03 de maio de 2015
A Associação de Mordomos das Festas Tradicionais da Ilha Terceira publicou um livro que resume os motivos pelos quais, em sua opinião, as touradas à corda devem ser elevadas a Património da Humanidade da UNESCO.
“[A tourada à corda da Terceira] tem um conjunto de características de antiguidade, de originalidade e de actualidade que, de acordo com os critérios da UNESCO, merece ser classificada como património da Humanidade: o ecossistema, a natureza, o interior da ilha, o próprio gado bravo, que tem um património genético muito antigo, as festas do culto do Espírito Santo antiquíssimas”, frisou Arnaldo Ourique, membro da associação e autor do livro.
“A Terra e o Gado, a Corda e as Gentes” é o título da obra, apresentada nesta quarta-feira em conferência de imprensa em Angra do Heroísmo, e que o seu autor assume como um “ensaio interpretativo” da tourada à corda da ilha Terceira, “para efeitos de construção de uma ideia projecto para a elevar a Património da Humanidade”.
Segundo Arnaldo Ourique, o livro, preparado ao longo dos últimos dois anos, é apenas um resumo da tradição.
“É preciso não esquecer que, em metade de um ano civil, nós fazemos quase 300 touradas à corda”, frisou.
A origem da tourada à corda, ligada às festas do Espírito Santo, é de 1217, tendo sido introduzida na ilha Terceiro logo no início do povoamento, a partir de 1453, de acordo com o autor do livro.
Apesar de a tradição permanecer “viva e profundamente enraizada”, Arnaldo Ourique considera que é importante garantir a sua preservação, através do reconhecimento da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
“É necessário olharmos para isso com outra responsabilidade para não se perder aquilo que nós temos há mais de 500 anos, designadamente a própria forma das festas se organizarem”, salientou.
A associação vai agora entregar o livro à UNESCO, em Angra do Heroísmo, Lisboa e Paris, mas também ao Governo Regional dos Açores e ao Governo da República.
“A fase subsequente é que a Região Autónoma dos Açores, a UNESCO em Portugal e a UNESCO Internacional acolham esse projecto e que o abracem. Esperemos que o projecto tenha qualidade para os convencer a ver que estão perante uma realidade que é imensamente íntima dos terceirenses e que é necessário preservar, que é necessário valorizar e são eles que têm essa responsabilidade institucional para esse efeito”, salientou.
As touradas à corda já foram classificadas em todas as juntas de freguesia da ilha Terceira, por isso, a associação espera agora um reconhecimento “regional”.
“A Região Autónoma dos Açores tem agora pelo menos o dever de olhar para isto e se vir que isto tem valor para esse efeito, ela própria tem de fazer esse reconhecimento objectivamente”, defendeu Arnaldo Ourique.
O representante da associação considerou ainda que há condições para que este processo avance rapidamente.
“A nossa esperança é que a Região Autónoma dos Açores faça um casamento perfeito com os serviços portugueses da UNESCO e que isto seja já aprovado este ano. Também temos consciência que isto pode ser difícil”, adiantou.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: Público
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