionários do museu — seu diretor inclusive — lutaram para separá-lo da universidade, ligando-o à Secretaria de Agricultura do Estado. Trata-se de um problema provocado por injunções de ordem familiar e não gostaria de entrar em detalhes. Quando voltei da Europa, após dois anos de ausência, tinham modificado tudo o que havíamos feito. O museu foi sendo jogado de uma instituição para outra, perdendo com isso suas características de museu científico. Agora, porém, está havendo uma tentativa de reestruturá-lo.
Quando o senhor passou a dedicar-se à universidade em tempo integral?
Talvez eu tenha sido um dos primeiros professores a trabalhar em tempo integral para a Universidade Federal do Paraná. Isso se deu por meio de um decreto do presidente Getúlio Vargas, de 1953. Aí consegui trazer para Curitiba o doutor Newton Freire-Maia, de São Paulo, recomendado pelo professor Dreyfuss, junto com seu irmão Ademar Freire-Maia. Da Alemanha veio o doutor Hans Jacoby, trazendo uma tradição européia de universidade. Até então a relação professor-aluno na nossa universidade era muito precária. Vendo o que se fazia na Universidade de São Paulo, procurei, desde o início da cátedra de zoologia, conviver mais com os alunos. O desenvolvimento da pesquisa básica brasileira começou na USP em l934 e no Rio de Janeiro em 1937. Nossa pesquisa básica começou em 1938. O Brasil não tinha verdadeiras universidades; de certo modo, ainda hoje padecemos do mesmo problema. Muitas de nossas universidades têm esse nome só porque têm um reitor. Não há compartilhamento das áreas básicas.
O senhor participou da reforma da Universidade do Paraná. Continua achando que o modelo americano seria adaptável ao Brasil?
Em 1956 fui mandado para os Estados Unidos pelo doutor Anísio Teixeira, com uma bolsa da Fundação Rockefeller e do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). Sofri um grande impacto ao chegar na Universidade de Kansas. Apesar de pequena, essa universidade era absolutamente diferente daquilo que se dizia ser universidade no Brasil. Concluí que, do modo que ensinávamos aqui, jamais chegaríamos a ter um grupo de ciência um pouco mais desenvolvido, à exceção dos casos de autodidatismo. Tínhamos professores tremendamente ruins, e os que eram melhores tinham pouca influência sobre os alunos.
Fiquei muito impressionado com o fato de todo universitário americano entrar numa universidade e não em uma faculdade, embora depois ele vá fazer um curso específico, organizado pelos departamentos responsáveis pela área. Em Kansas eu vi realmente eficiência nos estudos. Para adotar esse modelo eficiente de universidade nós realmente não estávamos preparados. Em grande parte, a universidade brasileira está hoje corrigindo deficiências do ensino de primeiro e segundo graus. Só na pós-graduação é que se começa a preparar o aluno para que ele se torne professor ou pesquisador. Só temos prédios, fachadas; por dentro, falta tudo: equipamentos, bibliotecas, recursos humanos qualificados, administração eficiente etc. As verbas costumam chegar em abril ou maio e no mês de outubro o prazo para sua utilização já acabou. Ora, queria ver um político ou chefe de governo viver com verba para dias contados. Enfrentamos diariamente dificuldades burocráticas de toda ordem. Se formos comparar como que se passa nos Estados Unidos e Europa, vivemos em estado extremamente precário no que diz respeito à importação de equipamentos e materiais. A burocracia esteriliza e elimina a criatividade do pesquisador. Não é possível um pesquisador ficar a vida inteira atrás de equipamentos. Eu esperei quatro anos para ter uma lupa nova. Na minha idade, o que isso representa?
Mas o modelo americano, trazido pela reforma universitária, não tem se mostrado ineficiente para o Brasil?
Sim, porque na verdade o modelo americano não foi realmente implantado. Houve uma resistência enorme dos professores antigos para que tudo continuasse como estava. Um exemplo claro disso é o da Faculdade de Direito da UFPR, que se isolou por completo. Houve uma resistência passiva enorme. Eu e o doutor Brasil Pinheiro Machado estávamos encarregados de implantar a reforma dentro da UFPR, em 1967 e 1968, quando saíram decretos obrigando-nos a nos tornar universidade. Tínhamos na época cinco ou seis pequenos departamentos de química, cada um olhando a matéria de um ponto de vista aplicado, restrito, imediato. Nossa idéia era formar um grande departamento de química, onde se ensinassem os fundamentos da matéria para todas as áreas. O mesmo deveria se dar com biologia e outras áreas científicas. Nessa ocasião tive sérios desentendimentos com algumas pessoas e acabei me demitindo da comissão de implantação da reforma. Quando tentei, por exemplo, dizer que um professor de latim podia perfeitamente ensinar a língua a um jurista, o diretor da Faculdade de Direito disse: "Para ensinar latim aqui, só sendo advogado!". Atualmente até a língua portuguesa, no curso de direito, não é ensinada por professores do departamento de letras. Nos Estados Unidos, por outro lado, direito e medicina são cursos de pós-graduação. Primeiro o aluno tem que cursar a universidade; só depois é que ele irá para o curso de direito ou medicina.
Outro exemplo é o de um agrônomo que vai estudar insetos. Ele acha que deveria estudar as pragas e não os insetos, esquecendo-se de que qualquer inseto pode se tornar uma praga, desde que não consiga alimento em abundância. As coisas são muito mal interpretadas. Costuma-se determinar um inseto como praga da planta tal e não como inseto. Essa é uma visão totalmente deformada.
Examinando as deficiências desse modelo americano, o senhor não acha que ele foi, no balanço geral, prejudicial à universidade?
Defendo o modelo americano, só que ele deveria ter sido implantado por completo. Da forma como ficou, acabou gerando um sistema híbrido americano-francês. E o corporativismo se fortaleceu. A departamentalização, na maioria das vezes, serviu a interesses pessoais, acima de situações de ensino. Nós não lutamos pela competência; lutamos contra o apadrinhamento, contra o "filhotismo".
O senhor tem sido um divulgador incansável da taxonomia numérica no Brasil. Qual a importância dessa metodologia de trabalho e em que ela aprimora a taxonomia clássica?
Ainda utilizo fundamentalmente a taxonomia clássica. Sem ela, seria impossível esta outra. Taxonomia quer dizer métodos para fazer grupos, o que em matemática vem a ser a teoria dos conjuntos, inventada pelo francês Galois, aos 18 anos, quando ele estava na prisão. Aliás, Galois morreu aos 20 anos, em duelo, por causa de uma moça. Na taxonomia numérica, o que se faz é quantificar ou valorizar os estados em que se manifestam os caracteres das espécies estudadas. Foi a grande saída da genética. Antes se filosofava em torno de como as coisas se originaram. O dia em que se quantificou - como fez Mendel, na genética, ou Sokal, pai da taxonomia numérica — tudo mudou. Estava em Kansas como professor visitante, em 1957, época em que surgiu a taxonomia numérica. Como ouvinte, assisti às aulas de Sokal, um matemático austríaco, judeu, formado pela universidade de Pequim, que foi para Kansas como rabino e professor de biologia. Ele e o doutor Charles Michener resolveram estudar matematicamente um trabalho publicado por este último, daí originando a taxonomia numérica. Logo após a Segunda Guerra, muitos matemáticos desempregados procuravam desenvolver sua capacidade em outras ciências. A ecologia, por exemplo, passou a ser uma ecologia matemática e não apenas uma ciência construída à base de palpites e de poesia.
A taxonomia numérica, uma nova metodologia para investigação no campo das ciências naturais, ainda é pouco usada no Brasil. Nessa metodologia existe o problema da análise numérica, que se baseia em dois princípios: o da evolução — que usa os números para tentar estabelecer uma linha evolutiva — e o que estabelece números apenas para demonstrar que uma coisa é diferente de outra, sem procurar saber se uma coisa e outra têm um ancestral comum. O grande passo da biologia foi utilizar — como se faz em genética — valores numéricos para os caracteres. Se entendo que um caráter foi evolutivo — por exemplo, um indivíduo tinha quatro dedos e passou a ter três, dois e um — posso colocá-lo numa determinada seqüência numérica: O, 1, 2 e 3. De 0 a 1 é um passo; mas de 1 a 3 tenho um passo intermediário (2), que não posso pular. É assim que supomos que a natureza tenha progredido, através de sucessivos passos evolutivos. Isso foi particularmente desenvolvido por Sokal para a taxonomia genética e por Henning para a sistemática filogenética (cladística).
O senhor aumentou sua produção científica recentemente com o uso de computadores, não?
Comecei a trabalhar com computadores em 1980. Estou sempre aberto às novidades, em qualquer ramo. Os computadores me fornecem possibilidades de exame que não tinha antes. Por considerar que alguns métodos utilizados não são suficientemente claros, faço meus próprios programas. Atualmente estou desenvolvendo programas estritamente práticos, para que o estudante, mesmo desconhecendo matemática, possa trabalhar em alto nível matemático. O esforço que tenho despendido no sentido de produzir programas voltados para a taxonomia numérica é para facilitar a vida do estudante. Forneço programas de graça para os alunos copiarem. Como já disse, prefiro trabalhar com estudantes, que serão os futuros professores e pesquisadores do país. Alguns professores, vendo que seus alunos resolvem problemas mais rapidamente que eles, ficam curiosos para saber o que existe dentro dos disquetes.
E muito difícil a publicação de trabalhos especializados em sua área?
Depois de anos, consegui finalmente publicar meu Catálogo de Helictidae do Hemisfério Ocidental, pela Smithsonian Institution. Atualmente está havendo no Brasil apoio para uma série de revistas, mas, na minha opinião, ele ainda é muito tímido. A produção científica brasileira já é maior que o espaço existente nessas publicações. Os grandes museus também não têm recebido o devido apoio. O Museu de Zoologia da USP em grande parte foi atrofiado; o Museu Nacional do Rio de Janeiro, nem se fale. Tenho esperança de que o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia vá para a frente. É preciso apoiar revistas sérias, que tenham um corpo editorial formado por nomes expressivos. Se não for assim, vicejam as publicações menos sérias, que são uma vergonha para o país. Até mesmo em Ciência e Cultura, que é uma revista conceituada, são freqüentes erros de estatística nos trabalhos que veicula. É triste ver o que se tem publicado em algumas revistas de entomologia: fala-se de abelhas e mete-se no meio o nome de vespas.
E os seus catálogos?
Há o que já citei, publicado pela Smithsonian Institution. Há também um outro que a USP está prometendo editar. Ambos compreendem toda a bibliografia sobre abelhas, desde Lineu (1758) até nossos dias. Um trabalho que fiz pacientemente, lendo e anotando tudo. São aproximadamente 1.900 trabalhos originalmente publicados em revistas e livros. Minha vida inteira está nisto. Até hoje lamento a perda de um trabalho sobre a classificação de um grupo de abelhas sem ferrão distribuídas por todo o mundo, com interferências intercontinentais. Ele me foi roubado em Ribeirão Preto e apresentado oralmente em Munique. Isso foi completamente perdido.
Sabe-se que o senhor passou meses nos museus britânico e de Paris fazendo fotos de material-tipo (material constituído dos exemplares que serviram de base para a descrição de uma determinada espécie), devendo ter registrado mais de 15 mil exemplares de insetos. Hoje isso está na UFPR. Em determinadas famílias de besouros, por exemplo, a universidade deve ter quase 70% dos exemplares-tipo cobertos, podendo-se ver hoje o exemplar que Lineu usou em 1758 para descrever a espécie. Como é que foi esse trabalho?
Ao observar meus slides, o diretor da seção de entomologia do Museu de Paris disse que eu estava levando a coleção do Museu de Paris para o Brasil. Respondi que estava levando tudo o que me era possível. Gastei mil dólares para comprar uma boa máquina fotográfica. Esse dinheiro saiu da Royal Society, que havia me convidado para fazer um estudo sobre as abelhas da região tropical em Londres. Pagaram-me generosamente e, com economia, pude fazer esses gastos. Durante o dia eu fotografava de 300 a 350 exemplares marcados com um número dentro do slide. À noite, com o material já revelado, passava todas as notas feitas durante o dia para cada um deles. Esse material está sendo aproveitado por pesquisadores dos museus brasileiros e é fundamental para quem trabalha com sistemática.
Esse tipo de levantamento e classificação é feito no Brasil?
Estive na Austrália em 1972 a convite da Academia de Ciências e lá visitei a National Collection, que engloba todos os animais da fauna australiana. A coleção inclui exemplares das espécies descritas na Europa, identificados por comparação com o tipo por especialistas australianos. Jamais fizemos algo semelhante no Brasil, à exceção das iniciativas individuais. Não temos uma coleção nacional, sequer uma lista dos animais do país já descritos. No XVI Congresso Brasileiro de Zoologia, realizado em janeiro deste ano em João Pessoa, propus que ao menos se fizesse uma listagem com a bibliografia fundamental dos animais brasileiros descritos. Pessoas de fora conhecem nossa fauna melhor de que nós mesmos. E o que é pior: ela está sendo extinta pelos desmatamentos e não há coletas sistemáticas.
Houve uma ocasião em que o senhor pensou em ficar definitivamente nos Estados Unidos. Como foi isso?
Quando voltei da Europa, em 1958, minha alma caiu aos pés: o Museu Paranaense havia sido desligado da universidade. Com isso, perdi minha biblioteca, minhas coleções, todos os meus instrumentos de trabalho. Tive dificuldades com empréstimos de livros que eu mesmo havia comprado. Era também muito complicado nessa época obter equipamentos. Diante da impossibilidade de ver as coisas se reestruturarem, fiquei tão desesperado que voltei aos Estados Unidos em 1959. Fui para Berkeley, onde tinha amigos. Eles haviam me convidado para trabalhar na Universidade da Califórnia com um salário mensal de 3.500 dólares. Já estava para assinar o contrato quando o doutor Harry Miller, da Fundação Rockefeller, praticamente me obrigou a voltar ao Brasil com uma simples pergunta: "O que você precisa para reconstruir o que perdeu?". Como frade que fez voto de pobreza, eu não tinha noção de dinheiro e acabei pedindo 25 mil dólares. O Miller me disse depois que, se tivesse pedido um milhão de dólares, a Fundação Rockefeller teria me dado. Com a possibilidade de reconstrução, voltei e comecei a formar um grupo de pesquisadores que hoje é um dos melhores da América do Sul na área de zoologia. Este é o melhor patrimônio que estou deixando para o Brasil. Trabalhar em prol do nosso desenvolvimento foi uma preocupação constante. Nesse sentido, conseguimos trazer ao país, por meio da Fundação Rockefeller e da Fullbright, pesquisadores de alto nível, como Michener (no período 1955-1956), Hurd (1958-1959) e Mitchell (1961-1962), dos Estados Unidos, e Sakagami (1963-1964), do Japão.
Como vê a influência de seus trabalhos no desenvolvimento da entomologia brasileira?
Os trabalhos que realizei no Brasil são bem conceituados em todas as partes do mundo. Tanto isso é verdade, que recebi do Museu Britânico um convite para ordenar sua coleção de abelhas. Museus dos Estados Unidos também têm me feito convites nesse sentido. Na Universidade de Munique, coloquei em ordem, em apenas três dias, cerca de 15 mil abelhas, a nível de gêneros, muitas a nível específico. Naquela época conseguia guardar uns quatro mil nomes de espécies de abelhas na cabeça, com data e autor.
Ao longo de minha carreira, contei com colaboração muito produtiva do doutor Charles Michener, da Universidade de Kansas. Juntos, publicamos alguns trabalhos que reformulavam totalmente alguns grupos de abelhas, como por exemplo as subfamílias Eucerinae e Exomalopsinae. Com o doutor Hurd, reformulei também, em nível mundial, em 1963, a classificação das abelhas perfuradoras de madeira (carpinteiras) do gênero Xylocopa. Preparávamos outros trabalhos, interrompidos por sua morte em 1983.
Qual a importância desse tipo de trabalho?
O trabalho de sistemática pode se refletir na ecologia. Tenho orientado trabalhos de pesquisadores que procuram saber, por exemplo, quais os polinizadores preferenciais de macieiras. Se eliminarmos a polinização das plantas, muitas deixarão de produzir sementes. Comecei a estudar os hábitos das euglossinas, por exemplo, belíssimas abelhas de língua comprida cujos machos visitam orquídeas. Iniciei esses estudos para colaborar na polinização natural, evitando-se a polinização manual da baunilha, que ocorre no México.
O conhecimento da natureza, em qualquer nível, traz benefícios para a ciência. Um conhecimento metodizado das abelhas, por exemplo, se reflete em nossa formação e no estudo da zoologia em geral. Um animal bem conhecido do ponto de vista anatômico, fisiológico, comportamental, é fonte de informação para o estudo de outros animais. O mesmo se aplica às plantas.
Não acha que a ecologia brasileira se ressente muito hoje de ciência básica?
A ecologia hoje no Brasil é um discurso quase exclusivamente político. Nossas áreas de preservação natural não são adequadamente protegidas. Quando o são, a entrada de cientistas no seu interior é extremamente dificultada. Não há um interesse genuíno em se resolver o problema da preservação de nossos ecossistemas. Muito ao contrário: tentou-se, por exemplo, resolver o problema da superpopulação marginalizada, assentando pobres na Amazônia, onde já está se criando um deserto.
Recentemente fiz um trabalho que superpunha rios e piuns (nome por que são conhecidos os borrachudos no norte do Brasil) na Amazônia. Algumas pessoas ficaram impressionadas com os resultados. Os piuns surgem inicialmente como larvas aquáticas, apresentando uma interação muito grande com o meio ambiente. Os levantamentos simultâneos das condições hidrológicas e das características gerais dos insetos (morfológicas, fisiológicas etc) são analisados numericamente. A superposição dos resultados obtidos nas análises numéricas dos dois levantamentos conduz ao mapeamento da incidência de diferentes espécies de piuns, em diferentes áreas. Não se havia imaginado até então que, ao estudar convenientemente os rios e os insetos, se poderia, ao final, dizer com certeza que na ilha de Maracá, por exemplo, se a água for assim ou assado, teremos as espécies x ou y. Isso resulta do exame matemático das coisas, dos problemas ecológicos, do ponto de vista da ciência básica. Ocorre que os pesquisadores hoje no Brasil estão de tal maneira postos de lado, que não conseguem realizar suas idéias nem formar quem dê continuidade a seus trabalhos na universidade. Eu, por exemplo, não consigo uma secretária para cuidar de detalhes burocráticos e operacionais de coisas afetas às minhas pesquisas.
Como vê os privilégios cada vez maiores de que goza a pesquisa tecnológica em nosso país, em detrimento de sua fonte, a pesquisa básica?
Nunca distingui claramente as duas coisas. Quem vai para a pesquisa aplicada tem necessariamente que ter uma base sólida. Do contrário, irá fazer pesquisa aplicada medíocre, sem ter uma visão de caráter global. A riqueza de nossa entomofauna é incrível. Pesquisas preliminares em regiões de florestas tropicais mostram que há um número impressionante de insetos desconhecidos. Aventou-se o número astronômico de mais de dez milhões de espécies para a entomofauna amazônica. Talvez ficássemos mais próximos da realidade se dividíssemos esse número por cinco. O que é conhecido e foi descrito por nossos pesquisadores não chega a um décimo dessa previsão. Continuamente encontramos espécies ainda não descritas, pois não há levantamento sistemático de nossa fauna e flora. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deveria abrir suas reservas para pesquisa e facilitar o alojamento de pesquisadores. Deveria também manter, entre seus técnicos, especialistas na coleta e preservação de espécies para estudo. No fechamento de represas hidrelétricas têm-se salvado algumas espécies, com grande alarde jornalístico. No entanto, pouco se pensa na possibilidade de um levantamento faunístico sério das áreas a serem inundadas, com o objetivo de preservar exemplares em nossos museus. Mais grave que isso são os desmatamentos e queimadas indiscriminadas com vistas à implantação de grandes projetos agropecuários e estradas, sem o devido acompanhamento científico. É por isso que quero destacar o trabalho imenso do doutor Carlos Alberto Campos Seabra e de alguns outros coletores brasileiros, que procuram fazer levantamentos por conta própria, já que nas universidades e museus não há recursos para tanto. O Carlos Alberto provou por A mais B que a entomofauna coletada no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, é maior do que a dos Estados Unidos e Canadá juntos. Durante uma viagem ao Rio, o I. Gorton Linsley, especialista em abelhas da Universidade da Califórnia, me disse: "O que você pegou de insetos aqui, em apenas uma hora, eu não pego em um ano no Estados Unidos." No entanto, estamos destruindo tudo isso, como aliás já fizemos com a Mata Atlântica, sem ao menos conservar espécies em museus. Aliás, os museus estão entre as coisas mais desprezadas pelos brasileiros. Há quem diga: "Museu é um lugar onde certos sujeitos ficam horas olhando o rabo de uma abelha." E pergunte: "Que é que você tanto olha aí nesse rabo?". Costumo responder: há tanta coisa nesse rabo...
***************************
FONTE : Canal Ciência - Ministério da Ciência e Tecnologia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário