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domingo, 27 de março de 2016

Cientista do Inpe alerta sobre as consequências das mudanças climáticas

Neve no Texas
Neve no Texas
Por Júlio Ottoboni*
As mudanças climáticas surgiram com uma violência somente projetada para 2030, segundo as projeções dos cientistas dos protocolos climáticos. Esse verão, com a adição da anomalia El Niño, deverá ser mais quente e potencializar grandes tempestades, formação de furacões e tornados e grandes ondas de calor.
São grandes também as possibilidades de 2016 se tornar o ano mais quente de todos os registros já feitos por pesquisadores em 165 anos de tomadas de temperaturas. A possibilidade de prejuízos bilionários por ação de tempestades, tornados e ondas de calor é imensa, principalmente em regiões do Brasil altamente adensadas e com economia de base industrial.
O ano de 2015 se encerra como o mais quente da história dos registros térmicos da Terra, superando 2014, que vem de uma sucessão crescente de anos com médias térmicas recordes, desde o início das medições em 1850.
O Natal em Nova York, geralmente uma época de neve e termômetros abaixo de zero, teve sua temperatura na casa dos 25 graus centígrados e chegou a desabrochar as flores sazonais como se fosse primavera. Temperatura aumenta 2,5 vezes mais rápida na Rússia, uma das nações que lideram o ranking dos grandes poluidores mundiais. A média foi de 0,42 graus por década, contra 0,17 grau para o restante do planeta.
Os quadros de extremos climáticos estão ocorrendo em todos cantos da Terra. No dia do Natal de 2015, choveu em Campinas (SP) o esperado para 20 dias em apenas 1h40, segundo a Defesa Civil do Estado. Na mesma semana, uma série de tornados na região de Dallas matou 11 pessoas e destruiu cidades inteiras. Enquanto o estado do Texas ficava sob quase dois metros de neve em regiões onde não ocorre habitualmente o fenômeno.
O registro de tornados no Brasil, embora com menos intensidade que nos Estados Unidos, também já é um recorde em 2015. A situação é extremamente preocupante no corredor de tempestades e tornados da América do Sul formado por São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, também incluindo o Paraguai e o Mato Grosso do Sul.
Tornado no Texas
Tornado no Texas
Aquecimento global acelerado provoca aumento de catástrofes naturais, isso é fato comprovado cientificamente e inserido no discurso dos estudiosos do clima há mais de duas décadas e meia. Agora o mundo científico tem encarado os transtornos dos extremos climáticos como uma situação de guerra entre os transtornos provocados pelo homem  e a reação na natureza planetária.
Um dos mais proeminentes e respeitados cientistas da Terra do Brasil e no mundo, Antonio Donato Nobre, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos, tem motivos de sobra para estar muito preocupado com o cenário que se desenha.
“Temos muitas indicações de que o sistema climático esteja progredindo para uma fase exponencial de mudança. Ou seja, as coisas acontecem com velocidade geometricamente maior em sucessão. Tanto é que os modelos climáticos feitos principalmente com observações do passado previram agravamento dos fenômenos, mas não previram essa aceleração de efeitos”, explicou.
Há hoje uma pressão muito grande sobre o meio científico por uma precisão maior em suas previsões, tanto no campo meteorológico, como climatológico. Para explicar isso, Nobre faz uma correlação com o fato das pessoas contratarem seguros de seus bens, como carro, casa etc. Embora sem haver qualquer certeza sobre a probabilidade de sinistro.
“Não me parece nem justo, tampouco sábio, exigir da ciência uma certeza final sobre questões imensamente mais complexas do que a chance de bater o carro. Precisamos agir com o risco percebido já, de imediato, sem mais delongas, porque lhe digo: na analogia imaginária que fiz, nenhuma seguradora, mesmo com as informações que temos estampadas nos noticiários sobre desastres, veria chance de ter lucro segurando para mudanças climáticas”, destacou.
Para o cientista Nobre, o risco é altíssimo. “Portanto, precisamos nós mesmos, cada ser humano na Terra, fazer seu seguro, pessoal e coletivo, através de ações estampadas em suas cidades e mesmo nas redes sociais, por centenas de iniciativas iluminadas e propositivas”. (#Envolverde)
Júlio Ottoboni é jornalista diplomado, pós graduado em jornalismo científico. Tem 30 anos de profissão, atuou na AE, Estadão, GZM, JB entre outros veículos. Tem diversos cursos na área de meio ambiente, tema ao qual se dedica atualmente. 

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