O Sistema Cantareira está com o nível mais baixo dos últimos 10 anos.
O Sistema Cantareira precisa de 100 dias para recuperar sua reserva técnica, mas a estiagem começa em abril, antes desse prazo, de acordo com o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Em reunião na última quarta-feira (11), membros do Grupo de Eventos Extremos discutiram ações para diminuir os efeitos da crise hídrica no estado para este ano. O grupo prevê que a estiagem será mais severa em 2015.
Algumas das ações em pauta incluem a necessidade de desburocratização na aprovação de medidas emergenciais para a crise por parte dos órgãos fiscalizadores, socorro aos serviços de saneamento por parte dos governos estadual e federal, planos de comunicação e sensibilização da comunidade e armazenamento do maior volume possível de água das chuvas.
“O Sistema Cantareira não está conseguindo se recarregar com as chuvas de verão, que estão acontecendo 50% abaixo da média histórica. O sistema opera, atualmente, com 6% da capacidade da segunda cota da reserva técnica – mais conhecida como volume morto –, acumulando um saldo negativo de 25%”, diz nota do consórcio.
A equipe técnica do órgão estimou que será preciso 100 dias para recuperação de todo o volume usado da reserva técnica, caso continue no mesmo ritmo do volume de chuvas, as vazões dos afluêntes e as retiradas de água do sistema. Somente assim, segundo o consórcio, o Cantareira ficaria com saldo positivo no volume útil, que é quando a água pode de ser captada por gravidade, sem a necessidade de bombeamento.
Em 1º de abril de 2014, os reservatórios do Sistema Cantareira apresentavam 13,4% do volume útil, de acordo com dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Hoje (12), o sistema está com 6,7% de sua capacidade, utilizando a segunda cota do volume morto.
O secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, orienta que a água das chuvas sejam reservadas ao máximo. “Não podemos deixar essa água toda passar pela calha do rio e ir embora. Municípios, empresas e a comunidade devem reservar o máximo possível, seja por meio da construção de cisternas, bacias de retenção na agricultura ou pequenos reservatórios”, afirmou em nota.
A divulgação da estimativa ocorreu no mesmo dia (12) em que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou que fará obras para possibilitar o acesso à água do quarto volume morto do Sistema Cantareira, embora não pretenda usá-la no momento. “Desses 40 milhões [de metros cúbicos disponíveis], cerca de metade praticamente não precisa de obra nenhuma, é possível retirar. A outra metade [precisa de] pequenas obras de engenharia”, explicou o governador.
Alckmin lembrou que o governo está adotando medidas para minimizar os danos à população e comemorou o fato de que o nível das represas subiu nos últimos dias. “A gestão da demanda está nos possibilitando um ganho. Na quarta-feira [11] foram retirados 15,7 metros cúbicos por segundo do Cantareira e entrou 50,2 metros cúbicos por segundo. Entrou três vezes mais do que nós tiramos. Vamos levantar as represas o máximo que pudermos. É uma administração rigorosa”, declarou.
Por Camila Boehm, da Agência Brasil
Publicado no Portal EcoDebate, 13/02/2015
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