Na Antiguidade, muitos acreditavam que o mundo era composto por terra, ar, água e fogo. Ainda que a ciência tenha se encarregado de sepultar a ideia, dois “elementos” criaram catástrofes. Na Rússia, conhecida pelo inverno inclemente, a mata arde. No Paquistão, inundações cobrem cidades.– Meu pai ainda está isolado na casa dele. Meu vilarejo inteiro foi inundado. Eu não sei o que fazer.
O testemunho do operário Abid Hussain, de uma localidade em Punjab, dá a dimensão da tragédia no Paquistão, onde chuvas torrenciais e inundações já mataram pelo menos 1,5 mil pessoas e forçaram a retirada de centenas de milhares de casa. Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), 4,2 milhões de paquistaneses foram atingidos pela catástrofe das águas.
– Os números que temos agora são estimativas, porque muitas áreas afetadas continuam inacessíveis – afirmou Manuel Bessler, chefe do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU no país.
Ontem, as autoridades começaram a evacuar meio milhão de pessoas que vivem ao longo do Rio Indo, no sul do Paquistão, região também ameaçada pelas enchentes. Para agravar a situação, em um país já conturbado pela insurgência de fundamentalistas islâmicos e por frequentes conflitos religiosos, o governo está sendo acusado de omissão. Em meio à crise, o presidente Asif Ali Zardari vai para a Europa em visita oficial, gerando críticas ferozes da oposição.
Também ontem, um ônibus caiu em um rio que transbordou na parte paquistanesa da Cachemira, provocando a morte de 20 pessoas. Outras 20 estão desaparecidas nas águas. Oito passageiros feridos foram resgatados, segundo o funcionário público Chaudhry Imtiaz.
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Em meio a uma onda de calor que deve se prolongar pelo menos até o fim de semana, subiu para 50 o número de mortos nos incêndios que devastam grandes áreas de florestas na Rússia e já destruíram cerca de 2 mil residências. A área total em chamas – favorecidas pelo tempo extremamente seco – aumentou ontem para 196 mil hectares, cerca de 7 mil hectares a mais do que no dia anterior. Conforme o Ministério de Situações Emergenciais da Rússia, surgiram 373 novos focos de incêndios, enquanto outros 254 foram apagados. O saldo: 589 incêndios ainda ativos.
– A situação na Rússia, particularmente nas regiões do Volga e Central, continua complicada – disse o chefe da unidade de crise do ministério, Vladimir Stepanov.
Devido à situação, o governo da Rússia anunciou ontem que proibirá as exportações de grãos a partir de 15 de agosto.
A decisão se deve à quebra de produção por conta do clima e da alta dos preços internos. Na quarta-feira, o presidente russo, Dmitry Medvedev, afastou oficiais de unidades militares destruídas pelos fortes incêndios e determinou que o Conselho de Segurança tome medidas para proteger as instalações estratégicas do país, especialmente as nucleares.
Na Capital, Moscou, a temperatura deve alcançar hoje 40ºC, quase o dobro da média para a estação na região. A nuvem de fumaça que encobriu a cidade dificultou o trânsito, mas já começava a se dissipar ontem.
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FONTE : ISLAMABAD/MOSCOU (Diário Catarinense, edição de 6/agosto/2010).
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