Organizações afirmam que fundos serão arrecadados para fornecer eletricidade para países mais pobres, e somente serão investidos em fontes de energia limpa; futuros financiamentos para a energia nuclear foram descartados
O Banco Mundial (BM) e as Nações Unidas (ONU) lançaram na última sexta-feira (29) um plano para arrecadar bilhões de dólares para fornecer eletricidade para nações pobres, mas ressaltaram que o foco será em fontes limpas, e nem mesmo a energia atômica receberá investimento.
O presidente do BM comentou que o banco está desenvolvendo planos de energia para 42 países que estariam prontos em junho, e que todo o dinheiro arrecadado com esses planos será investido apenas em novas fontes de energia alternativa. Juntas, as iniciativas atingiriam 361 milhões de pessoas sem acesso à eletricidade.
“Não financiamos energia nuclear”, colocou o coreano Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial. Kim e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, enfatizaram a necessidade de se criar esforços para garantir que todas as pessoas no mundo tenham acesso à eletricidade até 2030.
“A energia nuclear, de país a país, é uma questão extremamente política. O Grupo Banco Mundial não envolve na prestação de apoio à energia nuclear. Acreditamos que essa é uma conversa extremamente difícil”, disse ele.
“E como realmente não estamos nesse negócio, nosso foco é encontrar formas de trabalhar com a hidrelétrica, geotérmica, solar e eólica. Estamos realmente focando em aumentar o investimento nessas modalidades e não financiamos energia nuclear”, acrescentou.
O coreano observou que, para atingir as metas da campanha, seria necessário arrecadar entre US$ 600 bilhões e US$ 800 bilhões por ano, dobrando a eficiência energética e a participação das energias renováveis até 2030. Para se ter uma ideia, em alguns países do mundo apenas 10% da população tem acesso à eletricidade.
Até agora, a campanha já conseguiu promessas de doação de um bilhão de dólares do Fundo Internacional de Desenvolvimento da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e de US$ 500 milhões do Banco da América através do que está sendo chamado como a primeira ‘aliança verde’ do mundo. Além disso, a Noruega se comprometeu em gastar dois bilhões de Krones (o equivalente a US$ 325 milhões) até 2014 para estimular a energia renovável.
Para alguns cientistas climáticos, essa recusa em relação à energia nuclear não é exatamente uma boa notícia, já que alguns deles defendem que essa fonte, por não gerar gases do efeito estufa (GEEs), pode ajudar a combater o aquecimento global.
Para ambientalistas, contudo, a declaração do BM e da ONU é tranquilizante, pois a geração de energia nuclear envolve muitos riscos, que podem acabar em desastres como o acidente ocorrido na usina de Fukushima em 2011.
Kim enfatizou a importância do financiamento privado para a expansão da energia em países pobres como a Nigéria e a Costa do Marfim, e lembrou que esforços estavam sendo feitos para lançar um plano semelhante para Myanmar, onde o governo criou uma série de reformas nesse sentido.
O coreano informou que tem sido difícil encontrar capital para os países mais pobres, mas insistiu: “Mostraremos aos investidores que a energia sustentável é uma oportunidade que eles não podem perder.”
Junto com o lançamento do plano, o Banco Mundial e as Nações Unidas também revelaram alguns avanços no campo da energia sustentável, como a conquista do programa brasileiro ‘Luz para Todos’, que atingiu o marco de 15 milhões de beneficiários, fazendo com que agora 99% da população do país tenha acesso à eletricidade.
O lançamento do plano internacional faz parte da iniciativa Energia Sustentável para Todos (SE4ALL), que visa levar a toda a população mundial o acesso à eletricidade. “Oitenta e um países estão atualmente participando dessa iniciativa. Suas ações são complementadas pelas das companhias e associações privadas, assim como por grupos da sociedade civil. Continuaremos a trabalhar com interessados para levar energia sustentável a todos, para incentivar ações que transformam vidas”, concluiu Kandeh Yumkella, diretor executivo da SE4ALL.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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