30 de agosto de 2015
Por Vanessa Serrao (da Redação da ANDA)
Durante horas, o pesquisador Hermann Meuter lidou com uma orca fêmea presa entre as rochas ao longo da costa norte da Columbia Britânica, no Canadá, conversando suavemente com ela enquanto a equipe de resgate a mantinha fresca e molhada aguardando a maré retornar.
“Era só eu e a baleia nas primeiras horas, me senti bem em apenas conversar um pouquinho com ela e ser capaz de confortá-la”, afirmou Meuter.
Ele lembrou que durante o incidente, que durou oito horas, a notícia de que a baleia estava encalhada se espalhou e atraiu cerca de 15 moradores de Hartley Bay.
Não há fisicamente um meio de mover um animal de 4 a 5 toneladas, então os voluntários consultaram especialistas por telefone e usaram o bom senso. Eles reduziram o número de pessoas próximas à baleia para evitar estressá-la. E colocaram sobre ela um cobertor com água do mar para mantê-la fresca.
“Sempre que ela estava chorando pela sua família, eu dizia que tudo ia acabar bem, eu estava tentando confortá-la”, disse Meuter, que passou cerca de 15 anos na área estudando as baleias com sua parceira Janie Wray, co-fundadora do Cetacealab, uma organização sem fins lucrativos, dedicada a manter o equilíbrio do meio ambiente para a sobrevivência destes majestosos animais.
Bettina Saier, vice -presidente da World Wildlife Fund-Canada, estava na área: “nós estávamos assistindo de um bote perto da orca encalhada. Foi desesperador ouvir a vocalização dela – a baleia vocalizava pedidos de socorro e é uma experiência comovente”.
Marven Robinson, um membro da Banda Hartley Bay, ouviu pelo rádio sobre a situação e foi com mais seis pessoas até o local. Ele disse que já havia se aproximado de orcas no seu barco, mas não tão perto quanto naquele incidente. Marven apenas pôde olhar a baleia por cima das rochas e assistir o vídeo do resgate. Ele afirmou que realmente parecia que o animal suspirou de alívio quando colocaram os cobertores molhados sobre ela: “sabe quando você está morrendo de sede e toma o primeiro gole de água?! Foi assim que a baleia gemeu aliviada.”
Enquanto isso, dezenas de focas na área ao redor do predador estressado vocalizaram um som como se estivessem rindo. Robinson disse até aquele dia que jamais havia ouvido uma foca vocalizar
Da sua casa em Gil Island, Meuter lembrou a luta para carregar água na maré baixa:“foram oito horas carregando água e pondo sobre a baleia. Na maior parte do tempo, os olhos dela se mantiveram fechados”. Quando eles estavam abertos ele disse que olhou dentro deles: “Você vê profundidade. Você vê inteligência. Você vê emoção.”
Ele não estava preocupado com sua própria segurança, pois a baleia não poderia se mover sem se machucar e ele acrescentou: “eu acho que em poucos minutos ela percebeu que estávamos lá para salvá-la”.
Quando questionado sobre o quê aprendeu com a experiência, Meuter concluiu que quando a orca estava flutuando e pronta para se mover: “Ela não estava se apressando para sair da rocha. Ela estava realmente negociando por qual caminho ela deveria ir. Ela voltou por um momento, daí ela tentou ir pelos lados. Tudo muito calma e lentamente”.
Após 45 minutos o animal seguiu seu caminho deixando Meuter, que já havia ajudado um golfinho encalhado numa praia, com a esperança que ele não venha a passar novamente por isso, pois é uma experiência muito dolorosa para o animal.
Ele acredita que a orca faz parte de um grupo visto anualmente na região e rastreado pelos pesquisadores. Ele espera que a baleia tenha se unido à sua família, esteja bem e possa levar uma vida normal partir de agora.
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