30 de agosto de 2015
O Parque Nacional de Amboseli, no Quênia, é morada de um dos animais mais sociais do planeta: os elefantes. Eles são extremamente inteligentes, e também muito “falantes”. Usam mais de dez sons diferentes numa vida social complexa, chamados de “bramidos”.
Karen McComb, professora de comportamento animal da Universidade de Sussex, está tentando desvendar os segredos da comunicação dos elefantes. Karen criou uma experiência engenhosa com caixas de som bastante potentes. Os elefantes fazem um tipo de som conhecido como “chamada de contato”.
“Vamos usar os sons principais das chamadas de contatos que servem para dizer ‘eu estou aqui’ e ‘onde está você’?”, Karen explicou.
Algumas gravações são de elefantes conhecidos do grupo pesquisado, mas outros sons são de animais desconhecidos. Primeiro, Karen reproduz um som que eles nunca ouviram antes e eles ficam mais juntos uns dos outros.
Numa outra experiência filmada pela pesquisadora, a reação do grupo foi mais evidente. Os elefantes param para ouvir e depois se posicionam defensivamente. Quando Karen reproduz o som de elefantes que eles conhecem, a reação é bastante diferente. Eles ficam tranquilos.
Numa outra experiência filmada pela pesquisadora, a reação do grupo foi mais evidente. Os elefantes param para ouvir e depois se posicionam defensivamente. Quando Karen reproduz o som de elefantes que eles conhecem, a reação é bastante diferente. Eles ficam tranquilos.
Portanto, através dos sons, os elefantes são mesmo capazes de reconhecer os amigos e os desconhecidos. E tem mais: eles podem ter também um comportamento extraordinário e único.
“Observamos que os elefantes têm um interesse bastante raro na morte de outro elefante. Se interessam pelas carcaças e esqueletos”, conta Karen.
Karen quer descobrir mais sobre este comportamento. Ela pegou caveiras de elefantes mortos por caçadores e fez um pequeno cemitério no caminho de uma manada. Poucos animais, incluindos os chimpanzés, têm curiosidade diante da morte de um companheiro, mas só os elefantes se interessam por caveiras e ossos de sua própria espécie.
“As fêmeas se agrupam ao redor da caveira e tocam as mandíbulas. Você não veria isso com qualquer outra espécie, exceto com os seres humanos”, apontou Karen Mccomb.
E por falar em emoção e inteligência, no Centro de Primatas Yerkes, no estado da Georgia, nos Estados Unidos, os cientistas estão trabalhando com chimpanzés para descobrir até onde vai a capacidade social deles – e descobriram que o chimpanzé sabe manipular os outros. O pesquisador Frans de Waal criou a expressão “política dos chimpanzés”. Ele e sua equipe criaram um experimento para revelar como um animal de baixo escalão pode enganar um chimpanzé dominante do grupo.
“Podemos, por exemplo, esconder comida. Um chimpanzé sabe onde está, o outro não sabe onde está, e então pode-se ver o que se passa entre eles”, disse Frans de Waal.
A experiência envolve duas chimpanzés – Rita e Missy. Rita é mais dominante que Missy. As duas estão nos lugares onde costumam dormir. A cuidadora vai ao cercado do lado de fora e esconde uma banana debaixo de um tubo vermelho.
Só Missy pode olhar pela janela, e por isso ela vê a cuidadora esconder a banana. Rita, a chimpanzé dominante, sai primeiro. Se soubesse onde estava a banana, ela ia simplesmente lá pegar. Missy percebe Rita perto da comida, por isso disfarça, tenta parecer indiferente. Quando ela se afasta o suficiente, Missy vai atrás da banana. Ela consegue enganar a Rita.
Só Missy pode olhar pela janela, e por isso ela vê a cuidadora esconder a banana. Rita, a chimpanzé dominante, sai primeiro. Se soubesse onde estava a banana, ela ia simplesmente lá pegar. Missy percebe Rita perto da comida, por isso disfarça, tenta parecer indiferente. Quando ela se afasta o suficiente, Missy vai atrás da banana. Ela consegue enganar a Rita.
Frans observou este comportamento nos chimpanzés, mas é raro em outros animais. Tapear o outro revela muito sobre a mente dos animais: eles têm de ser capazes de planejar. E têm de prever que seus próprios atos vão influenciar os acontecimentos.
Nós, seres humanos, somos muito bons nisso. Mas a vida social dos chimpanzés não é feita apenas de mentiras e falsidade.
“Há uma grande desvantagem em enganar o outro, porque, se eu fizer isso com você sempre, você pode perceber e em algum momento não confiar mais em mim”, apontou Frans de Waal.
A capacidade de fazer uma amizade, comunicar-se com outros no grupo, reconhecer a si mesmo como um indivíduo, ter senso de justiça e, uma vez ou outra, enganar e mentir. É por isso que – até entre eles – a vida social tem impulsionado a evolução da espécie.
Fonte: Globo Repórter.
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