Por Lúcia Müzell, da RFI
Organismos internacionais como a ONU ou o Banco Mundial têm ressaltado a importância de se chegar um nível zero de emissões de gases de efeito estufa até 2100. O objetivo, alertam os especialistas, seria fundamental para limitar o aumento da temperatura do planeta a menos de 2°C, devido às mudanças climáticas.
A meta parece inatingível, mas pode ser alcançada graças à transição energética e tecnológica rumo a práticas mais limpas, um processo que deve começar desde agora. Em um relatório intitulado “Descarbonizando o desenvolvimento”, o Banco Mundial afirma que a meta de zero emissões “é possível” e “já se sabe como cumpri-la”.
A meta parece inatingível, mas pode ser alcançada graças à transição energética e tecnológica rumo a práticas mais limpas, um processo que deve começar desde agora. Em um relatório intitulado “Descarbonizando o desenvolvimento”, o Banco Mundial afirma que a meta de zero emissões “é possível” e “já se sabe como cumpri-la”.
O mercado de carbono é uma das ferramentas para controlar as emissões, porém é insuficiente. O principal impulso viria do setor energético: a dependência dos combustíveis fósseis teria de cair no mínimo 70%.
Até agora, os países que mais se empenharam em aumentar a parcela de energias renováveis só conseguiram substituir em no máximo 30% o uso das fósseis. “Nesse mundo de emissões zero, a gente não emitiria emissões líquidas. Encontraremos formas de capturar o carbono que emitimos: teríamos sequestro de carbono, seja pelas florestas ou até pela introdução do gás carbônico para dentro da terra, de maneira geológica”, explica Ronaldo Seroa da Motta, especialista em economia ambiental do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e professor da Uerj. “De qualquer maneira, nenhuma trajetória nesse sentido será viável sem uma redução muito drástica do nível de emissões das energias fósseis, como carvão e petróleo. Esse é o grande problema.”
Mudança custosa
A colaboração deverá vir de todas as camadas da sociedade – a queda do consumo de energia deve ser generalizada, em especial nos grandes setores da atividade econômica, como transportes, indústrias e a construção. É por medo dos prejuízos econômicos nesta primeira etapa do processo que muitos países, inclusive os mais poluidores, relutam em adotar as mudanças – o que explica a rejeição política das propostas por governos como o americano.
“Você teria um esforço bastante significativo, do ponto de vista tecnológico para poder chegar a essa emissão. É justamente aí que está toda a dificuldade, porque essa transição é dolorosa a curto prazo”, afirma. “Há mudanças muito grandes a serem feitas na estrutura da economia, em que alguns setores vão perder muito e outros vão ganhar.”
Brasil no bom caminho
O especialista observa que o cenário no Brasil é positivo – o país tem registrado sucessivas quedas das emissões de gases de efeito estufa graças à diminuição do desmatamento. No entanto, a emissão zero ainda é uma meta distante, principalmente devido a modificações a serem aplicadas na agricultura.
“Como o Brasil se baseou muito na redução no desmatamento, ele não teve um esforço muito grande em redução na parte energética – pelo contrário, teve um aumento das emissões nesse setor. A mesma coisa é na agricultura, ou seja, ainda temos deficiências tecnológicas”, ressalta o professor.
A Conferência do Clima de Paris (COP-21), em dezembro, será um momento-chave para os países apresentarem seus compromissos de redução de emissões de 2020 a 2030. Motta avalia que, mais do que o horizonte de 2100, o mundo deveria focar as atenções nos objetivos nos próximos 15 anos. “A gente não vai chegar a zero em 2100 se não cumprir algumas fases anteriores”, destaca.
Segundo o relatório do Banco Mundial, a adaptação para uma economia de baixo carbono custará 50% a mais se os países só começarem a se preocupar com a questão em 2030.
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